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Câmara de Caxias do Sul aceita pedido de cassação de vereador que fez discurso xenofóbico contra baianos

Fala do vereador era sobre aos 200 homens encontrados em situação semelhante à escravidão em um alojamento de Bento Gonçalves

Redação iBahia • 02/03/2023 às 15:54

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A Câmara de Vereadores de Caxias do Sul aceitou por unanimidade os pedidos de cassação do vereador Sandro Fantinel em sessão ordinária realizada nesta quinta-feira (2). Com isso, foi criada uma comissão parlamentar processante para avaliar a cassação. O grupo tem 90 dias para a decisão. O vereador já foi expulso do partido Patriota, do qual fazia parte.

Na terça-feira (28), em discurso na Câmara de Vereadores da cidade do Rio Grande do Sul, ele pediu que os produtores da região "não contratem mais aquela gente lá de cima", se referindo a trabalhadores vindos da Bahia.

A maioria dos trabalhadores contratados para a colheita da uva veio do estado nordestino. A fala do vereador era sobre aos 200 homens encontrados em situação semelhante à escravidão em um alojamento de Bento Gonçalves, na Serra gaúcha.

Além da expulsão do partido e de uma possível cassação, um boletim de ocorrência foi aberto contra ele pelo deputado estadual Leonel Radde (PT) na terça (28). O Ministério Público do Trabalho (MPT) do RS também anunciou que investigará o parlamentar por apologia ao trabalho escravo.

Discurso xenofóbico

No discurso, Sandro Fantinel culpa os empregados pelas condições em que foram encontrados. “Um agricultor me ligou e pediu para eu ver um alojamento onde ficam os trabalhadores temporários e não dava para entrar do fedor de urina, da imundície que eles deixaram em uma semana. E a culpa é de quem? O patrão vai ter que pagar o empregado para fazer limpeza para os bonitos? Temos que botar eles em um hotel cinco estrelas para não termos problema com o Ministério do Trabalho?”, questionou, antes de citar os baianos.

Em seguida, o vereador falou para as empresas agrícolas e aos agricultores não contratarem trabalhadores baianos. “Não contratem mais aquela gente lá de cima. Contratem argentinos. São limpos, trabalhadores, corretos e quando vão embora ainda agradecem pelo trabalho.”

Em sessão gravada, o vereador continua: “Nunca tivemos problema com um grupo de argentinos. Agora com os baianos, que a única cultura que eles tem é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema. E que isso sirva de lição. Que vocês deixem de lado esse povo que está acostumado com Carnaval e festa.”, continua.

“Se estava tão ruim a escravidão, porque eles não quiseram deixar a empresa? Vamos abrir o olho quando eles falam em ‘trabalho análogo a escravidão'”, finaliza.

Relembre o caso

Cerca de 200 homens, que viviam em condições análogas à escravidão, foram resgatados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Bento Gonçalves, na Serra do Rio Grande do Sul. Segundo informações da corporação, a localização das vítimas foi feita na noite de quarta-feira (22).

Inicialmente, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) informou que eram 150 pessoas. No entatnto, o número foi atualizado no fim da tarde da quinta-feira (23) pelo g1 Rio do Rio Grande do Sul. No momento, os homens estão alojados temporariamente no ginásio Darcy Pozza.

Tudo começou quando 3 trabalhadores fugiram do alojamento em que eram mantidos e buscaram ajuda policial em Caxias do Sul. Eles contaram que vieram da Bahia para trabalhar na colheita da uva com promessa de salários superiores a R$ 3 mil, além de acomodação e alimentação. Porém, nada foi cumprido.

Na prática, os trabalhadores relataram atrasos nos pagamentos dos salários, violência física, longas jornadas de trabalho e oferta de alimentos estragados. Em entrevista à RBS TV, um dos homens detalhou as condições em que ele e os colegas viviam na acomodação oferecida pelos empregadores e a relação com a empresa responsável pela contratação.

“Todos os dias, a gente amanhece com o pensamento de ir para casa. Mas não tem como a pessoa ir para casa, porque eles prendem a gente de uma forma que ou a gente fica ou, se não quiser ficar, vai morrer. Se a gente quiser sair, quebrar o contrato, sai sem direito a nada, nem os dias trabalhados, sem passagem, sem nada. Então, a gente é forçado a ficar”, contou.

As vítimas apontarm ainda casos de coação para permanência no local, sob a pena de pagamento de uma multa por quebra do contrato de trabalho. E casos de violência com choque elétrico e spray de pimenta.

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