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"Todo mundo quer ser meu amigo na Internet" |
Antes mesmo de receber a prometida fortuna do empresário italiano que está à sua procura, a vida da baiana Jucélia Lima da Silva, 35 anos, começou a mudar. Após a reportagem publicada ontem no CORREIO, Jucélia se mostrou assustada com o fato de já ser considerada a nova milionária de Itaberaba, na Chapada Diamantina. A artesã e líder comunitária revelou que já foi procurada por diversas pessoas. “O pessoal tá me ligando direto e até já veio aqui em casa. Todo mundo quer ser meu amigo na Internet. Não sou milionária. Ainda não recebi dinheiro nenhum”. Só quem ainda não fez contato foi o detetive, contratado pelo italiano para localizar Jucélia no interior da Bahia. Admitindo estar ansiosa por um telefonema ou e-mail, Jucélia disse ontem que precisa ter certeza das intenções do italiano, que se apresentou para ela como Germano e disse estar com um câncer de próstata em estado terminal. “Preciso conversar com Germano e pôr um fim nas especulações. Se essa fortuna existir, quero investir na minha ONG. Se não for para ajudar as pessoas, o dinheiro não tem sentido”, diz a itaberabense, fundadora do projeto Sonho de Mulher, que trabalha com mulheres carentes. Jucélia vendeu a própria casa para invetir na ong e hoje mora com a mãe. Jucélia e Germano se conheceram em uma viagem que a baiana fez à Itália, no dia 5 de julho do ano passado. Na oportunidade, ela foi buscar recursos para a ONG. Os dois se sentaram lado a lado no avião. Jucélia resolveu saber as razões para aquele senhor de cabelos loiros e olhos azuis, aparentando ter entre 60 e 65 anos, estar com fisionomia tão triste. Durante a longa conversa com a companheira de viagem, Germano revelou a doença. Aquele seria seu último vôo. Ao chegar ao destino, disse que cometeria suicídio. Mas, depois que ouviu as palavras de conforto da mulher, tudo mudou. Na conexão do voo, em Portugal, Germano ofereceu à Jucélia um colar de esmeraldas exposto em uma loja de jóias, mas ela recusou a oferta. O milionário então ficou ainda mais encantado com a simplicidade da baiana. “Ele viu que eu não tava interessado no dinheiro dele”. Ao desembarcarem na Itália, Jucélia e Germano não trocaram telefones. Então, o empresário contratou o detetive, que entrou em contato com diversos moradores de Itaberaba. Um deles, o fotógrafo Adson Chan, sabia de quem se tratava, procurou a líder comunitária e está intermediando o encontro. “Depois de procurado pelo detetive, sondei com Jucélia e ela confirmou tudo. As histórias bateram”, diz o fotógrafo. “O pessoal já tá achando que ela é milionária. Vamos aguardar. Mas que a história é real, isso é”, conclui Chan.