O ar está cada vez mais pesado entre taxistas regularizados e clandestinos que atuam no Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães. Em menos de 12 horas, o clima de tensão crescente resultou em duas ocorrências. Ontem de manhã, um funcionário da cooperativa Coometas se envolveu em uma briga com dois motoristas irregulares, quando tentava impedir a abordagem deles a passageiros. Os três foram conduzidos ao posto da Polícia Civil no terminal e depois à 12ª Delegacia (Itapuã), onde foram ouvidos e liberados.
A tentativa de coibir a ação de clandestinos começou na noite anterior e também gerou confusão, quando cerca de 70 funcionários das cooperativas Comtas e Coometas, e da Associação dos Taxistas Comuns do Aeroporto (Atalema) bloquearam por um hora a pista principal de acesso ao desembarque com táxis e carros de bagagens. Além disso, o grupo formou um cordão de isolamento dentro do saguão, usando coletes com a palavra “Táxi” para classificar a categoria e impedir a entrada dos clandestinos. Segundo o taxista da Comtas Reginald Cohim – que é líder do Movimento Contra os Clandestinos no Aeroporto –, cerca de 80 motoristas fazem transporte clandestino com carros e vans, 24 horas por dia. “Há até policiais envolvidos. Sofremos ameaças constantes e já tentaram me intimidar dizendo que iriam metralhar meu carro. Mas não vamos parar até ser dada uma solução definitiva”, afirma Reginald. As ameaças de clandestinos, segundo o taxista da Atalema Davi Silva, são constantes. “Não podemos ficar no corpo a corpo porque no meio dos clandestinos têm PMs e ex-detentos. Passageiros já foram roubados e depois vieram procurar a gente para saber se os pertences estavam aqui”, relata. PrejuízoO presidente da Coometas, Vicente Barreto, conta que também já sofreu ameaças. “Eles já bateram no meu ombro e disseram: ‘Não tente ser herói. Sabemos quem você é e conhecemos toda a sua vida. Vamos te pegar’”. Ele destacou ainda os prejuízos que a ação dos clandestinos traz para os cadastrados. “Com essa evasão de rendas, a empresa está sujeita a demitir funcionários porque os irregulares estão tirando os clientes”. Ao todo, 390 taxistas credenciados – 121 Coometas, 149 Comtas e 120 Atalema – atuam no aeroporto. O taxista da Atalema Luiz Antônio Arruda lembra que antes da ação dos clandestinos, ele chegava a fazer quatro corridas por dia. “Só temos prejuízos. Hoje, levamos até 24 horas sem fazer uma corrida por causa dos irregulares. Antes, fazia até quatro corridas”, conta. O empresário Luiz Carlos – um dos envolvidos na briga de ontem – disse, por telefone, que está “defendendo o seu lado”. “Eles (os regularizados) acham que a gente está quebrando, mas cada um defende sua parte. O cliente tem que ter livre arbítrio. Não tenho autorização para fazer ponto no aeroporto, mas sou licenciado pelo Ministério do Turismo”, argumenta. Até 2009, um convênio entre Superintendência de Transportes Públicos e PM coibia a atuação de clandestinos na cidade. Mas, de acordo com o diretor de trânsito da Transalvador, Renato Araújo, a parceria foi suspensa. “A Procuradoria Geral do Estado entendeu que o convênio não poderia existir porque o servidor militar não poderia ter acúmulo de função”, disse. OrganizaçãoSegundo o presidente da Atalema, João Paulo Nunes, o esquema de atuação dos clandestinos funciona de forma “organizada”. “Um fiscal fica com a prancheta anotando a ordem de chegada”, enumera. De acordo com ele, uma tabela de preços da empresa Comtas é usada na abordagem. “Eles copiaram a tabela e, quando aliciam o passageiro, agem como se fossem da empresa, usam crachás escritos apenas “táxi” e mostram o valor do serviço. Se o usuário não quiser, eles reduzem o preço da corrida e quebram a gente com seus Vectras, Astras e até uma BMW preta. Até associação já estão criando”, conta. Manifestação à vistaDiante das ameaças constantes e prejuízos contabilizados pela ação dos clandestinos, os taxistas credenciados para atuar no aeroporto prometem fechar o terminal aéreo dentro de 15 dias, caso a situação não seja resolvida. “Se nesse período não derem nenhuma providência, vamos fechar o aeroporto e fazer um apitaço. Até lá, os taxistas vão continuar alertando os passageiros”, diz o presidente da Atalema, João Paulo Nunes. De acordo o presidente da cooperativa Coometas, Vicente Barreto, na próxima quarta-feira, representantes das cooperativas vão participar de uma reunião com o comando-geral da PM, Polícia Civil, Transalvador e Infraero, para tratar do assunto. O diretor de trânsito da Transalvador, Renato Araújo, acrescentou que a reunião vai abordar ações para o transporte clandestino. “Vamos planejar essas ações. Para o aeroporto, já estamos programando uma operação conjunta com a Polícia Militar”, assegura.
Cartaz no desembarque alerta passageiros para não usar transporte clandestino |
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