O Dicionário Aurélio define a palavra saudade da seguinte forma: "Lembrança triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; pesar, pela ausência de alguém que nos é querido; nostalgia". E é esta saudade que você vai ver aqui em uma homenagem á semana em que Salvador completa 463 anos. Uma homenagem dos nativos da terra que, por motivos outros, não moram mais na primeira capital do país.
Mônica Vasku Machado - Jornalista "Digamos que eu sinto falta do "povo baiano". De correr para pegar o ônibus e o motorista
"brother" dar uma paradinha fora do ponto para ajudar - coisa que aqui está fora de cogitacão -, de caminhar pela rua e ouvir os típicos e espontâneos cumprimentos baianos, de me sentir acolhida por qualquer conterrâneo apenas 5 minutos após conhecê-lo. Sinto falta do clima, ah! como o sol faz falta, só agora eu sei. Sinto falta da nossa alegria, da nossa humildade, da nossa sabedoria popular, da solidariedade e da garra do nosso povo que vive em condições dificílimas, mas mantém a fé na vida. Eu sinto falta do meu lugar, do sorriso fácil... O que dizer? O melhor lugar do mundo e a decisão mais difícil que tive de ter em minha vida foi passar tanto tempo longe. Batalho pra voltar e poder ter uma condição melhor para aproveitar tudo que essa terra pode nos oferecer."
Caio Marques - Analista de Sistemas "São quase seis meses morando fora de Salvador. É muito pouco tempo longe de casa, mas não dá pra negar a saudade de caminhar pela Vitória, descer a Ladeira da Barra e aplaudir ao por do sol no Porto depois de um mergulho no mar. Da vista incansável - e linda - que temos ali da altura do Cristo. De sentar em um dos barzinhos do Rio Vermelho e não ter hora pra sair. Do privilégio da nossa gente que tem vista para o mar até no engarrafamento... Com todos os problemas e encantos, não tem jeito: Salvador é única!"
Andreh Hyor - Analista de TI " Morei em Salvador por 27 anos. Sentia uma urgência em sair pois não me identificava com boa parte da cultura. Várias "pequenas coisas" do cotidiano me incomodavam, e muito. Elas eram naturalmente seguidas pelo jargão "só se vê na Bahia". Gostaria de viver em um local com uma cultura completamente diferente, e consegui. Fazem quatro anos que vivo em Copenhagen, Dinamarca. Aqui tive muitas surpresas, mas as principais delas foram com a minha terra: descobri que tudo aquilo que me irritava não faz parte da cultura baiana ou brasileira (como o famoso 'jeitinho'), mas sim da natureza humana. Hoje tenho a sensação de que Salvador possui acesso ao melhor da cultura global e uma rica cultura local. Estive de férias em janeiro e notei nas ruas e nas lojas a mesma moda, os mesmo hobbies, mas com um toque a mais. Aqui sinto falta de poder fazer muito com pouco (sim, Salvador não é nem de longe a cidade cara que muitos pintam), da natureza e principalmente da felicidade do povo. O sol, que eu reclamava tanto, hoje me faz falta. Acredito que hoje eu conheço o valor do pôr-do-sol de todo dia e de toda a diversidade soteropolitana."
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Rafaella Mourão - Bióloga "Bom, Salvador foi a cidade que nasci, que cresci, que vivi os melhores momentos da minha infância e juventude. Foi onde tive minha referência, foi onde aprendi a curtir com meus amigos todos os cantos da cidade. De ir para praia do Flamengo e depois comer acarajé no Rio Vermelho. De ir assistir ao Pôr-do-sol na Barra e tomar uma água de coco no Farol. De pular Carnaval e esquecer por uma semana tudo o que tinha para fazer no restante do ano. É onde toda segunda-feira tomava banho de pipoca na Igreja de São Lázaro e toda primeira sexta-feira do mês ia no Bonfim."
Thiago Ferreira - Jornalista "Fui embora de Salvador em 2007, trocando uma vida de free lancer e praia por um trabalho de oito horas diárias engravatado em Brasília. Quase cinco anos depois, agora morando em Buenos Aires, não preciso pensar muito para dizer do que mais sinto falta na cidade onde vivi 17 dos meus 31 anos (depois da família e amigos, é claro). Ahh, o Porto da Barra era o quintal da minha casa, pra onde eu fugia quase todos os dias, pra nadar, tomar umas, subir nos barquinhos... Morando há cinco anos em cidades sem praia, é sem dúvida o que mais me dá nostalgia de Salvador. Não ia nos fins de semana, ficava lotado demais, então no sábado eu preferia ir ver o pôr-do-sol em outro lugar, ao som de música da melhor qualidade, num dos programas mais legais da cidade, e do qual eu sinto muita falta, a jam do MAM. Mesmo vivendo em uma cidade cosmopolita como Buenos Aires, nunca encontrei algo parecido reunindo música boa, lugar lindo, paisagem espetacular e público alto astral, enfim, um verdadeiro resumo do que mais sinto falta de Salvador, além da comida, dos botecos e dos babas."
