Debates, pesquisas eleitorais, santinhos e adesivos com números de candidatos. Para a maior parte dos baianos, a alardeante briga por votos terminou no dia 28 de outubro, com o fim das eleições municipais, mas para os 18 mil membros da seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) o clima eleitoral continua. Na próxima quinta-feira, o procurador Luiz Viana Queiroz, o conselheiro seccional da OAB-BA Maurício Góes e Góes e o atual vice-presidente da Ordem, Antônio Menezes, concorrerão pela presidência da OAB-BA, encerrando uma campanha que teve direito a contratação de equipes de marqueteiros, troca de farpas, debates e até realização — e contestação — de pesquisas. “A gente traçou uma estratégia de comunicação para dar visibilidade ao candidato. As duas grandes frentes de trabalho foram a internet e a panfletagem”, explica o marqueteiro André Manta, coordenador da campanha de Viana, da chapa Mais OAB. “Trabalhamos massivamente no Facebook. É a principal ferramenta ao lado do site”, diz Manta, que conta com outros três assessores.
Já o coordenador da campanha de Góes e Góes, Matheus Chetto, diz que quando o seu grupo, Dignidade e Juventude, entrou na disputa, as outras campanhas já estavam estruturadas. “Tivemos que buscar uma estrutura mais profissional”, conta. Para tornar o candidato conhecido, a chapa contratou uma agência de publicidade, uma empresa que auxilia em mídias sociais e duas assessoras de imprensa. O atual vice-presidente e candidato Antônio Menezes diz que houve uma “profissionalização da campanha da oposição” este ano. “Fomos pegos de surpresa com essa avalanche de outdoors e panfletos”, afirma Menezes. AcirramentoOs três advogados que tentam a sucessão presidencial da Ordem faziam parte da gestão de Saul Quadros. Para o presidente da comissão eleitoral da OAB-BA, Ademir Ismerim, esse passado em comum contribuiu para o acirramento da disputa, assim como o próprio perfil da profissão. A corrida eleitoral da OAB-BA coincidiu ainda com a campanha para prefeitos e vereadores, o que, segundo Ismerim, incitou o uso de técnicas de marketing. “A eleição (da OAB-BA) sofre reflexo da eleição municipal”, avalia Ismerim. Os mandatos dos presidentes da OAB-BA e das seccionais duram três anos, portanto, de seis em seis anos a votação da entidade é realizada no mesmo ano que uma campanha político-partidária. CustosSegundo o marqueteiro de Menezes, a corrida pela presidência da Ordem não é tão cara quanto as eleições político-partidárias, já que não há propagandas em TV e rádio. No entanto, o candidato à vice da chapa de Menezes, Nei Viana, acusou o grupo de Viana de obter financiamento externo, o que é proibido pela Ordem. “Nossa campanha é toda custeada por advogados. Pagamos nossas contas por meio de vaquinha entre os 86 integrantes da chapa. Não há nada disso de campanha milionária”, defende-se Viana. Apenas a chapa Dignidade e Juventude revelou os gastos até então. De acordo com o coordenador de campanha, a disputa já custou aos bolsos dos aliados de Góes cerca de R$ 60 mil. “O caixa que conseguimos arrecadar foi menos que o orçamento que prevíamos, de R$ 200 mil”, afirma Chetto. Candidatos participarão de debate na Ufba na segunda-feiraOs candidatos vão participar na segunda de debate organizado pelo Centro Acadêmico Ruy Barbosa (Carb), na Faculdade de Direito da Ufba, no Canela. Durante a campanha, as chapas de Viana e Menezes protagonizaram um fogo cruzado. A polêmica foi o apoio do ex-presidente da OAB-BA Dinaílton Oliveira Viana, que teve as contas de 2004 e 2006 —período em que comandava a seccional baiana — negadas pelo Conselho Federal da OAB e responde a processo criminal por apropriação indébita previdenciária, perdendo o direito de ser candidato. Oliveira, porém, diz que não concorreu porque não quis. “O que ganharia? Nada. Sempre disse que se aparecesse um candidato com nossas propostas, eu apoiaria”. Os candidatos trocam acusações: “Oliveira fez aliança com o grupo Mais OAB e indicou (nomes) para cargos estratégicos”, ataca Menezes. “Não houve qualquer barganha por esses apoios e é importante dizer que as pendências que Dinaílton tem, ele está resolvendo nos órgãos competentes”, diz Queiroz. Já o grupo de Queiroz acusou a chapa de Menezes de distribuir panfletos apócrifos (sem identificação) sobre o apoio de Oliveira ao concorrente. “É leviandade. Teve panfletos sobre o apoio do 'ficha suja', mas não foram apócrifos e não foi nossa chapa que fez”, diz o vice-presidente da OAB-BA. Góes lamenta o clima. “Nunca vi tal nível de influência política e financeira e até de uso da máquina da OAB. Prefiro não ganhar do que entrar nessa baixaria”, diz. Nem as pesquisas ficaram livres das polêmicas. No último dia 12, a Comissão Eleitoral da OAB-BA suspendeu uma pesquisa da Dataqualy publicada no dia 7. “Era o último dia para registrar pesquisa e faltando poucas horas, eles apresentaram e divulgaram a pesquisa. Foi fajuta”, ataca Menezes. O levantamento havia apontado a vitória de Viana, com Menezes em seguida e Góes em último. Já a pesquisa da E-Leva indicou que Menezes ganhará mais votos, Viana em 2º e Góes na lanterna. A comissão também proibiu a divulgação do levantamento porque a pesquisa não foi registrada e divulgada no período determinado. Matéria original: Correio 24h Eleições para OAB têm marqueteiros, debates, troca de farpas e pesquisas
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