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BAHIA

Mesmo com pedágios, BR-324 acumula mais de 500 buracos na pista

São pelo menos 517 nas duas pistas. E, sim, eles foram contados ontem pela reportagem do CORREIO

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03/08/2013 às 8:48 • Atualizada em 28/08/2022 às 19:28 - há XX semanas
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A maioria dos buracos na pista não é grande; porém, pequenos e agrupados, eles danificam os veículos e provocam solavancos, oferecendo risco
A fama da cratera de 30 metros de comprimento, 15 de largura e, agora, quase 9 de profundidade, que se abriu no Km 618 Oeste da BR-324, no dia 5 de junho deste ano — e continua por lá —, corre longe. Mas, definitivamente, o ‘buraco-pai’ das redondezas não está sozinho. A rodovia que liga Salvador a Feira de Santana tem buracos, buraquinhos e buracões. São pelo menos 517 nas duas pistas. E, sim, eles foram contados ontem pela reportagem do CORREIO.
Mas não fomos os primeiros. O professor Antônio Freire da Silva Neto também contou os buracos, na segunda-feira passada. Ele vai a Feira de Santana toda semana, desde outubro do ano passado, a trabalho ou para visitar familiares. “Na segunda-feira, como o trânsito estava bem lento, fui contar. É tanto buraco que tem trechos em que só dá para andar bem pela pista da esquerda”, disse.
No trajeto de 108 quilômetros entre Salvador e Feira, Antônio contou 244 buracos. No sentido inverso, 188. “A gente paga R$ 7,20 toda vez que vai pra Feira e volta. Para uma pista toda pedagiada, eu posso dizer que estou muito insatisfeito”, disse.
Ele comparou a situação da rodovia com a Linha Verde, também pedagiada, que corta o Litoral Norte e segue até Sergipe. “Eu dou aula em Aracaju e vou uma vez por mês. Eu pago e fico satisfeito, porque tem sinalização, tem telefone de emergência. Agora, a gente vai pra Feira e um trecho tão curto está estragado daquele jeito”, disse. Na BR-324, a tarifa para automóveis é de R$ 1,80 por praça. De Salvador a Feira, há duas praças. Na Linha Verde, R$ 4,60 em dias úteis.
Contagem
O intervalo entre as duas contagens foi de quatro dias. Ontem, no mesmo trecho percorrido pelo professor (Salvador-Feira), o CORREIO contou 327 buracos. No sentido inverso, foram 190. Muitos deles são pequenos, mas ficam próximos, formando um grupo de buracos. Em número menor e mais distante uns dos outros, há buracos que obrigam os condutores a desviar. A maior parte das aberturas grandes — 15 no sentido Feira e 28 no sentido Salvador — fica no acostamento, mas, em alguns casos, já começam a invadir a pista.
Caminhoneiro há 30 anos, Natanael dos Santos, 55, não gosta do que enfrenta diariamente. “Para uma pista pedagiada, deveria estar melhor. Aqui, a gente paga para andar no buraco, isso não é condição de asfalto”, disse. Segundo Natanael, a buraqueira, além de dar prejuízo aos motoristas, acaba causando engarrafamento. “Prejuízo com pneu é certo. Aqui, está em tempo de voar os parafusos”, relatou.
Os desníveis na pista, segundo o professor Antônio Freire, não mexem somente com a paciência dos motoristas, mas também com o bolso. Usando a rodovia pelo menos uma vez por semana, ele já precisa reservar cerca de
R$ 150 por mês para fazer alinhamento e balanceamento. “Não tem jeito, porque, se não fizer, tem que trocar o pneu, e aí é bem mais caro”, reclamou.
Os grande buracos ficam, em maior parte, nos acostamentos, mas alguns já começam a invadir a pista
Pista irregular
Mesmo nos trechos onde não há mais buracos, os solavancos ainda são sentidos. Isso porque, nos muitos lugares onde os buracos foram tapados, a pista ficou irregular. Há lombadas em quase toda a extensão, especialmente em pontos como a foto na página anterior, onde o asfalto parece ter sido colocado diretamente no buraco.
Apesar disso, para a Polícia Rodoviária Federal (PRF-BA), a situação já foi muito pior. De acordo com o chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização do posto da PRF-BA de Simões Filho, Marcos Alves, a relação entre acidentes e buracos é baixa hoje, se comparada há alguns anos.
“As pessoas ainda reclamam, falam de pneu rasgado, dos buracos, da pista irregular, mas há quatro ou cinco anos a superfície da lua era mais lisa do que essa rodovia”, disse Alves. Segundo ele, grandes buracos costumam ficar abertos por dois ou três dias até serem fechados pela Via Bahia.
Embora a maior parte da rodovia mostre reparos emergenciais, há trechos em que o recapeamento está sendo feito por completo, especialmente nos lugares mais críticos. É o caso do Km 570, na pista sentido Salvador. A pista está em melhores condições do que no sentido inverso, mas ainda há com o que se preocupar.
Por meio de assessoria, a Via Bahia disse que priorizou, nos últimos meses, a BR-116, que vai de Feira de Santana a Minas Gerais. Agora, a concessionária informa que voltará as atenções para a BR-324. Ainda segundo a Via Bahia, o trabalho agora será de recapeamento, que deverá ser concluído até o final de 2014.

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