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Patrícia Alcântara-Bauer - Secretária Executiva "Eu moro na Alemanha e o que eu mais sinto saudade de casa é da família, principalmente da minha mãe, do abraço dela, da mão macia e carinhosa. O dia mais difícil é o domingo, pois o domingo tem sempre algo diferente para fazer com os amigos. Começo o dia sentindo o cheiro de comida (quase sempre feijoada) saindo da cozinha, vou à praia e termino sempre fazendo alguma comidinha na casa do primeiro amigo que chamar. Saudades também de marcar para comer acarajé ou ir a um barzinho comer caranguejo depois do trabalho. Ai o acarajé!!!! Às vezes acordo sentindo o cheiro. Salvador tem uma coisa diferente. O clima, o ar, sei lá... Até quele "bafo quente", que sentimos logo na chegada ao aeroporto (um ar quente, bem quente que você não aguenta e vai logo tirando a roupa), é bom. Ah! a nossa "língua"... Digo que ninguém no mundo fala igual ao soteropolitano. Temos um vocabulário peculiar. Agora que estou grávida fico pensando no que primeiro eu vou apresentar a meu filho. Fico me perguntando o que ele vai gostar de fazer quando formos a Salvador nas férias, o que ele vai gostar de comer. Se ele vai amar a família baiana dele, mesmo à distancia. Quero que ele chame todas as minhas amigas de tia. Porque, em Salvador, as amigas da nossa mãe é sempre nossa tia."
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Érica Torres - Estudante "Estou há quase três meses longe da cidade, vivendo a experiência de intercâmbio no Canadá. Deixei Salvador exatamente no verão e cheguei na cidade de Victoria, na Colúmbia Britânica, em pleno inverno canadense. Como não sentir falta da minha terra? Do céu azul, do calor de 35°C, da brisa do mar, do Porto da Barra, da água de coco gelada e do acarajé com bastante vatapá e muito dendê? Difícil é me acostumar a viver longe de todos estes privilégios que só nós soteropolitanos podemos desfrutar. Na correria do dia-a-dia em Salvador, eu não costumava parar para refletir sobre como é bom morar nessa cidade, poder ver o pôr-do-sol na Cidade Baixa, andar na orla, mergulhar no mar do Porto e ver aquela multidão de gente caminhando pelas ruas do centro, na Avenida Sete, no Campo Grande e na Praça da Sé. Sinto falta da variedade de ritmos que podemos ouvir a qualquer hora e em qualquer esquina, do sotaque carregado, da religiosidade e principalmente de ver a alegria contagiante e o sorriso frouxo do povo que rala para sobreviver e mesmo assim é feliz. Salve, Salvador!"
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Malany Tavares - Jornalista "Cheguei aqui em Vancouver em novembro, praticamente no início do inverno. Como foi ruim enfrentar a neve e a temperatura que, às vezes, chegou a beirar os -10°C. Imaginava que naquele mesmo instante Salvador estava fervendo, literalmente: praia, festas, calor, sol, VERÃO! Apesar da qualidade de vida, infraestrutura, segurança e do impecável (sim, impecável) sistema de transporte público daqui de Vancouver, eu não troco minha Salvador por nenhuma outra cidade do mundo! Sobre a falta que a família e os amigos fazem, não preciso nem falar... Isso é indiscutível! Mas só quem mora (ou já morou) fora, sabe o que é passar na rua e, como se tivesse num sonho, sentir o cheiro do acarajé ou até mesmo o gosto do queijinho coalho com melaço da praia. Morro de saudade da nossa comida (a melhor do mundo), do nosso mar e, principalmente, da alegria da nossa gente. Por mais clichê que seja, somos, sim, um povo alegre. Conheci alguns brasileiros aqui em Vancouver, mas, entre eles, os soteropolitanos sempre se destacavam. Sempre arrancavam uma risada a mais seja pelo jeito descontraído, ou pela sequência de “oxe, oxe, oxe, oxe, oxe...” quando eram surpreendidos por alguma coisa! Ser soteropolitano é isso... É sentir falta de Salvador mesmo com todos os defeitos dela, é lembrar do sorvete na Ribeira, do pôr-do-sol no Farol, das águas calmas do Porto... É saber que somos parte dessa cidade e que ela sempre, por mais distante que estejamos, será a nossa casa!"
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