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SALVADOR

"Senti essa dor”,diz mulher que cedeu casa pra família de vítimas

"Há 10 anos, na minha família, teve deslizamento e morreram cinco pessoas. Eu sei o que é sentir essa dor”, disse a agente de limpeza Laiane Fernandes

• 28/04/2015 às 11:22 • Atualizada em 01/09/2022 às 9:08 - há XX semanas

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A chuva forte que caiu durante toda a madrugada de ontem fez o casal Geraldina Bispo e Joilson Ribeiro Reis tomar uma decisão: os filhos Joice, 15 anos, e Jonathan, 12, não iriam para a escola - uma medida de segurança. Porém, o lugar em que seus filhos pareciam a salvo virou cenário de uma tragédia na localidade do Marotinho, bairro do Bom Juá.

Adolescentes que iam para a escola foram orientados por pais a ficarem em casa, por causa da chuva, e acabaram soterrados (Foto: Evandro Veiga)

A casa onde a família morava foi atingida por outra, onde viviam outros parentes, logo acima, em uma encosta. A terra molhada arrastou o primeiro imóvel, onde Cecília Bispo, sobrinha de Geraldina, estava com os filhos Adriel e Adriana Bispo Pereira, duas crianças. Ao todo, oito pessoas foram atingidas pelo deslizamento e quatro delas sobreviveram: além de Joilson, o aposentado Carlos Gama da Cunha (pai de Geraldina), 84 anos, Adriel Bispo Pereira e Cecília Bispo. Segundo o coronel Adson Marchesini, do Corpo de Bombeiros, que chefiou o resgate, quatro pessoas não resistiram. Além dos irmãos Joice e Jonathan, e da mãe, a garota Adriana também morreu. Até a noite de ontem, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) só soube informar a situação do garoto Adriel, internado no HGE em situação estável. Choque Quando o rio de lama começou a invadir a Travessa Moreira, pouco depois das 6h, Joilson estava próximo da porta da saída. Foi o que o ajudou a sair quase ileso da situação. “Ele ainda tentou puxar ela (Geraldina), mas não conseguiu, porque veio o barro todo em cima dele”, contou Roseane Cruz Menezes, madrinha de Jonathan. Os adolescentes ficaram soterrados por sete horas e um deles chegou a se comunicar com bombeiros e moradores durante o resgate. “Ela (Joice) chegou a falar que estava bem, mas o menino não respondeu”, contou Roseane. Recorrência Por causa da terra molhada, um novo deslizamento aconteceu, dificultando a ação. O pai, inconsolável, foi acudido pelos vizinhos e ficou isolado, com a família, em uma casa próxima. Enquanto aguardavam que os adolescentes fossem encontrados, a família se reuniu para orar. “Há 10 anos, na minha família, teve deslizamento e morreram cinco pessoas. Eu sei o que é sentir essa dor”, disse a agente de limpeza Laiane Fernandes, que cedeu a casa para a família das vítimas. No mesmo local, há quatro anos, houve um deslizamento de terra que invadiu o imóvel da família. Após a construção da segunda casa, de Cecília, a família achou que estaria em segurança. Ajuda deslizamento chocou os moradores, que se mobilizaram para ajudar no resgate. Carros não podem acessar a travessa e, por isso, a vizinhança se juntou para retirar a lama com pás, enxadas e dez carrinhos de mão. “Larguei tudo do meu trabalho e vim ajudar”, disse o pedreiro Deivid Souza, 26. Mais de 20 moradores se revezavam no trabalho pesado de subir e descer a rua com os entulhos e lama. A disposição dos moradores só cessou às 14h10, quando foi encontrado o corpo de Jonathan. Minutos depois, Joice foi localizada, perto do irmão. Colaborou Giulia Marquezini.
Correio24horas

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