Atendendo a pedidos, voltamos a abordar o tema na coluna desta semana. O risco para algumas profissões representado pelo avanço da tecnologia tem sido pauta comum no noticiário impresso e televisivo e a coluna da ValoRH não poderia ficar de fora. Em umas das matérias veiculadas, em um telejornal de grande audiência, a atividade ligada ao telemarketing era “atacada” por ser considerada uma atividade sem futuro, ao passo que uma gerente de telemarketing “defendia” vigorosamente a profissão com os argumentos acerca da necessidade de interatividade “humana”. Ou seja, segundo esta profissional, a função do operador de telemarketing não poderia ser substituída pela máquina devido à necessidade do “calor humano”, ou seja, na presunção de que algum nível de humanidade seria essencial na relação entre clientes e operadores de telemarketing. Esta relação de humanidade com operadores de telemarketing é de fato bastante discutível e bastante dependente do contexto. Ou seja, se você é um possível cliente, o tratamento poderá ser bastante caloroso, ao passo que uma simples consulta e, pior ainda, a necessidade de cancelar um serviço merecerão tratamento bastante distinto, com receptividade bastante negativa. Em outro cenário, mas especificamente na Inglaterra, trabalhadores articulavam uma greve e protestos devido à iminente substituição de 1000 postos de trabalho em bilheterias por máquinas de venda automática de bilhetes. Geralmente associamos a China a empregos mal remunerados e uma massa infinita de trabalhadores de baixo custo, produzindo bens a custo baixíssimo em decorrência da má remuneração. Este cenário parece estar mudando e por volta de 2019 a China terá 1 milhão de robôs em suas fábricas. Um grande fabricante de produtos na área de Smartphones planeja substituir 1 milhão de empregos de trabalhadores humanos por 1 milhão de robôs.
O Brasil parece muito distante deste cenário de fábricas inteiramente controladas por robôs. Mas, por mais que tentemos proteger o mercado, não poderemos mudar o mundo. O fato é que a tendência irreversível é por fábricas completamente automatizadas, totalmente operadas por robôs e, para tornar o cenário ainda mais obscuro, controladas à distância. Não estamos muito distantes do tempo em que haverá fábricas com um quadro mínimo de funcionários. Este cenário pode ser extrapolado para várias áreas, inclusive depósitos, armazéns e logística. Certamente, um cenário destes não irá se estabelecer no Brasil nem neste nem no próximo ano, e dada as barreiras que volta e meia tentamos levantar contra a penetração de inovações perturbadoras, tais mudanças serão inevitáveis, até mesmo para nós brasileiros nos próximos dez anos. Alguns estudos costumam apresentar as profissões mais promissoras e as mais ameaçadas. Contrariando a opinião de nossa gerente de telemarketing, é fato que esta profissão irá minguar com o tempo e será substituída por softwares e inteligência artificial já disponíveis. As novas gerações enxergam o contato com a máquina com muito mais naturalidade e conforto. Com o avanço de tecnologias denominadas ML (Machine Learning), ou “máquinas que aprendem”, este tipo de profissão, do operador de telemarketing, será extinta em um período de 10 anos, ou menos. Em geral, profissões que requerem atividades repetitivas e fornecimento de informações básicas ou interações não sofisticadas, tendem a ser substituídas integralmente por softwares e máquinas da nova geração. Como regra geral, se uma atividade é de caráter repetitivo e requer baixo nível de cognição, a tendênci a é que ela venha a ser substituída. No Brasil, os baixos salários dos trabalhadores empregados em atividades básicas e rotineiras representa ainda uma barreira. A grande questão é que o custo destas tecnologias vem baixando continuamente. Barrar a entrada de robôs no mercado, como algumas autoridades pretendem fazer contribuirá apenas para a obsolescência e sucateamento total e completo de setores industriais inteiros. Revisitando algumas listas de empregos promissores e avançados podemos inferir que as carreiras ligadas ao trato pessoal e presencial com necessidades especiais de pessoas, sobretudo idosos e crianças estará em alta nos próximos anos. Dentre estas atividades foram destacadas profissões como terapeutas e psicólogos especializados, especialistas em educação especial, terapeutas recreacionais, especialistas em educação em variados níveis, fonoaudiólogos, engenheiros, trabalhadores de mídia, profissionais das artes, médicos, enfermeiros, enfim, profissões que envolvem interação pessoa-a-pessoa. Do outro lado da balança estão os operadores de telemarketing e diversos tipos de profissionais de escritório, como analistas de crédito, auxiliares de contabilidade, auxiliares de escritório em geral, corretores de seguros, agentes de viagem, agentes de carga e diversos tipos de profissão ligados a pesquisa e coleta de informações. Sobretudo estas últimas estão ameaçadas por softwares de inteligência artificial que são capazes de recolher dados, fazer inferências, correlações e filtragem, dispensando todo um setor de empregos ligados a análise de informações e levantamento de dados dentro das empresas. Se você quer saber se o seu emprego está sob ameaça ou se você está pensando em uma profissão do futuro, pense também no mercado. O Brasil está envelhecendo, e rápido. Evidentemente, o mercado específico para a terceira idade vai continuar crescendo, e cada vez mais, ao passo que o mercado infantil tende a estagnar. Isto é decorrência apenas da dinâmica de nossa pirâmide demográfica, e não da tecnologia. Por outro lado, se você desempenha uma tarefa pessoa-a-pessoa que requer elevada interação e dificilmente poderia ser substituída por uma máquina, seu emprego está garantido. Como regra geral, procure imaginar se o seu emprego envolve uma tarefa repetitiva e que requer pouco de sua atividade cerebral. Se você consegue imaginar um robô ou um software dotado de elevado poder de processamento e um poder computacional que imita a inteligência humana em certos aspectos fazendo o que você faz, é bom começar a estudar uma nova atividade. E se você duvida que um robô seja capaz de substituir um humano, saiba que já existe um robô capaz de analisar o prontuário médico de uma pessoa e sugerir tratamento para o câncer, caso a caso. A boa notícia é que, em se tratando de nosso país, ainda há tempo para se preparar ! Caso queira ler mais sobre o assunto, visite nossa coluna de 16/04
Sérgio Sampaio E-mail: [email protected] Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia. |
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