Jovens podem se frustrar ao definirem suas carreiras baseadas em movimentos de mercado não tão consolidados e vislumbrando apenas retornos financeiros. Letícia Andrade, Coordenadora de RH da Luandre no Rio de Janeiro, onde atua há mais de cinco anos, faz um alerta sobre a moda das "profissões do momento" que podem levar jovens a decisões equivocadas na escolha da carreira.
“No Rio de Janeiro, por exemplo, houve um boom de offshores há 6, 7 anos e era comum ver jovens fazendo o curso de tecnólogo em engenharia de segurança no trabalho para poder se colocar nessas empresas. Além da vantagem de um mercado em expansão, o tempo de estudo era menor. O que se viu depois do “Petrolão”, porém, foi o fechamento dessas empresas e uma debandada de estudantes desses cursos, de forma que quem escolheu a formação de olho apenas no mercado sofreu um grande revés”, explica Letícia.
Por conta de exemplos como esse, as especialistas em colocação profissional aconselham fugir das "ondas do momento". O mesmo vale para as tais profissões tradicionais, caso o fator de desempate seja apenas o tal do “ganhar bem”.
“O melhor salário é dos profissionais que se destacam”, afirma Larissa Gonçalves, Coordenadora de RH da Luandre, em Jundiaí. “Claro que é importante para o jovem se informar sobre as possibilidades do mercado, se há espaço em sua cidade, em seu país, para exercer a carreira escolhida, mas ele nunca deve bater o martelo mirando apenas isso porque há crise para qualquer setor. O mais importante é estar convicto do caminho profissional que se quer trilhar e o que o fará feliz e realizado”, comenta.
Apesar da visão da especialista em carreiras, o Censo da Educação Superior, divulgado todos os anos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) confirma que apenas 10 profissões, de uma imensa gama de opções oferecidas em diversas faculdades pelo país, correspondem a quase metade da procura dos recém-saídos do Ensino Médio, ou seja, carreiras tradicionais como direito, engenharia, medicina, administração e pedagogia são as escolhas de 48,3% de todos os estudantes matriculados em um curso de graduação presencial em 2015.
A situação não é nova, em 1993, uma pesquisa sobre escolha de profissões realizada pela Associação de Escolas Particulares mostrava que os estudantes pré-vestibulares preferiam as profissões tradicionais e o mesmo se deu em 1999, segundo levantamento da USP. Aliás, desde a criação do vestibular, em 1977, estes são os cursos mais procurados no Brasil. Um dos poucos pontos fora da curva foi a procura por cursos de Comunicação Social, como jornalismo, no anos 80 e 90, depois da obrigatoriedade do diploma para essa área.
E por que os jovens brasileiros preferem não arriscar na escolha da carreira que, a princípio, será sua provedora de renda no futuro? De acordo com Letícia Andrade há um pragmatismo notório no jovem em busca do primeiro emprego: “Percebemos essa preocupação financeira sim, sem dúvida”.
Mas afinal, o que levar em consideração na definição da carreira?
Larissa enfatiza que a escolha não deve ser baseada apenas nestes dois pontos, e que esta é uma decisão que depende principalmente de outros fatores fundamentais. “Analisar o mercado e o quanto cada profissão remunera não deve ser negligenciado, mas estes são fatores que estão longe de ser determinantes para escolha de uma carreira. Avaliar o que o jovem gostaria de ser, de fazer, e a atividade que ele sente que tem maior aptidão para exercer é primordial”, afirma.
O que também pode ajudar os jovens é saber que uma decisão neste momento não é necessariamente definitiva e nem coloca tudo a perder. O amadurecimento profissional faz com que descubram novos caminhos. Não é difícil encontrar quem iniciou sua vida profissional em um função e, em determinado momento, mudou o curso de sua carreira para se sentir mais realizado.
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Redação iBahia
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