A elevação na taxa de desemprego no país, que registrou o maior aumento dos últimos dois anos no primeiro trimestre deste ano, alcançando 7,9%, não atingiu os estudantes que pretendem ingressar no mercado de trabalho através de estágios. Os órgãos de intermediação de estágio registraram um aumento no número de oportunidades no primeiro trimestre deste ano comparado com os três primeiros meses de 2014.
Segundo dados de dois dos principais órgãos de intermediação que atuam na Bahia – o Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) – o aumento no número de oportunidades abertas este ano variou entre 3,2% e 6,66%, respectivamente.
Atualmente, existem 202 vagas abertas. Uma rápida pesquisa no portal Cia de Talentos mostra que há mais de 20 grandes empresas selecionando estagiários atualmente, incluindo P&G, Nestlé, Souza Cruz e Monsanto.
No CIEE, o número de novos contratos firmados no primeiro trimestre deste ano cresceu 5,37%, saltando de 88.680 em 2014, para 93.446 em 2015. Foram geradas 1.526 oportunidades a mais. O gerente regional do órgão, Alessandro Salvatore, diz que a Bahia também obteve incremento de 3,2% no número de novos contratos no período. “É na crise que a gente encontra oportunidades. É a hora dos estagiários se mostrarem para o mercado de trabalho”, diz.
Atrativos
Dois fatores são responsáveis por esse momento favorável, explica Alessandro Salvatore. “O custo de contrato de um estagiário é muito menor do que de um empregado. Além disso, as empresas utilizam o programa de estágio como formação de mão de obra. Uma hora a situação vai melhorar e a empresa precisa estar preparada para o futuro”, pondera.
Ele diz que a vantagem de se contratar um jovem, seja ele estagiário ou aprendiz, é poder moldá-los de acordo com a cultura da empresa.
No IEL, os números também são animadores para quem pretende colocar em prática o que aprende na faculdade, ou no ensino médio. A gerente de desenvolvimento de carreiras da entidade, Edneide Lima, conta que esse movimento positivo já ocorre há algum tempo no Brasil, graças à importância que o estágio vem ganhando para as empresas.
De acordo com Edneide, de janeiro a abril deste ano, o IEL abriu uma média de 1,6 mil vagas de estágio por mês. “No mesmo período de 2014, essa média foi de cerca de 1,5 mil vagas de estágio por mês”, afirma. Os números indicam um crescimento de 6,66% em relação a 2014.
Segundo ela, o aumento ocorreu, principalmente, nos segmentos de serviços, ficando os segmentos da indústria e do comércio com a mesma média do ano passado. “Isso prova que as empresas estão percebendo cada vez mais que o estágio é a maneira mais efetiva de formar e desenvolver os talentos de uma empresa”.
A assistente de Recursos Humanos do programa de Capacitação, Inserção e Desenvolvimento (Cide), Joseane Barreto, acredita que o baixo custo seja o principal argumento para esse incremento na área de estágio em pleno cenário nebuloso.
“Muitas empresas dão prioridade na contratação de estagiários, já que não há um vínculo empregatício. É muito mais barato”, afirma. Apesar de reconhecer que essa é uma prática comum, ela chama atenção para a finalidade educacional do estágio. “É a oportunidade do estudante colocar em prática aquilo que ele aprendeu. É o momento para aprender e, quem sabe, até ser efetivado”.
Efetivação
A superintendente de desenvolvimento e cultura da Neonergia, Adriana Teixeira, diz que o grupo, dono da Coelba, acredita nos jovens profissionais como possíveis agentes de transformação. “A nossa meta é efetivar 70% dos nossos estagiários, mas, em 2014, conseguimos contratar 40%. Esse número pode ser justificado através de perfil ou interesse pessoal, já que alguns deles migram para outras empresas”, explica.
Recém-formado em Engenharia Elétrica, Lauro José Pereira Neto, 25 anos, contribuiu para puxar a estatística da Coelba para cima no quesito efetivação. Ele ingressou na companhia em janeiro de 2013 apenas com o conhecimento adquirido na faculdade.
Mas, após demonstrar muita vontade de aprender, ele foi contratado e hoje atua no setor de qualidade da distribuidora. “É através do estágio que a gente acaba percebendo que muita coisa da prática não se aprende na faculdade”, diz.
Regras do estágio
Jornada A jornada de estágio não pode ultrapassar 4 horas diárias e 20 horas semanais, para de estudantes do estudantes do ensino superior, educação profissional de nível médio e do ensino médio regular
Prazo A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder dois anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência
Remuneração O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio-transporte, na hipótese de estágio não obrigatório
Férias Sempre que o estágio tiver duração igual ou superior a um ano, o estagiário tem direito a um período de recesso por 30 dias
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