Com o desemprego batendo na porta de muitos brasileiros e a previsão de reduzir pela metade o número de vagas em concursos públicos federais, a carreira militar pode ser uma alternativa para quem busca estabilidade financeira e profissional ainda este ano. Apesar de não haver um número de vagas definido, hoje, há mais de 4 mil oportunidades em aberto (confira tabela ao lado). De acordo com estimativa das Forças Armadas (Aeronáutica, Exército e Marinha), juntas elas abrem aproximadamente 11,5 mil oportunidades todos os anos via seleção pública (que garante estabilidade), em cargos de diversos tipos de escolaridade.
O interessante, pelo menos para os concurseiros, é o fato das Forças Armadas terem um calendário anual de seleções. Ou seja, eles são realizados com ou sem crise, diferentemente de certames para outras oportunidades. Talvez o que possa variar é o número de vagas. O tenente-coronel do Exército, Antonio Machado Lamas, lotado no Departamento de Educação e Cultura do órgão, explica que isso acontece por conta da renovação da carreira militar. “Exige o vigor da saúde. As atividades no início da carreira exigem força, coragem e determinação. Por isso, todo ano esse ciclo precisa ser renovado”, diz ele, informando que o Exército abre em média 2 mil vagas por ano. Enquanto isso, na Aeronáutica aproximadamente 6 mil vagas são geradas em 13 processos seletivos todos os anos, incluindo os de ascensão profissional para quem já é militar da Força Aérea. Apesar da grande oferta, há uma concorrência significativa. Segundo dados do órgão, em 2014, a seleção para o Curso de Formação de Sargentos – Especialidade Controle de Tráfego Aéreo - foi a mais disputada pelos candidatos, com uma concorrência de 329,28 candidatos por vaga. Em segundo lugar ficou o concurso para Oficial Aviador, com 173,94 candidatos por vaga. Seleção Apesar de responder apenas pelo território aéreo, a Aeronáutica diz que o ingresso nas três forças é similar, as atividades que são peculiares. “Temos praticamente as mesmos áreas de competência e formas de ingressá-las. O que muda são aspectos práticos da maneira como é realizado o Exame de Admissão”, afirma o órgão, por meio da sua assessoria de comunicação. O Ministério da Defesa, também por meio da assessoria, explica que os órgãos são responsáveis por elaborar os seus respectivos editais, determinando a quantidade de vagas, os critérios e a formação dos aprovados. “A Defesa, entidade que atua no nível político e estratégico, não interfere nessas regras”. O tenente coronel do Exército informa ainda que há duas formas de ingressar na corporação: através do serviço militar, que pode ser obrigatório (jovens que completam 18 anos) ou temporário (seleção), e através de concurso público. “O concurso é para quem pretende fazer carreira. Caso contrário, a permanência máxima é de oito anos”. No Exército, assim como nas outras forças, há oportunidades para quem tem nível médio e superior, inclusive para profissionais que não querem atuar na linha bélica. “Em Salvador, por exemplo, fica a nossa Escola de Formação Complementar, que possibilita o ingresso de profissionais de ambos os sexos já graduados no ensino superior com idade entre 20 e 36 anos”. Vantagens Quando se pensa em militarismo, duas ações antigas vêm logo à cabeça: o ato de marchar e o de prestar continência. Mas não só de muita disciplina e hierarquia (implícitas) vivem os militares. Entre as vantagens de fazer parte do serviço está o “plano de cargos e salários” pré-definido. Na Marinha, que abre cerca de 3,5 mil vagas por ano, por exemplo, o candidato ingressa como praça ou oficial nos diferentes quadros do órgão. “À medida que ele vai realizando cursos e observados os requisitos de promoção, dentro do interstício (tempo mínimo em cada graduação ou posto), o militar vai galgando novas posições”, explica o capitão-de-corveta, João Bôsco Monteiro Queiroz, do 2º Distrito Naval. Os salários nas três forças variam a depender do cargo, mas podem chegar a R$ 22,3 mil para os oficiais-generais de quatro estrelas. E foi com esse plano de carreira definido e com muita determinação que o capitão-tenente Luis Felipe, de 41 anos, chegou ao atual cargo. Influenciado pelos colegas e pela estabilidade financeira, ele começou a servir à Marinha com 17 anos, ao entrar para a Escola de Aprendizes-Marinheiros, que está com inscrições abertas hoje para 2,2 mil vagas. “Apesar de ter feito o concurso por oportunidade, sabia o que vinha pela frente. Para começar, passei um ano praticamente longe da família”, conta ele, revelando um dos lados “negativos” da carreira militar. Ele diz que já ficou seis meses em uma missão, longe de casa. “Dentro da força tem ‘N’ sacrifícios, mas o maior é a distância do lar. Por isso, o desprendimento tem que ser total”. Outra coisa que deve ser levada em consideração pelos concurseiros, que estão atrás de “sombra e água fresca”, é o fator de militar trabalhar em regime de escala (isso inclui sábado, domingo, feriado e datas comemorativas, como Natal e Carnaval) e, na maioria das vezes, não têm hora para sair. Talvez seja por isso que, quando eles vão para a reserva (aposentadoria), continuam recebendo o mesmo salário dos que estão na ativa.
Para o capitão-tenente da Marinha, Luis Felipe, o maior sacrifício dentro da carreira militar é distância do lar (Foto: Mauro Akin Nassor) |
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