"A polícia não combate as facções, a gente combate os atos criminosos". Foi assim que o Coronel Muniz, da Polícia Militar da Bahia, explicou as ações de combate à violência e aos grupos criminosos realizadas no bairro de Águas Claras, na manhã desta sexta-feira (22). A 'Operação Saigon' mobilizou mais de 400 policiais e prendeu, ao menos 15 pessoas. Outras 6 foram baleadas em confronto e morreram.
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"E eles se misturam, inclusive, mudando de posições, vamos chamar assim: de times ou de bandeiras, conforme a conveniência dos interesses criminosos. Então, como eu coloquei aqui no início, a polícia não combate as facções, a gente combate os atos criminosos que podem estar sob a luz de uma bandeira A ou de uma bandeira B. Então, não nos interessa a que time ele pertence, mas sim o ato criminoso que está levando em intranquilidade e insegurança a sociedade. Essas pessoas são alvos da polícia", detalhou a PM.
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Ainda em coletiva de imprensa, realizada no prédio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Itapuã, bairro de Salvador, o representante da corporação explicou que a região começou a ser monitorada com mais cautela diante do aumento dos crimes.
"Esta região cresceu o olhar da Polícia Civil pelo grande número de homicídios e eles já vinham trabalhando especificamente esta operação e deflagrou-se nesse momento associando todo o acompanhamento e o apoio da Polícia Militar e da Polícia Federal. Naquele local tinham registros de homicidas, registros de tráfico de drogas e essas pessoas foram buscadas independente de times criminosos que eles porventura integrem. Foram buscados pelos crimes cometidos. Então, nós não buscamos pessoas, buscamos os criminosos que cometem os delitos à luz da nossa legislação", completou.
Investigação feita há mais de um ano
A diretora do DHPP, delegada Andréa Ribeiro explicou que o grupo criminoso estava sendo monitorado há cerca de seis anos e que a operação foi aberta há um ano. Só a operação, segundo ela, que seria possível "alcançar esses indivíduos". A atuação da organização criminosa era responsável por 30 homicídios e tráfico de drogas.
"Mas, essa operação ela é uma operação que foi pensada estrategicamente nessa área, uma área que pontuava com índices altos de CVRI. Então, nós precisávamos pensar, a gente precisava se planejar para atuar nessa área de uma forma mais efetiva. Para além das ações diárias que vinham sendo realizadas, não só pelas equipes da Polícia Civil em Águas Claras, mas também como equipes da Polícia Militar, nós precisávamos de uma operação que pudesse realmente alcançar esses indivíduos de uma forma que pudéssemos cumprir mandados de busca e de prisão. Essa operação, operação programada há mais de uma ano, e cuja execução aconteceu nessa data", explicou.
Sobre a participação da Polícia Federal na operação, o delegado Marcelo Siqueira, da PF, disse que a inclusão da corporação tem se intensificado, desde a criação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco). E hoje "foi mais uma ação".
"A gente já vinha atuando de forma integrada com as forças estaduais...A Polícia Federal está colocando à disposição que tem de melhor em termos de estrutura e de efetivo policial para combater o crime aqui no estado da Bahia", pontuou o delegado.
Ainda na coletiva, o coronel disse que o sistema de inteligência funciona como um corpo humano, onde cada um tem uma função necessária para sucesso conjunto.
"Então, todo esse entrosamento é feito no planejamento conjunto; e vem dos braços, que é a execução da operação propriamente dita, que é aquilo que foi ouvido e visto foi trabalhado pelo cérebro no planejamento e foi executado nos braços para dar cumprimento, porque, do contrário, não passaria de uma mera vontade, você ficaria na vontade de prender criminosos e não conseguiria, se ouvido e planejado."
Formação criminosa
A formação dos grupos criminosos ainda está sendo analisada pela polícia. Para o Coronel Muniz, a formação familiar dos criminosos é um ponto a ser destacado.
"Porque (há) uma série de outras questões talvez não tenham sido feitas ou tenham sido mal feitas. E aí começa, inclusive, no próprio berço da formação familiar, que é a nossa grande estrutura de formação moral e ética para qualquer cidadão. Então, é um trabalho complexo que envolve várias mãos, mas as forças policiais entende isto, mas não se furta a cumprir o seu papel, a parte que lhe cabe, que é justamente de responsabilizar aqueles que porventura tiveram a má sorte de se direcionar para o caminho do crime."
Aulas suspensas e ônibus sem circular
As escolas da rede municipal de Águas Claras suspenderam as aulas e ônibus deixaram de circular até o final de linha do bairro e de Cajazeiras 7 devido a megaoperação das forças policiais da Bahia e da Polícia Federal contra um grupo criminoso na manhã desta sexta-feira (22).
De acordo com Secretaria Municipal de Educação (SMED), cinco escolas estão sem aulas. São elas: Eduardo Campos, Cantinho das Crianças, São Damião, Iraci Fraga e Francisco Leite. Com isso, cerca de 1769 estudantes estão sem aula.
Já a Secretaria Estadual de Educação (SEC-BA) informou que o Colégio Estadual Santa Rita de Cássia chegou a abrir. No entanto, por precaução, os poucos alunos que compareceram foram dispensados para casa. Os colégios Noêmia Rego e Dinah Gonçalves, em Valéria; e o Nossa Senhora de Fátima, no Derba, abriram e registraram baixa frequência.
Em relação a circulação de ônibus, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) informou que o atendimento foi retomado em Cajazeiras 6, após suspensão na manhã desta sexta (22). No entanto, a circulação dos ônibus continua interrompida em Cajazeiras 7 e em parte de Águas Claras.
Em Cajazeiras 7, os coletivos estão circulando na Estrada do Matadouro e de lá seguem o itinerário. Já em Águas Claras, os ônibus vão até o Largo Vitor Augusto Meier, conhecido como Largo da Mortadela. As demais linhas que circulam na região de Cajazeiras estão sem interrupção ou com desvio de itinerário.
Redação iBahia
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