Flagrado em exame antidoping na última semana, o ponteiro Murilo, do time de vôlei do Sesi, alegou, na manhã desta terça-feira, não ter utilizado nenhuma substância para “aumento de performance”. O ex-capitão da seleção aguarda o resultado da contraprova para mencionar detalhes sobre o que poderia ter acusado positivo no teste. Acompanhado do advogado Marcelo Franklin, conhecido por auxiliar atletas em caso de doping, o jogador se pronunciou pela primeira vez sobre o caso na sede do Sesi, clube que defende desde 2009, localizado na zona oeste de São Paulo.
— Todo atleta consome suplementos. Sempre me preocupei com isso. Nunca tomei para aumento de desempenho pré-treino. Sempre pensei mais em recuperação, para estar apto a treinar no dia seguinte. Mas um Whey protein, carboidrato... O que eu consumo é o que 100% dos atletas necessitam — afirma Murilo.
O exame deu positivo para o diurético furosemida, que auxilia na perda de peso e mascara o uso de outras substâncias. Pedido pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB), o teste surpresa foi realizado em 11 de abril na casa do próprio atleta. A análise foi encaminhada a um laboratório em Montreal, no Canadá. Alguns dias antes, o jogador havia atuado contra o Taubaté pelo primeiro jogo da semifinal da Superliga.
Tanto Murilo quanto o advogado se esquivaram de perguntas sobre o processo caso a contraprova, cujo resultado deve ser apresentado até 23 de maio, confirme a mostra A. Questões como a continuidade da carreira do jogador também foram vetadas até que o resultado B seja entregue. Franklin alega que as questões relacionadas às substâncias são objetos de defesa e, portanto, devem permanecer sigilosas até que o resultado seja público.
— Estou muito tranquilo porque a maioria aqui acompanha minha carreira há muitos anos e sabe que um aumento de performance não foi visto nos últimos seis meses. Sofri com lesões e isso vem me atrapalhando, mas uma mudança drástica não ocorreu - diz Murilo.
POSSÍVEL SUSPENSÃO
Segundo o código antidopagem da Agência Mundial Antidoping (Wada), o atleta pode pegar quatro anos de suspensão. Para o advogado, a ausência de antecedentes pesa na redução de pena do jogador. — O Murilo ser conhecido como atleta de boa índole e que já fez diversos testes, além do fato ser um diurético, uma substância de maior tendência ao uso acidental, são facilitadores para uma situação favorável a ele.
Marcelo Franklin também atuou no caso do doping de Cesar Cielo, em 2011, que atestou a mesma substância utilizada por Murilo. Cielo foi absolvido pela Corte Arbitral do Esporte após alegar contaminação cruzada durante a manipulação de um suplemento.
Alexandre Pflug, diretor de Esporte e Qualidade de Vida do Sesi, também esteve no local para manifestar apoio ao atleta. — O Murilo não é um atleta que a gente conhece há oito dias, oito semanas. Ele está com a gente há oito anos — afirmou: — A gente veio dar apoio total nesse processo e espera que isso acabe o mais rápido possível.
PRECEDENTE EM FAMÍLIA
Mesmo sem dar muitos detalhes do próprio caso, Murilo relembrou o resultado positivo de doping de sua mulher, a ponteira Jaqueline, em 2007. Na ocasião, a jogadora recebeu nove meses de suspensão e foi cortada da seleção brasileira que disputou os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.
— Foi uma contaminação de um produto que ela tomava. Eu não lembro os detalhes de punição, mas o choque foi muito grande para ela. Ela estava às vésperas de entrar na Vila (Olímpica) do Pan do Rio, mas tudo se resolveu e o tempo acaba ajudando bastante. A gente fala de 2007 e já passaram dez anos. Depois ela passou por clubes da Itália, do Brasil, passou por isso ilesa e está me dando todo o apoio.
Medalhista de prata em Pequim-2008 e Londres-2012 e eleito melhor jogador da Liga Mundial em 2010, Murilo tem pela frente um novo desafio na carreira. Aos 35 anos, renovou com o Sesi para a próxima temporada e deve atuar como líbero - posto que ficou vago após a saída de Serginho. Cortado da Olimpíada de 2016 por contusão, planeja prolongar a carreira na nova função.
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Redação iBahia
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