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Garota tirada da mãe e levada para Portugal pode sofrer danos psicológicos

Em situações de litígio, as separações podem ser traumáticas, principalmente se a criança for obrigada a tomar partido na briga

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24/12/2011 às 10:15 • Atualizada em 27/08/2022 às 4:06 - há XX semanas
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Convívio foi rompido abruptamente por força de uma ação movida por um português
Quando um casal se separa, a mudança de ambiente, o convívio menos frequente com um dos pais e a própria alteração na mudança na estrutura familiar podem, por um período, causar tristeza, ansiedade e até queda no desempenho escolar dos filhos. É o que apontam especialistas em relação ao caso da garota Maria Clara, 6 anos, levada para Portugal pelo pai, José Eurico Rodrigues Santana. Em relação ao episódio envolvendo o ex-marido da universitária baiana Adriana Rocha Botelho, há ainda o afastamento geográfico, que torna sua situação ainda mais complexa. “Esta criança precisa de apoio para que possa elaborar a perda do convívio e a saída do ambiente em que ela estava”, explica a psicóloga Sandra Rolemberg, especializada em terapia familiar. TraumasEm situações de litígio, as separações podem ser traumáticas, principalmente se a criança for obrigada a tomar partido na briga. Essa e outras atitudes podem gerar a Síndrome da Alienação Parental (SAP), que acontece quando um dos cônjuges “treina” os filhos a romper seus laços afetivos com a outra parte em disputa. Não deixar o ex-cônjuge participar das decisões, omitir fatos importantes, impedir as visitas e agir para difamar a outra parte são formas de desencadear o transtorno. “A síndrome inclui, entre outras coisas, a criação de falsas memórias, como de abuso, por exemplo, induzidas pelo discurso do responsável que está próximo da criança. Isso tem grandes repercussões psicológicas e na vida escolar”, aponta a especialista. O defensor público federal João Paulo Lordelo, que está cuidando do caso Maria Clara, classifica a postura do pai, que não queria permitir a despedida entre mãe e filha e que até o momento não possibilitou o contato por telefone, como um típico caso de alienação parental. “Eurico argumentou no processo que houve alienação parental por parte de Adriana, o que nunca existiu, visto que as visitas estavam ocorrendo regularmente. O afastamento do pai se deu devido às alegações de ameaças e agressões cometidas por ele. Com esse comportamento, ele é que está gerando alienação”, justifica Lordelo. O defensor ainda pontua que, se a alienação for comprovada, pode auxiliar na volta de Maria Clara ao Brasil. “Isso representa dano psicológico à criança. Temos que ver o melhor interesse para o menor”, avalia. Além dos sintomas emocionais, como ansiedade, agressividade, depressão e déficit de atenção, a criança ou adolescente pode apresentar também sintomas físicos, que incluem choro e fome em excesso, falta de apetite e dificuldades para dormir. Se os sinais aparecerem, os responsáveis devem procurar ajuda profissional. Para Sandra Rolemberg, o acompanhamento deve ser feito mesmo antes de surgir qualquer problema. Quanto à Maria Clara, ela opina: “É interessante que ela seja acompanhada no processo. Até os pais poderiam ter o apoio de um profissional, porque é um processo difícil de lidar”. AlteraçãoO grande número de separações e divórcios facilitados pelas mudanças na lei brasileira vem alterando o padrão de comportamento familiar. Segundo dados do IBGE, foram registrados 243.224 divórcios, o maior número desde 1984. Não que seja um problema: às vezes, pelo fim do sentimento, ou por violência, a melhor opção é a separar. “Mas nem toda separação tem problemas”, acresenta a psicóloga. Ela, no entanto, ressalta que os filhos devem ser colocados acima das disputas. “Mesmo separados, eles continuam exercendo o papel de pais”.

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