Quando a supervisora de vendas Daniela Marins, 25, decidiu sair de São Cristóvão, há quatro anos, queria começar a vida com o marido, o técnico em edificações Alexandre Trindade, 29, em um lugar mais tranquilo do que a capital. Escolheu Buraquinho, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Foi lá que nasceu a filha do casal, Giovana, hoje com 1 ano.
Como ela, o que não falta é gente fazendo a mesma coisa: deixando Salvador e aumentando a família nas cidades da RMS. Só para dar uma ideia, a taxa de crescimento populacional dos municípios metropolitanos pode chegar ao triplo do observado na capital baiana – caso de Camaçari, por exemplo, com 1,79%, contra 0,58% da capital. Dados do Mapa da Violência colocam quatro cidades da RMS entre as mais violentas do país: Mata de São João, Simões Filho, Pojuca e Lauro de Freitas.
Ao Ao todo, nove municípios da RMS têm índices de crescimento maiores do que os registrados na capital. Lauro de Freitas vêm na quarta posição, com 1,67. Os números fazem parte das estimativas populacionais dos municípios brasileiros, divulgadas ontem pelo IBGE. Uma das novidades é que Salvador perdeu o posto de terceira cidade mais populosa do país.
Desde o ano passado, Brasília já dava sinais de que estava acelerando o ritmo. Assim, somos 2,938 milhões de habitantes, contra 2,977 brasilienses. O caso de Salvador é bem parecido com a situação do Brasil, de uma forma geral, já que o país tem registrado queda na taxa de crescimento.
“Outra questão é a taxa da natalidade, já que nascem cada vez menos crianças, apesar da estimativa de vida (ter aumentado)”, diz o supervisor de disseminação de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Urpia. Em Salvador, a taxa de fecundidade é de 1,55 filho para cada mulher. Em Camaçari e em Lauro de Freitas, são, respectivamente, de 1,83 e 1,65. No Brasil, é de 1,94.
Assim, o fato de a capital baiana ter sido ultrapassada por Brasília já estava, inclusive, entre as previsões do órgão de pesquisa desde 2015. No ano passado, quando a população era de 2,92 milhões, a taxa de Salvador era de 0,6%. Brasília, por outro lado, vem com força: são 2,14% de crescimento ao ano por lá.
Ainda segundo Urpia, Brasília ter aumentado não quer dizer que Salvador diminuiu. “Quando você rateia isso entre todos os municípios, a redução é pequena. Mas, a médio e longo prazo, se todo ano (Brasília) começar a crescer mais, essa fatia vai aumentar consideravelmente e os outros municípios vão sentir. Mas tem outros fatores que podem contribuir favoravelmente”, completou, citando que a estabilidade da população soteropolitana pode ajudar no desenvolvimento de políticas públicas para saúde e educação.
Na avaliação de Urpia, o que justifica essa migração para a RMS é que Salvador, em termos de ocupação, não tem grandes novos espaços para crescer na velocidade que precisa. “Quando as pessoas encontram, é com valores mais salgados do que nos municípios do entorno. Por isso, é muito comum que novas famílias sejam formadas nessas regiões, até por conta da proximidade dos grandes centros e pelo fato de que esses municípios têm estruturas cada vez maiores”, explica.
Foi justamente isso que motivou Daniela Marins a trocar São Cristóvão por Buraquinho. “Apesar de lá ser pequeno, tem de tudo um pouco. Considero mais tranquilo, mais acessível. Não deixa a desejar em nada, nem na estrutura, nem serviços ou lazer. Nosso apartamento estava com um preço bom na época. Já tive oportunidade de voltar, mas não quis”, conta Daniela, que continua trabalhando em São Cristóvão.
As duas primeiras posições no ranking nacional não mudaram: São Paulo continua como a cidade mais populosa, com 12 milhões de pessoas. Logo em seguida vem o Rio de Janeiro, com 6,5 milhões. O Brasil tem 206,1 milhões de habitantes, com taxa de crescimento de 0,8% - menor que entre 2014 e 2015, que foi de 0,83%. A Bahia ainda é o quarto maior estado do país, com 15,2 milhões de habitantes, atrás de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Os dados do IBGE no estado ainda evidenciaram as mudanças nos limites territoriais dos municípios, que aconteceram este ano. Cidades como Tucano e Monte Santo tiveram uma redução no crescimento populacional de até 6%. “Essas cidades perderam território e população, por conta dessa reestruturação”. Só este ano, 72 municípios do estado já perderam território.
A estimativa populacional é um dos critérios utilizados pelo Tribunal de Contas da União para calcular o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que é o repasse de recursos federais para as cidades. No entanto, a curto prazo, para o secretário municipal da Casa Civil, Moysés Andrade, as mudanças de Salvador não devem ter muito impacto nos repasses para a cidade.
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Redação iBahia
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