Quando Steve Jobs morreu uma grande comoção tomou conta do mundo da tecnologia e até mesmo daquelas pessoas que não possuem qualquer tipo de ligação especial com o meio. Ninguém duvidava então que um grande talento havia partido. Incensado por uma multidão de admiradores, sua aura de gênio e visionário continua a pairar sobre o mundo.
Mas será mesmo que o mundo seria tão diferente se Steve Jobs não tivesse existido ? Bom, podemos dizer que a Apple como marca não existiria e uma estética diferente teria assumido o seu lugar. Porém, é pouco provável que, a despeito de marcas, design e dominâncias, a tecnologia atual não fosse bastante semelhante à que temos hoje.
O fato é que as invenções tecnológicas seguem um movimento inexorável de inventividade. Sabemos que Steve Jobs não inventou o mouse nem o conceito de janelas. Mas ele teve o mérito de identificar talentos e formar equipes que trabalhavam em uma direção ditada por ele. Steve Jobs não era um programador nem sabia absolutamente nada sobre os fundamentos do funcionamento de seus sistemas. Quem construiu a primeira versão do computador Apple foi seu amigo e engenheiro Steve Wozniak.
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Bill Gates, embora não tenha escrito o DOS – esta é uma outra estória, construiu um sistema de interpretação de linguagem, BASIC, praticamente sozinho. Mais tarde ele lembraria que tinha aquelas codificações em sua memória. Um gênio como Bill , em sua época, era capaz de construir e codificar um sistema sozinho.
Steve Jobs se foi e Bill Gates hoje curte a melhor aposentadoria do mundo. Líderes que se sobressaem continuam aflorando e novos líderes surgirão na esteira do tempo, sem sombra de dúvidas. O que tem mudado é que tem sido cada vez mais difícil um gênio surgir com a pedra filosofal de alguma coisa sem que para isto tenha que ter contado com uma equipe. No caso do Mike Zukerberg, o inventor do Facebook, ele jamais teria conseguido construir esta plataforma sem um grupo de programação. Aqui já tinha uma equipe. E a ideia dele sequer era original, contando com diversos concorrentes. Mas o mercado premia quem se estabelece e não quem aparece primeiro.
O que diferencia estes líderes é a capacidade de juntar talentos e fazê-los trabalhar em equipe e não como gênios solitários. Dificilmente haverá um novo gênio que sozinho, do nada, traga um produto completamente original. O exemplo da informática é sempre mais dramático dada a sua rapidez e volatilidade, o que permite depreender as transformações da sociedade e dos negócios com uma dinâmica muito mais acelerada.
"O que diferencia estes líderes é a capacidade de juntar talentos e fazê-los trabalhar em equipe e não como gênios solitários" |
Extrapolando para o mundo dos negócios, o que ocorre, hoje, é que a complexidade das tarefas é tão grande que não é possível, a ninguém, deter o conhecimento supremo acerca de qualquer rotina ou processo relevante. Esse novo ambiente de trabalho exige um tipo de diferente de talento, que é o de saber agrupar e colocar todos os membros de uma equipe para trabalhar na mesma direção e engajamento. Este fator se torna cada vez mais crítico quando se observa que para determinados tipos de atividade não é mais possível acompanhar o desempenho individual. Nestes casos, o grupo trabalha como uma única entidade.
É aqui que a vaidade, o excesso de autoconfiança, individualismo, arrogância e competição podem destruir todo o trabalho de uma equipe. Talento, além de competência, também se traduz em cooperação e compartilhamento. Vale muito mais um profissional que é capaz de dividir o seu conhecimento com os demais distribuindo equitativamente as tarefas, do que aquele que, por julgar deter um conhecimento especial, fecha-se em copas para valorizar-se perante a empresa.
Como o conhecimento da totalidade é cada vez mais complexo, o talento passa a ser grupal e a busca pelo conhecimento se traduz em uma atitude para com o coletivo.
Sempre haverá campos para o despertar do talento individual, mas este passará a ser um espaço cada vez mais restrito e raro. Mais seguro seria se você, que se considera um ser especial, se tornasse mais aberto ao trabalho cooperativo. Seu talento será muito mais apreciado desta forma e, até mesmo, potencializado.
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Sergio Sampaio
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Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia. |