Brasil perde para Chile na final do Desafio Sebrae Internacional

Foi administrando uma fábrica de instrumentos musicais que quatro universitários do Chile, conquistaram a final internacional do jogo virtual Desafio Sebrae. O resultado foi uma surpresa, já que todas as equipes envolvidas estavam confiantes pela vitória. Além do país vencedor, o game reuniu mais oito equipes campeãs em seus países como Brasil, Argentina, Colômbia, Equador, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. A última fase foi realizada, no Rio de Janeiro, entre os dias 27 e 30 de março. Foram os quatro dias mais longos para os universitários que aguardavam, ansiosos, o resultado final que garantiu à equipe do Chile uma viagem ao atual centro de empreendedorismo em Barcelona, na Espanha. Cada equipe utilizou uma estratégia diferente para conseguir ultrapassar seus concorrentes no jogo. Segundo o chileno Juan Pablo Giacaman, 22 anos, estudante de engenharia, a estratégia para continuar na média do jogo, durante as rodadas, foi o preço dos produtos de percussão. "Usamos o preço alto limite para conseguir vender e manter o lucro. Sabíamos que assim tínhamos possibilidades de ganhar, mas a competência das outras equipes estava muito grande, principalmente do Panamá e do Brasil". A pressão nas últimas rodadas teve resultado negativo para a equipe brasileira, que, apesar de ter trabalhado unida, acabou cometendo equívocos nas decisões finais. Mesmo não ganhando o jogo, os universitários tinham esperanças até poucas horas do anúncio oficial. Para o estudante de engenharia da computação Eduardo Rocha, 21 anos, as últimas etapas das disputas foram difíceis e a pressão foi grande. "Todas as equipe estavam bem preparadas. Na decisão internacional o nível também foi alto e o tempo que tínhamos para tomar decisões foi menor", diz. Com cinco integrantes e com o nome "Olá, que tal" a equipe brasileira saiu do estado do Pernambuco para representar o país na competição. Quatro dos integrantes ainda não conheciam o Desafio Sebrae e o quinto, que cursa economia na Universidade Federal Rural de Pernambuco, Elourinaldo Rodrigues, 24 anos, não tinha encontrado os parceiros para formar a equipe. "Não conhecia o Desfio e, em um momento, enquanto vendia um livro para Elourinaldo, ele começou a falar do jogo, fui pesquisar e ver como era. Me interessei e chamei meus amigos. Eles toparam sem nem saber de nada, mas foi ele quem convenceu a turma a participar", lembra Vanessa Larize, 20 anos, que estuda engenharia na Universidade Federal do Pernambuco com seus colegas. "Eu fui pelo incentivo da premiação e usei isso para convencer eles também,pois de qualquer forma valeria. Às vezes, você tem bons negócios ou boas oportunidades, mas as pessoas não são certas. E com eles eu senti que daria certo", completa Elourinaldo. Os universitários ainda têm dois anos até se graduarem e já guardam algumas ideias para pôr em prática, mas preferem agir com cautela. "Abrir uma empresa não é tão fácil. Existem vários fatores que contribuem e facilitam, como a ajuda do Sebrae e das incubadoras, mas existe, também, aí fora um mercado que exige novidades e experiência" diz. Para Maurício Guedes coordenador da Coppe/UFRJ, incubadora de empresas desenvolvedora do Desafio Sebrae, poucos se tornarão empresários é necessário fazer com que eles experimentem o mercado. "Quem não se torna empresário,a partir daqui, carrega em sua vida profissional uma bagagem empreendedora". O jogo - Não é brincadeira e simula um ambiente real e estimula competição. São justamente esses sentimentos que auxiliam no fomento do empreendedorismo entre os jovens. O software desenvolvido para o game leva os participantes a vivenciarem, na prática, como é a dinâmica do mercado e o funcionamento de uma empresa. Até mesmo detalhes conseguem aguçar o senso crítico para algumas situações que são colocadas em jogo, instiga a realizar pequenas decisões e aprender com os erros. O Desafio é disputado internacionalmente desde 2002 e se divide em fases virtuais e presenciais. Ganha o jogo a equipe que apresenta as melhores decisões e resultados. "Esse jogo contribui para a capacidade de empreender de um jovem universitário, pois o foco está na aprendizagem, durante seis meses na gestão de uma empresa", afirma Maurício Guedes. Nenhum conhecimento técnico é exigido para jogar, apenas noções básicas que são usadas no dia-a-dia, como compra, venda, juros, lucros e inflação. O que viabiliza a participação de estudantes de outras áreas do conhecimento no Desafio. A única exigência é que a equipe inscrita possua de três a cinco participantes e more no mesmo estado. "Pensamos em uma ferramenta que incluísse pessoas, que não fazem parte da área de negócios. A intenção não é ensinar, mas estimular a busca de informações e a vivência da rotina de uma empresa",completa. Inscrições - Para quem gosta do clima de competição, começam, na próxima quarta (06/04) as inscrições para a 12ª edição do Desafio Sebrae. Os interessados devem acessar o site da instituição. Para este ano, o tema que deverá ser abordado na administração de uma empresa que produz bicicletas, é a sustentabilidade. Cerca de R$ 11 milhões devem ser investidos nesta edição. Além de troféus, os vencedores vão ganhar prêmios como Ipads, bolsas de estudo à distância na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e uma viagem para a Espanha. *A repórter viajou para o Rio de Janeiro para participar de uma simulação do jogo Desafio Sebrae, a convite da organização do evento