Um bilhete escrito por uma passageira de um ônibus no Rio na última quinta-feira (13) livrou outra passageira de uma situação de assédio sexual. A mensagem, registrada num pedaço de folha de caderno, dizia: "Moça, mexe na sua orelha direita se esse cara ao seu lado estiver te incomodando. Meu nome é Camila e você pode fingir que me conhece". A atitude da jovem impressionou Thaíza Paula, que naquele dia seguia viagem na linha 426 (Usina-Leblon).
Num post em uma rede social, ela relatou que o homem sentado ao seu lado não parava de olhar em sua direção. Segundo Thaíza, ele "nem disfarçava" e aquilo a estava deixando incomodada.
"A vontade de levantar e sair de perto era grande. Mas o medo do próprio tentar fazer alguma coisa pra impedir era maior ainda", escreveu. "Foi quando uma passageira, sentada atrás de mim, aparentando ter mais ou menos a minha idade, me cutucou e me deu esse bilhete! Resumindo: Fingimos que nos conhecíamos de algum lugar, e logo em seguida fui para o banco de trás e sentei ao lado dela, começamos a conversar e trocamos WhatsApp".
A jovem contou que, em seguida, o homem "ficou meio sem entender nada" e desceu do ônibus. E ainda que, durante o papo com a autora do bilhete, a frase que justificava aquela ação chamou sua atenção: "O mundo já está tão ruim, e nós mulheres temos que estar mais unidas".
A publicação repercutiu nas redes sociais e conquistou 92 mil curtidas e 41 mil compartilhamentos. Thaíza disse que, apesar de saber que casos de assédio em transportes públicos sejam comuns, ela "jamais imaginou que aconteceria com ela". Por isso, afirmou que será "eternamente grata" pela ajuda.
Ela também postou um print da resposta que recebeu após seu agradecimento.
"Também não esquecerei de hoje (13/6) e estou muito contente que tenha dado tudo certo! Espero que você e nem ninguém passe por esta situação ou algo parecido. Estamos juntas. Um grande abraço", afirmou Camila.
De acordo com uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, 97% das mulheres já foram vítimas de algum tipo de assédio, incluindo olhadas insistentes e contato físico indesejado, em meios de transporte no geral, incluindo aplicativos e táxis.
O levantamento, realizado pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, em parceria com o aplicativo Uber, apontou que 41% das mulheres receberam olhares insistentes de homens em ônibus e metrôs, enquanto 11% sofreu o mesmo tipo de assédio em táxis e 10%, em transportes por aplicativos, e ainda que 35% já foram "encoxadas" dentro do transporte público e 33% receberam cantadas indesejadas.
Os dados também mostram que 22% das mulheres entrevistadas reclamaram que homens passaram a mão em seus corpos nos transportes públicos. O mesmo ocorreu com 3% das mulheres em táxis e 2% em aplicativos de transporte.
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Redação iBahia
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