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Gerentes bancários entram na mira de bandidos

Em cerca de 20% dos assaltos a banco os bandidos tomaram funcionários como reféns, antes ou depois da ação criminosa

• 27/04/2012 às 9:44 • Atualizada em 01/09/2022 às 16:14 - há XX semanas

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É obrigatório usar roupa social, sempre sorrir e atender bem o cliente. É necessário conhecimentos avançados na área econômica. Nas suas mãos, por dia, passa muito dinheiro. Profissão: gerente de banco, com dedicação de 40 horas semanais. Mas, para ganhar salários que variam entre R$ 3 e 4 mil, a vida dos gerentes e de suas famílias fica em risco constante. Anteontem, o bancário R.R., gerente do banco Itaú da avenida Manoel Dias da Silva, na Pituba, teve sobrinha e filha sequestradas e foi obrigado a entregar R$ 280 mil da agência para que as garotas fossem liberadas pelos bandidos. Depois das situações de violência, o reflexo na vida dos funcionários é imediado. Ontem, o gerente do Itaú que foi vítima da extorsão mediante sequestro pediu licença. Dos 76 ataques a bancos ou terminais eletrônicos registrados na Bahia este ano, em 15 casos (cerca de 20%) os bandidos tomaram funcionários como reféns, antes ou depois da ação criminosa.
O secretário geral da Federação dos Bancários dos Estados da Bahia e Sergipe (FEEB), Ermelino Neto, afirma que após assaltos e sequestros, muitos funcionários entram em pânico e precisam ser afastados das suas funções. TensãoA vida dos gerentes de bancos é uma eterna tensão. Os bancos não assumem, mas chegam a pagar segurança privada para os gerentes em algumas cidades consideradas mais perigosas. Ex-gerente de uma agência do Banco do Brasil em Paulo Afonso, um bancário, que prefere não se identificar, conta que no período em que trabalhava na cidade andava com seguranças armados, o que assustava sua família. “Era uma tensão constante com a possibilidade de ocorrer um assalto ao banco da cidade. Mexer com dinheiro é perigoso e nos últimos anos isso ficou mais perigoso ainda”, diz o bancário, que pediu transferência para outro estado. Na época, por questões de segurança, as filhas dele sequer podiam dizer na escola que o pai era gerente do banco. “Já vi colega amarrado dentro de casa, com explosivos. Já vi gerente de banco ter que se aposentar por invalidez em função de problemas neurológicos”, ressalta. O gerente de uma agência da Caixa Econômica Federal (CEF) do Centro de Salvador há 15 dias sofreu um ataque depois que percebeu que estava sendo seguido. “Tinha percebido movimentações estranhas no banco durante a semana. Resolvi nesse dia sair de moto e, na Avenida Paralela, senti que estava sendo seguido pelos caras que estavam me rondando no banco. Eles vieram pra cima de mim e começaram a jogar a moto. Acelerei e me atirei com moto e tudo para dentro de um estacionamento”, conta o gerente, que já mudou de casa e pediu para ser transferido de agência. RegrasO pedido de transferência feito pelo gerente depois do ataque é apenas um dos muitos itens que constam em procedimentos e protocolos de segurança que os bancos obrigam os funcionários a cumpir. Dentre eles, por exemplo, está a orientação para que os gerentes não circulem de crachá nas áreas externas do banco, troquem o número do celular com frequência, criem rotas alternativas para se deslocar de casa para o trabalho e até mesmo mudem de roupa ao final do expediente, antes de ir embora. Para o secretário geral da FEEB, esse tipo de medida é pouco efetiva. “Os bancos fazem isso pensando na proteção do patrimônio deles e não no bem-estar do funcionário. Nenhum banco faz um acompanhamento, via câmeras, de todas as suas agências através de uma central de monitoração, por exemplo. Isso encarece para eles”, reclama Ermelino Neto.
DemissãoPor descumprirem as ‘normas’, este ano, quatro gerentes de bancos atacados já foram demitidos na Bahia, segundo dados do Sindicato dos Bancários do estado. Um dos demitidos é João Paulo Marques Cavada, que trabalhava no Itaú desde 2006 e foi sequestrado no dia 10 de fevereiro durante um assalto na agência. Depois do assalto ele tirou férias e foi demitido no retorno às atividades. Através de nota, o Itaú afirmou que “o desligamento do funcionário ocorreu de forma respeitosa. Uma análise minuciosa mostrou que orientações da instituição sobre ações preventivas, inerentes à função do ex-colaborador, não foram seguidas”. Na mesma nota, o banco destacou que a instituição atualiza e reforça os procedimentos de segurança em toda a rede constantemente a fim de preservar todos os envolvidos em suas operações. “Os bancos afirmam que é sempre falha humana, mas não investem em equipamentos que facilitem a monitoração”, indica Almir Leal, diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia. O gerente regional de gestão de pessoas do Banco do Brasil na Bahia e Sergipe, Rodrigo Guerra, indica que os funcionários do banco (todos admitidos através de concurso) recebem treinamento com instruções de segurança. Além disso, ele afirma que, após situações de violência, tanto os funcionários quanto seus familiares envolvidos recebem acompanhamento. “O banco tem ações de assistência à saúde física e psicológica, que também abrange as famílias”, diz. CEF, Bradesco e Santander foram procurados, mas não se manifestaram. Colaborou Lorena Caliman

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