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De entregador a patrão do tráfico, Fal nunca deixava o pagode de lado

Do estágio nas saidinhas bancárias, ele passou a especialista em tráfico de drogas e chegou a mangangão da Comissão da Paz (CP), maior quadrilha de comércio de entorpecentes da Bahia

• 07/06/2011 às 9:09 • Atualizada em 26/08/2022 às 22:58 - há XX semanas

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Entre um passeio de jet-ski e um pagodão encharcado de cerveja, Fal, o maior traficante da Bahia, gostava mesmo é de pagar pau. Mas antes que os mais apressados tirem conclusões equivocadas sobre o rebolado de Fagner Sousa da Silva, cabe explicar: a expressão, no ABC da bandidagem, significa subornar policiais para não ser preso. Foi com dinheiro no bolso e jogo de cintura para seduzir policiais corruptos que o pagodeiro do pó entrou para o crime como reles assaltante e acabou promovido a chefão da maior quadrilha de tráfico de drogas da Bahia, a Comissão da Paz (CP).
FarrasDurante sua gestão, que começou em 2009, se lambuzou e engordou no poder. Farrista, frequentava boates e ensaios de bandas de axé e pagode em Salvador. Em uma dessas festas, no ano passado, só não foi preso por policiais porque, no meio da quebradeira, pagou pau. O homem acusado de despejar centenas de quilos de cocaína em oito barros de Salvador começou a vida profissional como entregador de uma floricultura na Ladeira do Acupe, em Brotas, bairro onde morava com a mãe, dona Consuelo. Moradores da região lembram do temperamento do então adolescente magrinho. “Ele era ótimo, brincava com todo mundo. Ninguém se queixava de nada”, contou um aposentado que há 42 anos mora no Acupe. Mas entre as brincadeiras, Fal começou a se envolver com o crime que batia à sua porta. Na rua Padre Eloy, onde morava, até hoje funciona uma boca. Em 2000, ele abandonou as flores e começou seu estágio no crime. Com uma moto velha e um parceiro do bairro, João Cardoso Neto, o João Gordo, entrou para o ramo da saidinha bancária, que, em entrevista ao CORREIO, Fal disse ter sido seu primeiro trabalho. A primeira das seis prisões foi em 16 de agosto de 2001. À época, ele ainda não tinha o cacoete do crime. “Ele era um ladrãozinho bunda mole. Não tinha a malandragem dos outros, não dava testa”, lembrou um policial que acompanhou a alfabetização criminosa de Fal. Como começou a ser alvo fácil da polícia, que já sabia onde ele morava, em 2003 Fagner resolveu se mudar para a Ladeira de São Cristóvão, no Largo do Tanque. Lá, atuando na região da Liberdade e Cidade Nova, área comandada pela quadrilha do traficante Éberson Souza Santos, o Pitty, fundador da CP, Fal começou a se especializar em assaltos e no comércio de entorpecentes. O mergulho de Fal no crime o levou para Campina Grande, na Paraíba, onde foi preso por assalto em 2003. Foi na Casa de Detenção Presídio Monte Santo que o assaltante do Acupe fez sua pós-graduação e começou a ganhar corpo no crime.
EspecializaçãoDentro do presídio se articulou a traficantes de outros estados e começou a se aproximar de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção fundada em São Paulo.Condenado a 13 anos e oito meses de prisão pela 4ª Vara Criminal em Campina Grande, Fal escapole do presídio junto com 17 companheiros em outubro de 2006. De volta a Salvador, ele ocupa o segundo escalão da CP e mantém ligações com o PCC.A ascensão na organização começa com a prisão, em novembro de 2008, de Cláudio Campanha, que havia virado chefe da quadrilha após a morte de Pitty. O braço direito de Campanha, conhecido por Seu Peste ou Sonhador, assume a CP, mas é morto em 2009 e Fal se torna o manda-chuva do tráfico na Bahia.Apegado às origens, apesar da ascensão no tráfico, Fagner não esqueceu do Acupe. Então, passou a abastecer o bairro de pó. “Os caras andavam armados. Eles recebiam a droga de Fal”, disse um policial.PatrãoO poder fez do assaltante magrelo um cevado chefão amante da boa vida. Com dinheiro, Fal deu vazão ao consumo e à vaidade. Entre os mimos, comprou um jet-ski para dar umas bandas na Baía de Todos os Santos e fez plástica para tirar uma cicatriz que lhe cortava a bochecha esquerda, consequência de um acidente de moto.Mudanças como esta surpreenderam moradores do Acupe. “Quando eu vi a foto dele, nem reconheci. Só depois me disseram que era o Fal. Ele era bem magrinho”, contou uma antiga moradora do bairro.
Na condição de barão do pó, Fal dava rolé de jet-ski no mar da Bahia, mas foi rendido pela polícia e agora tem que se acostumar com o clima do presídio de segurança máxima
Disque-denúncia mais movimentado depois de baralho As ligações para o Disque-denúncia (3235-0000) cresceram após a prisão de Fal. O motivo do aumento é a divulgação, no site da Secretaria da Segurança Pública, de um baralho com as caras dos bandidos mais procurados pela polícia na Bahia. A secretaria informou que ainda não contabilizou a quantidade de ligações, mas garante que a procura cresceu desde sexta-feira, dia seguinte à prisão de Fal. A secretaria informou ainda que analisa a possibilidade de disponibilizar o download do acervo de cartas, para os internautas terem sempre acesso ao material. Com a queda do Ás de Ouro, o mais procurado pela polícia agora é Marcelo Henrique dos Santos, o Elias ou Pinto. Ele é o Rei de Ouro do carteado. Filho de um sargento da PM, Elias atua na comunidade de Boqueirão, no Nordeste de Amaralina.

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