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Especialista analisa o ensino brasileiro e a mudança no Fies

Quem é a A Pátria Educadora? Questionamento é tema da Coluna ValoRH da semana

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18/03/2015 às 10:34 • Atualizada em 27/08/2022 às 11:32 - há XX semanas
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A Pátria Educa? Depende. E assim, com esta resposta difusa, poderíamos encerrar o nosso artigo, mas ao invés de simplesmente fazê-lo, podemos tentar tirar algumas lições do mote da hora, ou seja, tentarmos entender o que significa exatamente “A Pátria Educadora”, um jargão bem em voga atualmente. Evidentemente, por se tratar de um sujeito inanimado, um tanto quanto abstrato, dado que não sabemos exatamente quem é a Pátria, fica claro que um ser inexistente não pode verbalizar ou agir, motivo pelo qual não poderia existir uma “Pátria Educadora”. Então, quem educa, afinal ? Com certeza nunca foi a pátria. A educação é algo que é construído mais perto da família, começando pela própria família, pelo círculo de relações e a escola onde seu filho esteja matriculado, seus professores do dia a dia. E isto nada tem a ver com um apelo patriótico. A educação não é uma guerra, mas um processo que começa desde o primeiro dia de vida. A educação integra a nossa vida tal e qual os alimentos e o ar que respiramos. Trata-se, portanto, de um item essencial à vida e é universal, jamais patriótico. Para quem já completou o ciclo fundamental e o ensino médio, a questão passa a ser como superar os difíceis 4, 5 ou 6 anos de estudos na Universidade. Neste momento, em geral, as famílias já exauriram os seus recursos e se deparam com uma barreira financeira. Os filhos já são grandes o suficiente para se virarem completamente sozinhos nos estudos, mas poucos possuem condições financeiras de arcar com eles. Dado que existe o sistema público, este poderia ser visto como uma solução, até mesmo porque o sistema de cotas poderia atender estes alunos com grande potencial de aprendizado, mas carentes financeiramente. E é aqui que nos deparamos com mais uma das grandes contradições e inconsistências de nosso sistema educacional. O ideal, de fato, é que a grande maioria dos egressos do ensino médio pudesse continuar os seus estudos. E o fato é que o ensino universitário vem se tornando cada vez mais um “ensino de terceiro grau”. Hoje já não causa grande admiração ser formado no ensino superior. Dado que o ensino é algo contínuo, espera-se do graduado de hoje que faça especializações, ou pós, ou cursos que engendrem certificações, durante toda a vida. Um dos grandes viabilizadores desta disseminação foram sem dúvida os meios eletrônicos de aprendizado. O fato é que na Universidade dificilmente o estudante aprenderá algo cujo conhecimento já não esteja amplamente disseminado ao redor do mundo, em livros, meios eletrônicos e incontáveis publicações. Para resolver isto, no final da graduação, os melhores cursos propõem algum tipo de incentivo à inovação. Este cenário revela portanto que o ensino de graduação tem se massificado e o governo jamais teria os recursos necessários para expandir o sistema de ensino. Foi por isto que o governo criou o Fies. Ora, sai muito mais barato financiar o estudante de graduação, com juros subsidiados, que seja, do que abrir mais e mais vagas no sistema público. Isto seria impossível para o governo. Um estudante de graduação no ensino privado, e mesmo que fosse integralmente bancado pelo governo, custaria muito mais barato do que na escola pública. Em função disto, contratos foram firmados e expectativas criadas. Como sabemos, 2014 foi um ano eleitoral, e não por acaso abriram-se muitas facilidades para o acesso do estudante ao FIES. No jargão popular, abriu-se a porteira. Passadas as eleições fechou-se a porteira. O problema, é que no curral da porteira não cabia tanto estudante e desta forma, alguns tiveram que ser sacrificados. Mas não eram poucos e aí o sistema desandou. Tudo funciona ao exemplo das fábulas mais caricatas, mas é fato também que nossa tradição mande arrumar culpados e o melhor culpado é sempre o outro. Neste caso, é melhor culpar as instituições de ensino superior e fazer transparecer que a incompetência era delas. Quase deu certo, não fosse a correlação que todos começaram a fazer com outros desacertos governamentais. A questão que se coloca agora é: Quem é a A Pátria Educadora ? Se não conseguimos identificar o sujeito da pergunta não podemos culpar ninguém, não é mesmo? O fato é que tal Pátria Educadora não existe e devemos buscar a educação ao nosso redor, seja lutando pelos direitos e cobrando o governo para que honre os contratos assumidos e respeite as expectativas criadas, seja cobrando a nós mesmos, nos empenhando para buscar a informação em todo e qualquer lugar. O mundo do conhecimento está aí posto e A Pátria Educadora não é nada mais nada menos do que nós mesmos. Do Governo, devemos cobrar que honre os compromissos assumidos e não puxe o tapete de quem votou, ou não votou, nele. O Governo deve aprender, portanto, uma lição dada pela Pátria, dado que certamente Governo não é Pátria: não será aceito rasgar contratos e compromissos.

Sérgio Sampaio E-mail: [email protected] Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.

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