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CINEMA

Vai ao cinema? Veja a crítica do filme 'Amor por Direito'

Longa fala sobre o amor entre duas mulheres e a busca pelos direitos legais desta união

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26/04/2016 às 23:59 • Atualizada em 01/09/2022 às 13:55 - há XX semanas
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Cinemáticos Redação Cinemáticos Passamos por momentos importantes no que rege a luta por direito das minorias: embora diversos assuntos sobre o tema nasçam na internet, rapidamente transbordam para os meios tradicionais. E há todo um novo vocabulário advindo desta batalha: feminismo, empoderamento, sororidade, cis, trans,… e por aí vai.Não á toa, a quase um mês atrás, circulou pelas redes sociais um episódio da docusérie Gaycation apresentado pela atriz assumidamente gay e militante Ellen Page no Rio de Janeiro, o qual foi gentilmente legendado e mostrou a urgência de discutir o tema no Brasil. Como a luta ultrapassa o nosso país, entendo a necessidade de um filme como Amor por Direito não só pela aceitação do “diferente”, mas como uma questão de justiça. É um filme contido, porém grande na sua intenção de deixar clara a legitimidade dos direitos homoafetivos.Na trama, baseada em uma história verídica e documentada por Cynthia Wade no curta homônimo vencedor do Oscar 2007, Laurie (Julianne Moore) é uma detetive em ascensão de New Jersey; trabalhando para alçar o cargo de tenente, ela é benquista tanto pelos seu companheiros de ofício como pela alta cúpula local. Mas ela teme a repreensão – e a perda da promoção – ao assumir sua sexualidade, recorrendo a bares LGBTQ distantes. Em uma dessas saídas, ela conhece Stacie (Page), uma mulher mais nova e as duas sustentam uma relação, mesmo com o desconforto causador por Lauren ao esconder de seu círculo de convivência a real situação da companheira. Porém, Laurie é diagnosticada com uma doença terminal e em um último sinal de amor, ela deseja que Stacie receba os benefícios da pensão da polícia após a sua morte, só que as autoridades se recusam a reconhecer a relação.
Foto: Divulgação
Tanto a direção de Peter Sollett quanto o roteiro de Ron Nyswaner (Filadélfia) são corretos, leves e sem grandes ideias; chegam a lembrar Confiar (2010) que embora tenha um roteiro mais “esperto”, segue o mesmo tom professoral. As falas chegam a ser de um didatismo extremo, mas carregados de uma visão clara da atual problemática ocidental – a discussão entre os legisladores sobre o pedido de pensão apontam claramente os preconceitos levantados, como a decisão positiva que vai “contra a moral e os bons costumes religiosos da família”. Auxiliando o embate das posições está a direção de arte, que insere elementos de cores azul e vermelho, numa clara alusão às cores da bandeira americana. No mesmo exemplo do debate citado acima, o personagem Bryan Kelder (Josh Charles) destoa dos demais legisladores, apresentando uma posição favorável à pensão. E é o único da sala que usa uma gravata azul. Ao ser convencido, todos aparecem na sessão de gravata vermelha.As atuações de Page e Moore são contidas e sinceras, assim como o filme demanda; a degeneração de Laurie devido ao câncer lembra a atuação da atriz em Still Alice (2014), porém as consequências da doença por serem mais físicas demandam mais da equipe de maquiagem. O ponto fora da curva é Steven Goldstein, ativista vivido por Steve Carrell que está um tom acima das interpretações; mas a efusividade trazida não deixa o filme tornar-se um melodrama, além de tecer uma crítica sutil sobre os movimentos e a finalidade das suas articulações.O grande trunfo simbólico é o ator Michael Shannon que interpreta Dane Wells, o parceiro de Laurie. Explico: comumente, por mais que expectadores héteros tenham empatia e solidarizem-se com a situação, é impossível ter a visão exata, uma vez que vivemos em uma sociedade heteronormativa (mais uma palavra para o dicionário) e, consequentemente, não sofremos (me incluo) diariamente com o preconceito de gênero – e incremento com o contexto machista acerca do lesbianismo. O personagem de Shannon é a ponte para esse espectador por apresentar ao decorrer do filme uma desconstrução (mais uma!) expondo os medos, preconceitos, angústias e demais sentimentos que várias pessoas tem ao defender uma causa sem ter o protagonismo.Amor por Direito não é, como dito anteriormente, um grande filme. Mas reconheço a sua humildade e importância como instrumento de aprendizado. É um filme que prevejo, futuramente, sua utilização em salas de aula. E ajudar na conscientização de várias pessoas creio que seja seu maior prêmio.

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