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| Artistas do pagode baiano usam a música como meio de engajamento social |
Há quem diga que o pagode baiano é um sub-produto do samba e que incentiva a exploração de uma imagem vulgar da mulher baiana, com batidas repetidas e letras pobres e de duplo sentido. Mas há algum tempo esse mito vem sendo quebrado e muitos artistas e bandas como Fantasmão, Psirico, EdCity, Black Style e Parangolé, vêm renovando a música feita na Bahia, traduzindo em música popular o sentimento do povo da periferia. Além de levantar a bandeira do pagode de qualidade, os cantores exaltam suas raízes e alertam a sociedade sobre a realidade do “ghetto”.
Uma das músicas mais famosas do chamado Pagode Social é a canção 'Firme e Forte', um megasucesso na voz do cantor, percussionista e compositor Márcio Victor, que, antes de formar o 'Psy', acompanhou artistas do calibre de Caetano Veloso e Marisa Monte como percussionista. Na letra, o vocalista faz uma crônica do dia-a-dia daqueles que sofrem com as enxurradas, que todos os anos matam cidadãos baianos.
| Trecho da música 'Firme e Forte' (Psirico): |
| "Na encosta da favela "tá" dificil de viver / e além de ter o drama de não ter o que comer / Com a força da natureza a gente não pode brigar / o que resta pra esse povo é somente ajoelhar / e na volta do trabalho a gente pode assistir / Em minutos fracionados a nossa casa sumir / tantos anos de batalha / junto com o barro descendo e ali quase morrer é continuar vivendo / Êee chuá chuá, ê chuá chuá / Temporal que leva tudo, mas minha fé não vai levar..." |
A inspiraçãoPara Márcio Victor, esse modo de fazer música, relatando as dificuldades do povo, é uma forma de pedir melhorias. E foi assim que surgiu a ideia de fazer 'Firme e Forte'. “Foi assim que me inspirei: ao ver as pessoas na ruas, ver suas casas serem arrastadas pela enxurrada e não poder fazer nada. O interessante, é que, apesar de todo sofrimento, você consegue ver a fé no olhar de cada uma”, conta. Segundo o cantor da banda Fantasmão Thierry Coringa, ficar antenado no que o povo fala, nas gírias, nas tendências, nos vícios, no que se passa na cidade, no país e no mundo...é o primeiro passo para fazer uma música que conscientize as autoridades.De acordo com o vocalista, o Fantasmão tem esse papel de alertar, falar da verdade da cidade, sem hipocrisia. "Dizemos à sociedade o que ocorre nos becos e vielas, na noite fria da favela, o que acontece quando chove. Coisas que você não precisa ser morador da favela para saber”, ressalta.
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— "O Fantasmão tem esse papel de alertar, falar da verdade da cidade, sem hipocrisia". |
Pagode X Social
Para Márcio Victor, o Psirico sempre teve essa preocupação de mostrar que o pagode também pode ter um lado social, trazendo mensagens de fé, positividade e auto estima. “O público recebe estas canções de braços abertos. Não só as músicas do Psirico, mas as de Carlinhos Brown, Timbalada e do Olodum que fazem este trabalho de conscientização e que incomoda, principalmente, os políticos e as pessoas da alta sociedade”, afirma.
| — "Este trabalho de conscientização incomoda" |
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Thierry concorda com Márcio e diz que as pessoas muitas vezes não dão o real valor para as obras de protesto e o que é dito nas letras. "Acham que os artistas baianos não estão muito ligados no social". O cantor lembra que as bandas de hoje, não são pioneiras nesse ramo. "Antigamente, muitos artistas usavam a música para protestar contra as exigências da ditadura militar, por exemplo. Gilberto Gil, Caetano e o Tom Zé uniam forças contra o problema, falando em suas composições e isso contagiava as pessoas, influenciava os jovens da época”, ressalta.
Confira alguns dos maiores sucessos do Pagode Social Parangolé - "Favela"[youtube _2lOApLP5V4]
Fantasmão - "A Realidade Dura da Favela"[youtube rnK4_Cvsy5c]
Psirico - "Firme e Forte"[youtube u3za06nIL4w]
