As escolas particulares de Salvador devem aumentar suas mensalidades entre 10% e 15% no ano que vem. É o que aponta levantamento feito pela reportagem do CORREIO que ouviu 45 escolas da cidade, das quais 15 delas responderam à reportagem tanto o possível intervalo do reajuste quanto o valor da mensalidade atual (ver tabela abaixo).Os estabelecimentos não negam que as despesas operacionais serão ainda maiores. Elas alegam que a inflação alta, encostando nos 10%, aumento na conta de luz e reajuste na folha de pagamento dos professores - que ficou em torno de 8% - são os itens que mais pesam nas planilhas de custos que devem ser fechadas até o início de novembro. No melhor cenário, parte do custo pode ser assumida pelas escolas, que também vão ofertar promoções para segurar alunos. Na pior das projeções, todo o aumento de custos será repassado aos pais. Nas duas situações, vai ser preciso negociar e buscar alternativas – tanto por parte das escolas, como também dos responsáveis financeiros pelo aluno, como afirma o gerente administrativo da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), Sebastião Garcia. “Para evitar perda dos dois lados, a escola vai ter que ver caso a caso e se aproximar ainda mais dos pais”, argumenta. Colégios como o Dois de Julho, já começaram a sentir os impactos da crise neste ano. O índice de inadimplência acumula um crescimento de 20% segundo a direção do estabelecimento. A situação levou a escola a fazer um levantamento, que constatou que pelo menos 15% das famílias com filhos matriculados no colégio ficaram desempregadas ou perderam uma fonte de renda essencial. “A escola tem consciência que nesse momento de dificuldade não adianta imprimir um aumento que os pais não vão conseguir honrar”, ressalta o diretor-geral da instituição, Marcos Portela. O departamento financeiro do Dois de Julho estima que as despesas com custos operacionais já somam um acréscimo de 17%. Soluções Por conta disso, a escola não descarta a ideia de fazer uma Campanha de Adimplência na antecipação da matrícula. “Estamos também planejando oferecer facilidades para os pais que precisam regularizar as mensalidades, além de estudar a implantação de um financiamento estudantil”, adianta Portela. A diretora pedagógica do Colégio Oficina, Márcia Kállid, também diz que a escola está em busca de alternativas para reverter o quadro. “A crise é real. A direção financeira do nosso colégio está fazendo este levantamento e buscando soluções”, ressalta. Cortes A fotógrafa Nazaré Araújo já calcula os cortes que terá que fazer para manter o filho Pedro Henrique na mesma escola. Aluno desde o 5º ano do Colégio Pirâmide, a mãe deve usar isso a seu favor na hora de barganhar descontos na matrícula do filho, que deverá cursar o 1º ano do ensino médio. “Com a crise e a inflação esse baque vai ser maior. Vou ter que correr atrás deste desconto”. Procurado pelo CORREIO, o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia (Sinep) não foi encontrado para comentar as previsões de reajuste a ser praticado pelas escolas baianas, que no ano passado ficou entre 7% a 10%. Alguns direitos dos pais de aluno - A matrícula deve fazer parte do valor integral da anuidade, não podendo constituir uma parcela a mais, como uma 13ª mensalidade. Qualquer valor cobrado antecipadamente deve ser deduzido no momento da matrícula. - O contrato deve ser disponibilizado pelo menos 45 dias antes de terminado o prazo para matrícula. - É proibida a suspensão de provas escolares, a retenção de documentos escolares ou a aplicação de quaisquer outras penalidades pedagógicas por motivo de inadimplência. No entanto, as escolas podem recusar a renovação de matrícula do aluno inadimplente para o ano seguinte. - As escolas não podem cobrar pela expedição de históricos escolares, declarações de conclusão, diplomas ou certificados de conclusão de cursos. - Sobre a taxa de material escolar, a cobrança do valor é permitida. No entanto, o pagamento da taxa não deve ser obrigatório, mas opcional. Exceto se os itens solicitados não forem encontrados em outros locais, como é o caso de apostilas e material pedagógico específicos da escola. A escola é proibida de pedir qualquer material que seja de uso coletivo como copo descartável, papel higiênico, marcador para quadro branco dentre outros itens. * Colaborou Naiana Ribeiro e integrantes do programa Correio do Futuro Adônis Matos e Simone Melo
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