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Pesquisadoras do Sul do Brasil fabricam pão com farinha de barata

Uso do inseto como alimento humano é algo esperado para os próximos anos

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Redação iBahia

02/10/2018 às 14:36 • Atualizada em 01/09/2022 às 2:12 - há XX semanas
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À primeira vista pode parecer nojento e até asqueroso, mas a motivação tem as melhores das intenções. Preocupadas com as escassez de alimentos no mundo devido à superpopulação humana, pesquisadoras da Universidade Federal do Rio Grande, no Rio Grande do Sul, criaram um pão que é fabricado com farinha de barata desidratada. Isso mesmo: as baratas são um ingrediente importante na fabricação. O experimento foi divulgado pela BBC Brasil.
Vale destacar, no entanto, que as baratas usadas para a fabricação do pão não são aquelas que causam pânico nas pessoas e circulam pelos esgotos. Os insetos usados como ingrediente são as chamadas baratas cinéreas (Nauphoeta cinérea), de origem africana, produzidas em cativeiro e próprias para o consumo humano.
A escolha da barata, dizem as pesquisadoras, é uma alternativa para substituir a principal proteína animal de consumo humano, a carne bovina, e tem cerca de 20% mais valor protéico do que a carne vermelha.
"Alguma coisa muito boa elas possuem para passarem pela evolução sem precisar se adaptar aos ambientes", afirmou a engenheira de alimentos Andressa Jantzen da Silva Lucas, uma das responsáveis pela pesquisa, ao lado da engenheira de alimentos Lauren Menegon de Oliveira.
As baratas usadas na pesquisa e na produção dos pães enfrentaram uma longa viagem. Isso porque foram compradas de um criador, certificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que mora em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. O quilo do ingrediente (as baratas) sai por R$ 200.
Por fim, na receita tradicional do pão, as pesquisadoras adicionaram 90% de farinha de trigo comum e 10% de farinha de barata desidratada.
"Com a adição de 10% da farinha de barata, o teor proteico do pão aumentou 133%", afirmou Andressa.
Para os que já torceram o nariz para a experiência, é bom ir se acostumando com as novidades que podem chegar à mesa: o uso do inseto como alimento humano é algo tão esperado para os próximos anos que a Associação Brasileira de Criadores de Insetos (Asbraci) realizará, em novembro, o primeiro congresso sobre o tema, em Minas Gerais.
Segundo a Abrasci, o Brasil detém a maior biodiversidade de espécies do planeta e tem, pelo menos, 135 tipos de insetos relatados como comestíveis (divididos em nove ordens, 23 famílias, 47 gêneros e 95 espécies).

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