A cerimônia de cremação do apresentador Raimundo Varela foi realizada no Cemitério Jardim da Saudade, localizada no bairro de Brotas, em Salvador. Familiares, amigos, colegas de trabalho e autoridades participaram do momento íntimo nesta quinta-feira (7), mesmo dia em que o jornalista morreu, aos 75 anos.
O corpo do comunicador foi velado desde o início da tarde. Muitas homenagens foram prestadas pelos presentes. Entre eles, o filho mais velho do baiano, Gel Varela. Muito emocionado, ele detalhou como foram os últimos dias do pai. "Meu pai estava sofrendo nos últimos dias. Ele passou um tempo dormindo sem saber se acordaria, tivemos que ter muita habilidade para promover tranquilidade na vida dele", contou à TV Bahia.
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Durante a entrevista, o produtor ainda fez uma homenagem a Varela, falando sobre o sentimento de gratidão por ter sido filho dele, mesmo existindo alguns atritos entre os dois. Após a despedida, o corpo do apresentador será cremado.
"É um sentimento de gratidão por ter sido filho de Varela, o que me abriu muitos caminhos, e a gente teve a felicidade de viver", contou. Varela estava internado na Clínica Florence, que é especializada em cuidados paliativos, desde o dia 23 de agosto.Em nota, a instituição, que fica na capital baiana, lamentou e se solidarizou com os familiares, mas não detalhou qual seria a causa do óbito.
Anúncio da morte
Raimundo Varela Freire Júnio teve a morte anunciada por meio de uma publicação do filho Gel Varela, que se despediu do pai: “Meu herói se foi, cumpriu sua missão. Ele estava sofrendo muitos nos últimos dias”.
Desde a pandemia, Varela estava com a saúde debilitada. Em 2006, Varela chegou a ficar entre a vida e a morte devido à problemas renais e de diabetes. O comunicador precisou ser internado às pressas no Hospital Aliança, em Salvador, e chegou a ser submetido a um transplante de fígado e rim em São Paulo.
A esposa Sheila Varela explicou que os últimos momentos do radialista foram tranquilos, apesar da tristeza com a perda do companheiro. "A gente acha que vai estar preparados, mas não estamos. Varela é um ensinamento, é uma pessoa que é luz, que é força, Eu agradeço imensamente a oração de cada um, agradeço a Record, ao povo baiano, pela força que tem me dado. Varela teve uma passagem de muita paz", contou ela em entrevista à TV Record.
Já a filha mais nova do jornalista emocionou os seguidores ao compartilhar nas redes sociais o último adeus ao pai. "ta ta" foi a minha primeira palavra quando criança, era assim que eu te chamava. sabemos o quanto minha mãe ficou com ciúmes quando te chamei antes de falar "mamãe" você foi a minha primeira referência de colo e proteção e será pra sempre o meu porto seguro. que sorte a minha poder ter o privilégio de ser sua filha e assistir de perto o espetáculo de ser humano que você foi! dedicado, trabalhador, persistente e um pouco ranzinza mas que no fundo tinha o coração mais doce que já conheci! eu te amo eternamente, gordinho e te levarei pra sempre comigo", escreveu.
Amigos e Autoridades
Ao longo do dia, autoridades lamentaram a morte de Varela. Nas redes sociais, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil) disse: "A Bahia perde uma das maiores referências da comunicação. Raimundo Varela conseguiu levar a notícia de uma forma simples e objetiva para as pessoas. Seu jeito questionador, próximo ao povo, mudou a forma de fazer rádio e TV. Que Deus conforte os familiares e amigos!"
Já o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), também se pronunciou nas redes sociais a respeito da morte do comunicador.
"Recebi com pesar a notícia do falecimento de Raimundo Varela, um ícone da televisão e que fez história na comunicação baiana. Varela se vai, mas deixa como legado um jornalismo livre e popular. Meus sentimentos à família, aos amigos e ao público que o acompanhou por tantos anos."
A família recebeu ainda mensagens de Rui Costa, da Casa Civil; de Leo Prates, deputado federal; de apresentadores como Zé Eduardo, Casemiro Neto, e muitos outros amigos. Confira aqui.
Quem foi Raimundo Varela?
Nascido em Itabuna, o comunicador veio morar na capital baiana ainda criança ao lado dos pais no bairro de Periperi, no Subúrbio Ferroviário. Antes de se dedicar ao cargo pelo qual se tornou conhecido em todo estado, Varela foi peão de uma fábrica de cimento no CIA (Centro Industrial de Aratu), diretor de um clube social na Cidade Baixa, taxista e jogador de futebol pelo Leônico e pelo Ypiranga.
A carreira na comunicação teve início em 1977, quando participou de um programa de auditório como jurado no show de calouro 'Show do Big Ben', na TV Itapoan. No entanto, foi o futebol que deu ainda mais voz ao radialista, que cresceu como comentarista esportivo. Varela chegou a apresentar o programa 'Jogo Aberto', na Bandeirantes de 1990 a 1997.
Após sete anos, Varela voltou para a antiga casa, a Record, onde assumiu o 'Balanço Geral', programa que tem o apresentador como uma das marcas mais fortes. O programa também tem a versão na rádio, uma das casas do comunicador. Varela era responsável por comandar a edição do 'Balanço Geral', com uma das maiores audiências da manhã.
Além da carreira na TV, em 2008, Varela flertou com a política e chegou a ensaiar uma pré-candidatura a prefeito de Salvador pelo PRB, onde liderou as pesquisas. No entanto, desistiu da ideia. Em 2010, o radialista apoiou a candidatura da esposa Sheila a deputada estadual.
