A organização do Festival de Jazz do Capão anunciou nesta segunda-feira (18) o cancelamento da edição que aconteceria neste ano. A informação foi divulgada na página no Instagram do evento, que costuma reunir centenas de pessoas no Vale do Capão, que fica na cidade baiana de Palmeiras, na Chapada Diamantina.
Em um vídeo que detalha a decisão, o diretor do festival, Rowney Scott, denunciou a falta de edital da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult). Ele alega que o apoio vinha sendo buscado desde janeiro, quando um grupo com organizações de eventos calendarizados, como é o caso do festival, protocolou uma carta destinada ao secretário Bruno Monteiro, solicitando uma reunião para tratar da continuidade do certame.
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"Nós nunca fomos recebidos pelo secretário, que sequer repondeu nossa carta. Isso é inaceitável. Uma falta de consideração e de interesse inconcebíveis, para um secretário que prometeu dialogar e estar atento aos fazedores de Cultura e às suas produções", disse.
Ainda segundo Rowney Scott, em abril, depois de uma reação forte, por conta do cancelamento do VIVADANÇA - que é outro grande evento calendarizado do estado -, a Secult postou no Instagram a notícia de que o edital iria ser lançado, mas nada foi feito até então, e a maioria dos eventos não aconteceu.
"O Festival de Jazz do Capão já superou a censura de um governo fascista e com certeza sobreviverá a mais esse momento difícil e inesperado", pontuou. Assista abaixo
O festival tem 14 anos de existência, com 10 edições realizados. Ele é gratuito e movimenta o cenário cultural e econômico da região, que fica a cerca de 500 km de Salvador, com shows, workshops e outras atrações. Nomes como Egberto Gismonti, Dori Caymmi e Joyce Moreno já passaram pelo evento.
Antes do cancelamento, a organização chegou a tentar captação de recursos para garantir a edição 2023 nas redes, sem sucesso.
"Essa é uma realização baiana, que entrega um produto cultural de nível internacional, que descentraliza e democratiza a Cultura, e que zela pela ecologia da natureza preciosa da Chapada Diamantina", contou Rowney Scott.
Em nota enviada ao iBahia, a Secult reconheceu a importância do Festival de Jazz do Capão e garantiu o lançamento de um novo edital para eventos calendarizados ainda neste ano. Segundo a pasta, o certame anterior inspirou no ano passado. Veja a nota na íntegra abaixo
O que diz a Secult
"Reconhecemos a importância do Festival de Jazz do Capão e dos demais eventos calendarizados do estado da Bahia. No entanto, nos cabe esclarecer que o Edital de Eventos Calendarizados teve seu prazo encerrado em 2020 e foi estendido pela gestão passada, o que garantiu o financiamento dos eventos em 2021 e 2022 sem precisar disputar um novo edital. Esse prazo encerrou em dezembro de 2022.
Desde o início da atual gestão, temos trabalhado para lançar um novo edital atendendo os novos marcos legais do MROSC, com uma execução garantida de no mínimo 3 anos de financiamento aos eventos contemplados, inclusive prevendo uma ampliação na quantidade de eventos atendidos. Com certeza teremos à frente a continuidade de eventos e manifestações culturais tão importantes para nosso calendário baiano, após esse necessário ajuste legal. Ainda este ano o novo edital será lançado para apoiar eventos calendarizados a partir do ano que vem".
Redação iBahia
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