Com destino à Itália, o artista plástico baiano Menelaw Sete, 47 anos, saiu de Salvador na quinta-feira levando nas malas tintas e pincéis. “Para colorir um pouco o continente que sempre me deu bons amigos e boas alegrias...”, escreveu ele no Facebook. Mas o baiano acabou barrado pela imigração na Espanha (onde faria conexão) e, após passar o dia detido em uma salinha, volta hoje ao Brasil com outra imagem do continente. O artista saiu daqui para incluir, na sua vasta lista de exposições internacionais, duas outras mostras: uma em Milão, na Itália, na terça-feira, e outra no Centro Dannemann, na Suíça - onde, inclusive, já expôs em 2011 -, em 8 de junho.
Menelaw contou que passou o dia ontem com 15 pessoas que também tiveram a entrada negada, entre elas quatro brasileiros, incluindo seu assistente Paulo Coelho, 46. Na sala em que estavam, impedidos de sair, Menelaw falou ao CORREIO e disse que presenciou muito desespero e choro. “Me sinto em uma prisão sofisticada. Essa é a imagem que eu tenho da situação. É isso que eu devo retratar”, ilustra. “É inadmissível que em pleno século XXI, em um mundo dito globalizado, que eu tenha que passar por esse grande constrangimento”, indigna-se. Menelaw já fez mais de 40 exposições, quase todas no exterior - três delas na Espanha. Segundo o Itamaraty, desde 2007 a Espanha tem apertado o cerco à imigração brasileira. Com uma série de acordos, que chegou à recente adoção da medida de reciprocidade do Brasil, o número de brasileiros detidos tem diminuído, mas ainda é grande. No ano passado, 1.419 brasileiros tiveram que regressar ao Brasil (menos da metade do registrado em 2007). O Itamaraty disse, por assessoria, que em casos como esse só atua se acionado pela família. Menelaw disse que não conseguiu contato com a embaixada em Madri. A exigência para entrar na Espanha é que o viajante comprove recursos financeiros para estadia no país, reserva em hotel ou carta de um cidadão europeu que justifique a presença dessa pessoa no país. Foi justamente a não aceitação desse documento, conhecido como carta de invitação, que frustrou a viagem de Menelaw. “Mandei para ele, junto com cópia do meu passaporte, uma declaração que dizia: ‘Eu declaro que Menelaw e Paulo Coelho ficarão em minha casa de 17 de maio a 17 julho. Vou pagar as despesas que eles precisarem, sem excluir nenhuma’. Como já fiz em anos passados e não houve problema”, conta o empresário do artista, o italiano Ezio Dellapiazza, 67. A previsão é de que Menelaw saia em algum voo hoje, de volta ao Brasil.
Veja também:
Leia também:
AUTOR
AUTOR
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade