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Especialista fala sobre as dificuldades de ser um gerente

Pressão pode provocar depressão em quem estiver no cargo

• 25/02/2015 às 11:26 • Atualizada em 28/08/2022 às 14:36 - há XX semanas

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Quem exerce cargo gerencial há algum tempo, ou experimentou exercer esta função por algum tempo sabe o que estamos querendo dizer com a “síndrome da depressão gerencial”. Quem já exerceu esta função sabe o quão frustrante, exaustiva e decepcionante pode ser a sensação de “estar gerente”, sabe-se lá até quando... Afinal, é uma posição em que você é criticado pelos subordinados, muitos dos quais eram seus colegas e companheiros não faz muito tempo, e também é apedrejado pela alta direção. No final das contas, é tudo culpa da incompetência dos gerentes, não é mesmo ? Não sem razão, inúmeras matérias jornalísticas, livros, pesquisas e sites tratam do assunto “A culpa é do gerente”. Faça uma breve pesquisa através do seu mecanismo de busca preferido empregando estes termos e você se espantará com a quantidade de artigos e livros que tratam deste assunto. Por outro lado, tem sido sintomática a dificuldade que muitas empresas apresentam para recrutar bons gerentes. Uma primeira questão que se coloca é que o cargo de gerente requer habilidade no trato com as pessoas. É aí que coisa complica, pois o gerente terá duas opções, ou se abstrair completamente dos problemas humanos, tratando a todos como máquinas de produção, ou poderá se envolver demasiadamente, além da fronteira permitida, com os problemas pessoais de cada um. Há que se encontrar um equilíbrio. E onde está este equilíbrio ? Não por acaso, muitos excelentes profissionais que executam muito bem suas tarefas individualmente, com zelo, dedicação e competência, simplesmente não conseguem incutir em seus subordinados os mesmos valores e expectativas, cobrando resultados que esperaria “se todos fossem iguais a ele...”. Mas não o são. Por outro lado, muitas cadeias de comando atribuem ao gerente uma determinada quantidade de atribuições, poderes e metas que, dados os recursos oferecidos, são evidentemente inexequíveis e, invariavelmente, o gerente as aceita, seja por medo de perder o cargo, seja pelo excesso de apego ao mesmo, ou por vaidade. Para ser um bom gerente é fundamental, portanto, o desapego ao cargo, e estar disposto a brigar pelo que considera certo, apresentar seus pontos de vista perante a corporação e discordar, isto mesmo, discordar quando o que lhe é designado não possui o suporte adequado da companhia. É certo que muito das razões da infelicidade, ou seja, a “depressão do gerente” advém da aceitação submissa, movida quase sempre pelo medo de perder o cargo, de metas inalcançáveis, sem que se tenha levantado uma única objeção. Se o gerente aceitar metas que de antemão são sabidamente inexequíveis, estará cavando o poço da depressão logo na partida, no início da temporada. Contudo, não é tão simples apresentar objeções. A diretoria das empresas não tolera o “isto não é possível”, sem um embasamento sólido,e obstar desta forma é um convite para perder o cargo logo de saída. O que nós brasileiros precisamos desenvolver em todos os níveis é o apreço ao raciocínio lógico – esta entidade tão negligenciada , bem estruturado, com causa e consequência. Muitas vezes ouvimos aquela interjeição: “quer que eu desenhe para você ?”. Mas é disto que se trata ! O gerente, ao receber uma missão/meta, deve se perguntar se a meta é de fato alcançável e como pode ser alcançada. É preciso realizar um exercício exaustivo e, se necessário for, desenhar como se pode alcançar aquele objetivo. E, se ao final deste exercício, algo estiver faltando, deve ser comunicado à direção da empresa. Portanto, não existe nada de errado em contestar uma meta, desde que esta contestação esteja baseada em estudo, análise, e de preferência uma diagramação lógica, até mesmo no formato de uma apresentação, que é a única forma de sua opinião ser respeitada, cuidando para que seja muito bem documentada. Em todo o caso, servirá ao menos para desviar a culpa no momento da cobrança, que certamente virá. Se você compartilha com a alta direção os argumentos lógicos e racionais que podem tornar a meta inalcançável, estará pelo menos compartilhando a responsabilidade com eles. Sim, existe a “caça aos culpados”. Esta é uma mania de nossas corporações. Algo deu errado, então puna-se e “demita o miserável”. O gerente, nestes casos, é a “bucha de canhão”, o gerente-bucha, em outras palavras, é aquele sujeito que foi colocado naquele cargo para ser detonado quando as coisas derem errado, e é aí que se sentencia: “a culpa é do gerente !”, ainda que saibamos que a culpa é da organização, da diretoria e do presidente, que escolheram os gerentes inadequados e estabeleceram metas sabidamente impossíveis de serem alcançadas. Por outro lado, o gerente muitas vezes é aquele sujeito que foi destacado para dar as más notícias aos funcionários subordinados, e é orientado a sempre dizer não, servindo de colchão entre a diretoria e os funcionários. Esta tradição contudo, vem sendo colocada cada vez mais em xeque, dado que os profissionais estão cada vez mais cientes deste tipo de “estratégia” e muitas empresas acabam encontrando dificuldades em encontrar quem aceite trabalhar nestas condições, deparando-se com inesperada declinação da parte dos funcionários e a resistência em aceitar determinados postos de comando. Para quem nunca exerceu um cargo de gerência, há uma oportunidade muito grande de crescer na carreira, mas é importante fazer um checklist pessoal, isto é, auto-avaliar-se quanto ao seu perfil. Se achar preciso, consulte um orientador profissional antes de aceitar um cargo gerencial, que poderá trazer-lhe uma alegria imediata mas uma depressão profunda no longo prazo, e avalie muito bem as condições, metas, recursos e grau de liberdade para poder sugerir mudanças de rota junto à direção. Há muito mais para se falar a respeito deste assunto, que iremos abordar nas próximas semanas, mas tenha em mente que muitas vezes a depressão do gerente advém de vários fatores, sendo a inaptidão para lidar com pessoas um dos principais. Mas há outros, como aceitar metas impossíveis ou impensadas. Por fim, pense que sua felicidade vem em primeiro lugar.

Sérgio Sampaio E-mail: [email protected] Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.

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