O presidente da França, François Hollande, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, conclamaram os negociadores internacionais a buscarem um acordo que seja "ambicioso, global e obrigatório"
Foto: Elysée / Presidência da República Francesa/ Fotos Públicas
Marcada para os dias 30 de novembro a 11 de dezembro, em Paris, a 21ª Conferência do Clima (COP21) das Nações Unidas tem a missão de chegar a um acordo global capaz de substituir o Protocolo de Kyoto, por meio da limitação das emissões dos gases de efeito estufa, causadores das mudanças climáticas e do aquecimento global.
Ocorre que, a pouco mais de seis meses do início da cúpula, apenas 37 países (de um total de 196) apresentaram suas "contribuições nacionais" para reduzir emissões de gases de efeito estufa. A advertência para o risco de fracasso foi lançada há duas semanas pelo presidente da França, François Hollande, em encontro de negociadores em Berlim.
Os organizadores da conferência esperavam que os negociadores nacionais apresentassem os documentos até 31 de março. "Nós temos até aqui as contribuições de apenas 37 países", alertou em maio o presidente francês - o prazo limite é 30 de outubro. "É preciso que tenhamos nessa conferência uma soma de engajamentos. Entender-se entre 196 [países] é quase um milagre", reforçou.
O rumo das negociações depende desses documentos, reforçou Hollande, ao lembrar do objetivo de limitar o aumento da temperatura média da Terra em 2ºC em relação à era pré-industrial. "Tudo deve ser preparado antes do evento de Paris", advertiu.
O presidente da França e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, conclamaram os negociadores internacionais a buscarem um acordo que seja "ambicioso, global e obrigatório".
Posição brasileira
O documento com as contribuições brasileiras está entre os que ainda não foram apresentados, embora seja muito aguardado. O País está entre os cinco maiores emissores mundiais de gases-estufa, principalmente devido ao desmatamento da Amazônia. Além disso, apesar da atual recessão, foi uma das nações que mais se desenvolveram economicamente nos últimos anos.
"Nós continuamos esperando com grande interesse pela proposta brasileira", revelou uma diplomata envolvida nas negociações em uma reunião com jornalistas realizada há cerca de dois meses em Paris.
Documentos dos países sinalizam metas de redução das emissões dos gases de efeito estufa
Foto: Sisema/Fotos Públicas
Otimismo
O governo do Brasil vê com otimismo as chances de um acordo climático na COP21. Em entrevista concedida em maio ao Estadão, o secretário nacional de Mudanças Climáticas, Carlos Klink, ponderou que Hollande "está no seu papel, de fazer pressão", mas que as reuniões bilaterais realizadas junto aos demais países passam-lhes a convicção de que há, claramente, um compromisso dos países em suas preparações.
"Não estamos postergando, mas construindo a melhor contribuição possível com os atores nacionais. Isso vai afetar a vida de todos os atores", justificou Klink.
Grandes obstáculos
Entre os países que já apresentaram seus compromissos voluntários de redução das emissões estão os membros da União Europeia, os Estados Unidos - que propõem reduzir até 2025 suas emissões em 26% em relação a 2005 - e emergentes como a Rússia e o México.
Além das metas e dos compromissos nacionais, dois grandes (e já conhecidos) obstáculos ainda seguem em aberto nas discussões para a COP21: o financiamento, ou quem vai arcar com o maior custo do combate mitigação às mudanças climáticas, e a amplitude do engajamento dos países emergentes, como o Brasil.
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