Localizada no Recôncavo e a apenas 110 quilômetros de Salvador, Cachoeira se tornou uma das cidades mais badaladas do interior baiano do ponto de vista cultural. Assim, de pronto, dá pra lembrar da tradicional Festa da Boa Morte - que acontece em agosto - e da cada vez mais importante Festa Literária Internacional de Cachoeira - Flica, realizada entre o fim de outubro e começo de novembro.No meio desses dois eventos, está o CachoeiraDoc, já considerado um dos festivais mais importantes do gênero documental no país, que começa hoje e segue até domingo. Este ano, o palco será o recém-inaugurado Cine-teatro Cachoeirano. Serão exibidos 39 documentários, nas mostras Competitiva, Kékó, Resistência e Jia Zhangke, além das Sessões Especiais, oficinas, conferências e shows. A programação é gratuita.
Esta edição marca os cinco anos do CachoeiraDoc. E, nessa meia década de existência, a idealizadora Amaranta Cesar, 39 anos, destaca o maior desafio: garantir o financiamento que cubra os custos cada vez maiores do festival. “Temos contado, até aqui, com apoio da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e o apoio financeiro do Fundo de Cultura da Secretaria de Cultura da Bahia, através de editais”, afirma ela, que também coordena o evento, ao lado de Ana Rosa Marques, 38.Apesar do percalço financeiro, Amaranta comemora o sucesso junto à comunidade local. “Conquistamos o público de Cachoeira, São Felix e adjacências, que tem comparecido cada vez mais às sessões. Além disso, colaboramos para colocar a cidade num lugar de destaque no cenário cultural da Bahia”, garante. O prestígio se reflete ainda no número de filmes inscritos, “que triplicou nesses cinco anos”.Para esta edição, foram 354 inscritos só na Mostra Competitiva. “É possível observar o aparecimento de uma nova geração, especialmente sediada em Cachoeira, que tem entendido o documentário como um campo fértil de experimentação da linguagem cinematográfica”, avalia Amaranta Cesar.DescobertasEntre os novos nomes está o do baiano João Guerra, 32 anos, que apresenta no CachoeiraDoc o filme Aprender a Ler pra Ensinar Meus Camaradas (2013). No longa, o cineasta acompanha a jornada dos músicos angolanos Wyza Kendy e Dodô Miranda, que vêm a Bahia em busca de traços de ancestralidade e descobertas musicais. No percurso, eles encontram artistas como Riachão, Robero Mendes, Tiganá Santana e Mateus Aleluia, além de fazerem um grande show.“Minha proposta para o produtor, Sérgio Guerra, foi aproveitar a vinda dos dois (Wyza e Miranda) para Bahia e fazermos um documentário musical, promovendo encontros com diferentes músicos que têm no seu trabalho e na sua vida uma relação forte com a África”, relembra João, que vai competir com filmes como La Llamada (São Paulo, 2014), de Gustavo Vinagre; A Vizinhança do Tigre (Minas Gerais, 2014), de Affonso Uchoa, e Contos da Maré (Rio de Janeiro, 2013), de Douglas Soares.Um dos destaques do festival é a mostra Jia Zhangke, que traz documentários do cultuado cineasta chinês Jia Zhangke. Seus filmes retratam as transformações sociais e econômicas da história da China e, por isso, muitos não conseguem circular em seu próprio país.O documentário Cabra Marcado para Morrer (Brasil, 1984), de Eduardo Coutinho (1933-2014), abre o CachoeiraDoc, às 19h. “É um filme que marcou profundamente a história do documentário no Brasil”, afirma Amaranta. Do diretor paulistano também será exibido A Família de Elizabeth Teixeira. É uma forma de homenagear o cineasta, morto esse ano, aos 80 anos. Matéria Original: Correio 24 Horas
Documentário baiano Aprender a Ler pra Ensinar Meus Camaradas, de João Guerra, acompanha vinda de músicos angolanos à Bahia, pela primeira vez, em busca de seus ancestrais |
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