Há duas semanas o caminhoneiro José Aloísio de Almeida Silva, 53 anos, fez de morada provisória um posto de gasolina em Barreiras, no Oeste da Bahia, e quem não deixa ele e outros colegas saírem de lá são as chuvas que têm caído em Salvador.
Com as chuvas na capital, as operações de carregamento de soja nos navios no porto de Salvador estão canceladas, por risco de o grão se perder, caso sejam atingidos pela água da chuva. “Por enquanto vamos nos virando por aqui”, disse Silva.
Na capital baiana, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) espera para todo o mês de abril é 309,7 mm. O dia 20 foi o mais chuvoso do mês, quando o instituto registrou 45,9 mm. Uma chuva é considerada forte a partir dos 50 mm. A previsão do tempo é de mais chuvas para o final de semana.
Na área de estacionamento da Cargill e no pátio do posto há cerca de 30 caminhões, todos carregados de soja. O problema do escoamento, segundo produtores, ocorre não só por causa das chuvas em Salvador, mas também da boa safra deste ano.
Tão boa que a previsão é mais uma vez bater o recorde na colheita, chegando a 5,4 milhões de toneladas. Em 2017, a safra recorde chegou a 5,2 toneladas, aumento de 62% em relação a 2016. A razão do crescimento é o aumento das chuvas na região.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras, Moisés Almeida Schmidt, a soja que está armazenada nos caminhões à espera de ser levada para o porto de Salvador não corre risco de perder, podendo ficar nos caminhões por até um mês, desde que a carga esteja dentro dos padrões de humidade.
O prejuízo, mesmo, está sendo no atraso da venda do grão, cotado nesta sexta-feira (27) a R$ 61,50 a saca de 60 quilos. O problema chamou a atenção dos produtores para terem melhores e maiores locais de armazenamento.
No Oeste, boa parte dos grãos são armazenados em silos, equipamentos cilíndricos que chegam a 10 metros de altura e podem ser de metal, madeira ou concreto onde se guarda de 60 até 6 mil toneladas de grãos.
O valor dos silos varia de acordo com o material e a capacidade de armazenamento. O silo metálico, por exemplo, pode chegar a R$ 300 por tonelada. No Oeste da Bahia, muitos produtores usam silos – não há dados sobre a quantidade de silos na região.
E o acúmulo de caminhões carregados de soja chamou a atenção dos produtores para melhorem a logística e o armazenamento de soja. Muitos deles, inclusive, vão aproveitar a Bahia Farm Show, de 29 de maio e 2 de julho, em Luís Eduardo Magalhães, para tentar negociar a compra de silos.
“O problema de logística e armazenamento ocorre porque tivemos uma colheita muito alta, estamos tendo grande dificuldade de escoamento de safra. O produtor está se virando como pode, armazenando na fazenda”, comentou Schmidt, que está com dois caminhões parados, esperando as chuvas darem uma trégua em Salvador.
“Mas é um problema que o produtor gosta de passar, porque os números as safra da soja são excepcionais”, ele destacou, informando depois que “o produtor está buscando lidar com isso e vai fazer investimentos a partir da feira.”
Na Bahia Farm Show, evento organizado pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), em parceria com a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), dentre outras entidades públicas e privadas, as negociações poderão ser feitas por meio de linhas de créditos de agências bancárias públicas e privadas.
A feira, segundo Rosi Cerrato, coordenadora geral da Bahia Farm Show, deve superar 2017, quando atingiu a marca histórica de R$ 1,5 bilhão em intenções de negócios.
“Acredito que este ano os produtores estarão de olho nas oportunidades de financiamentos de silos para melhorar o armazenamento da soja. E para esses financiamentos ocorrerem será necessário apoio dos bancos também”, comentou.
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Redação iBahia
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