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É garantido por Lei. Mulheres a partir de 40 anos têm direito ao exame das mamas contra o câncer, em toda a rede pública de saúde, gratuitamente. A mamografia é a melhor forma de detectar a doença e encaminhar a paciente para um tratamento com 95% de chances de cura, caso seja identificada em seu estágio inicial. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), citados pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), neste ano, há uma estimativa de 1.970 mil novos casos de câncer de mama na Bahia. Salvador representará 39,5% desses registros. A doença é o segundo tipo mais frequente no mundo e o câncer que mais leva as mulheres à morte no Brasil. Hoje, elas estão asseguradas através da Lei nº 11.664, que torna obrigatória a assistência integral à saúde da mulher. Para usufruir desses direitos, basta procurar qualquer unidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para fazer acompanhamento regularmente. A proposta veio do Congresso Nacional, foi sancionada pelo presidente Lula em 2008 e entrou em vigor, no mês de maio de 2009, e é um marco para a prevenção e o diagnóstico da doença. Segundo a presidente do Instituto Oncologia, Luciana Holtz, cerca de ¼ das mulheres diagnosticadas têm menos que 50 anos. Apesar da lei beneficiar o grupo de risco, enfrentar filas de atendimento no serviço público não é tão simples como parece. A quantidade da procura pelo diagnóstico e tratamento é grande e algumas mulheres chegam a esperar dois ou três meses para serem atendidas. Período suficiente para a doença tomar maiores proporções e até mesmo resultar na perda total da mama.
Enfrentamento - "É muito difícil para a mulher perder a mama toda. Fiz um trabalho comigo mesma, de estar sempre em frente ao espelho conversando com a mama que seria retirada. Eu dizia: 'você não está bem e vai sair, porque eu preciso permanecer viva'. Isso me ajudou muito", diz a bancária Graça Gomes*, 52 anos. Ela não precisou passar semanas na fila do SUS, mas assim que descobriu a doença precisou, em pouco tempo, fazer a cirurgia e retirar toda a mama esquerda. "Foi tudo muito rápido. O médico pediu a biópsia, me passou um medicamento e em menos de três meses os tumores aumentaram. Foi preciso fazer uma mastectomia radical (remoção de todo o tecido mamário)", conta. Na época, Graça tinha 48 anos e localizou um pequeno nódulo no seio esquerdo, fazendo o auto-exame das mamas. "Ao perceber o caroço não imaginei que se tratava de um câncer. Nunca me passou pela cabeça. Pensei que fosse um cisto". Um médico especializado orientou que ela iniciasse um tratamento com medicamentos para acompanhar a reação do nódulo e verificar se diminuia de tamanho. Mas as expectativas não foram as esperadas. "Antes de completar os três meses de tratamento, eu percebi que tinha aumentado demais e voltei ao médico", afirma a bancária. Mãe de três filhos, Graça diz que o papel da família foi fundamental no enfrentamento da doença. Principalmente porque o câncer veio acompanhado pelo divórcio. "Ele não 'teve peito' para encarar", completa.
Prevenção - Salvador já está cor de rosa. A
Campanha Nacional Dia Rosa foi lançada, no mês de agosto, em Salvador, com a assinatura do protocolo de intenções das atividades que serão realizadas com a prefeitura municipal. No protocolo também foi incluída a iluminação do Elevador Lacerda durante todo o mês de outubro. A Campanha Dia Rosa faz parte do movimento internacional Outubro Rosa, que busca conscientizar a população sobre a importância da mamografia para o diagnóstico precoce.
*A história de Graça Gomes e de outras mulheres que tiveram ou têm câncer de mama estão relatadas no livro "De Peito Aberto" da jornalista Vera Golik e do fotógrafo Hugo Lenz, que também enfrentaram a doença na família.