|
---|
Arena: 21 já trocaram o Bolsa Família pela carteira assinada |
Uma das principais críticas ao Bolsa Família, programa de transferência de renda do governo federal, sempre foi a dependência, e em alguns casos, acomodação que a receita certa poderia provocar entre os beneficiários. Pensando nisso, o governo federal criou o programa Próximo Passo, para capacitar trabalhadores nas áreas de construção civil e turismo. A porta de saída para uma vida autônoma. Na construção da Arena Fonte Nova, 21 trabalhadores já trocaram o Bolsa Família pela carteira assinada. Outros oito devem ser contratados até o fim do ano e 138, igualmente capacitados, aguardam no cadastro de reserva. Todos passaram por três meses de curso e aprenderam as funções de pedreiro reparador e carpinteiro armador. Durante as aulas, receberam farda e alimentação. A maior parte deles é de moradores de áreas próximas ao estádio, o que facilita a locomoção. Crispim Souza, 48 anos, completa dois meses de trabalho na obra no próximo sábado. Mesmo tempo de vida de Cauã, caçula de seus três filhos, que faz aniversário hoje. “Chorei muito quando soube que ia ser contratado, dois dias depois que meu filho nasceu”, lembra Crispim, que credita ao filho a mudança de vida. “Quando minha esposa me disse que estava grávida, pensei: essa criança vai ser a bênção na nossa vida”.
Progredir - A inscrição do Bolsa Família está no nome da mãe de seus filhos, mas Crispim, com 2º grau completo, pensa em progredir. “Quero ganhar mais e lá (no Bolsa Família) não tem como aumentar”, diz o ajudante de produção, que planeja seguir na empresa após a entrega da Fonte Nova, em março de 2013. Segundo a gerente de marketing da Arena Fonte Nova, Paula Mascarenhas, os operários capacitados podem ser aproveitados em outros empreendimentos dos acionistas, OAS/Odebrecht.
Capacitação amplia expectativas - Maury Pereira, 44 anos, pode ser considerado um penetra entre os colegas de curso. Integrante do programa Próximo Passo, ele não tinha Bolsa Família, mas quando soube da capacitação por um vizinho, não hesitou em se candidatar. A renda obtida fazendo manutenção “na casa de um espanhol” cessou quando o proprietário entregou o imóvel a uma corretora. Morador da Saúde, Maury vai a pé para o trabalho e não vê a hora de trabalhar na função em que foi capacitado. Por enquanto, todos são apenas ajudantes. “Hoje tenho segurança, carteira assinada, pretendo crescer e estudar mais”, planeja.