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O que se sabe até agora sobre a tragédia em Mar Grande

Tragédia ocorreu na manhã de quinta-feira (24), durante a travessia de Mar Grande para Salvador. Embarcação virou dez minutos depois de sair do terminal. Até o momento, 18 mortes estão confirmadas

Redação iBahia • 25/08/2017 às 14:19 • Atualizada em 01/09/2022 às 0:34 - há XX semanas

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Quais as circunstâncias do acidente?
Relatos de pessoas que estavam na lancha Cavalo Marinho 1, que fazia o trecho Mar Grande-Salvador, dão conta de que grandes ondas e ventos fortes atingiram a embarcação. Para não se molhar, passageiros se agruparam em um único lado da lancha, que ficou instável por conta do peso. Neste momento, uma onda mais forte fez a embarcação tombar. O acidente ocorreu por volta das 6h40, dez minutos depois da saída do terminal.

ACOMPANHE AQUI A COBERTURA COMPLETA DA TRAGÉDIA DE MAR GRANDE

Quantas pessoas estavam na lancha?
De acordo com a Capitania dos Portos, a lancha transportava, no momento do acidente, 120 pessoas - 116 passageiros e 4 tripulantes.

Acidente ocorreu por volta das 6h40 desta quinta-feira (24)

Quantas pessoas morreram?
Até o momento, 18 mortes foram confirmadas oficialmente em razão da acidente com a lancha em Mar Grande. Todas já foram identificadas. As primeiras informações, divulgadas pela Marinha, contavam 23 mortos, mas o número foi revisto pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT).

Quantas pessoas conseguiram se salvar?
Segundo os órgãos oficiais, 89 pessoas passaram por triagem e atendimento após o acidente. Elas estão sendo ou foram atendidas em diversos locais: hospitais de Salvador, hospital de Itaparica e de Santo Antônio de Jesus.

Há pessoas desaparecidas?
De acordo com o comandante do 2º Distrito Naval, capitão Flávio Sampaio, a Capitania dos Portos já começa a trabalhar com a hipótese de que não há mais desaparecidos do acidente. "Ainda estamos nos assegurando que não há desaparecidos. Logo após o acidente, muitas pessoas foram socorridas e não passaram pela triagem. Algumas chegaram à costa à nado, outras foram resgatadas por moradores da região e foram direto para suas casas e por isso a gente não tem o número exato de pessoas e essa conta ainda não está fechada", disse ele, em entrevista ao iBahia.

No momento do acidente, levava 116 passageiros e 4 tripulantes

A embarcação está em situação regular?
A Associação de Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab) informou que a lancha Cavalo Marinho I estava regular e com a vistoria em dia.

A embarcação estava superlotada?
Não. Segundo a Astramab, a lancha Cavalo Marinho 1 comporta 162 pessoas. No momento do acidente, levava 116 passageiros e 4 tripulantes.

O que é e como funciona este serviço de lanchas?
Diversas lanchas percorrem um trajeto de 13km, na Baía de Todos os Santos, a maior do país, entre Salvador e Mar Grande há 60 anos. Segundo a Associação de Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), cerca de 5 mil pessoas fazem esse trajeto todos os dias. O valor cobrado é cerca de R$ 5,30 de segunda a sábado, e R$ 7,10 domingos e feriados.

Houve demora no atendimento?
Alguns sobreviventes, no entanto, relataram demora no resgate. “Depois que a lancha virou, levamos quase duas horas dentro do mar até sermos resgatados”, afirmou o sonoplasta Edvaldo Santos, de 51 anos. “Me parece que essa embarcação não era apropriada para esse mar. Mas falo como leigo. O socorro demorou muito”, endossou o arquiteto Silvio Scofield.

O presidente da Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), Jacinto Chagas, disse que soube do acidente às 7h15 e chegou ao terminal às 7h30. “Quando cheguei, todos os serviços já tinham sido deslocados. Para mim, essa demora é surpresa”, garantiu.

Mais de 250 profissionais foram mobilizados para o atendimento às vítimas da tragédia

Quantos profissionais e quantos órgãos estiveram envolvidos no resgate?
Cinco lanchas, quatro navios da Marinha, com mergulhadores, e 130 militares participaram do trabalho de resgate. Três navios da Base Naval de Aratu e três lanchas da Capitania dos Portos também foram deslocadas para o local do naufrágio. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, foi disponibilizada uma estrutura de apoio com 115 policiais, 15 viaturas, três motocicletas, duas aeronaves, dois quadriciclos, uma lancha, uma base móvel e um caminhão tanque. Além disso, o Corpo de Bombeiros enviou 13 mergulhadores para a procura de sobreviventes.

O tempo estava ruim no momento do acidente? A travessia havia sido suspensa?
Passageiros especularam sobre o mau tempo, com chuva e ventos fortes e grandes ondas. O comandante da Capitania dos Portos da Bahia, Flávio Almeida, porém, garantiu que não havia restrição para a travessia da lancha por questões de mau tempo. Segundo a Astramab, o serviço de travessia seria suspenso das 9h às 12h, mas por conta da maré baixa.

A embarcação estava danificada?
Não há informações oficiais sobre o estado de conservação da lancha Cavalo Marinho 1, que estava regular. De acordo com a Astramab, a embarcação estava em boas condições e, inclusive, tinha passado por vistoria. “Ela estava operando normalmente, não tinha nenhum problema”, afirmou o presidente da entidade, Jacinto Chagas.

Travessia Mar Grande-Salvador ocorre há mais de 60 anos e, atualmente, registra mais de cinco mil passageiros por dia

No entanto, alguns passageiros disseram que a embarcação apresentava sérios problemas. "A embarcação (Cavalo Marinho) é a pior possível que existe.Para você ter uma ideia ela quando está encostada lá no normal ela já fica toda torta. Muita gente teve a sorte que não veio. Eu mesma ia desistir quando eu vi que era a Cavalo Marinho. Eu pensei: não vou. Ficou mais ou menos oito ou nove pessoas que quando viu que era a Cavalo Marinho desistiu porque é a pior embarcação que tem, disse a administradora Meire Reis, 53 anos.

Já há alguma explicação oficial para a tragédia em Mar Grande?
O acidente ocorrido ontem com a lancha Cavalo Marinho I, que fazia a travessia Mar Grande-Salvador, ainda não tem uma explicação oficial. Enquanto a Capitania dos Portos e órgãos estaduais e municipais continuam as buscas por possíveis sobreviventes e o atendimento aos feridos, os passageiros que escaparam da tragédia especulam que o mau tempo pode ter sido a principal causa do naufrágio.

Quais os próximos passos para apuração da tragédia?
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e pela Capitania dos Portos, que abriram inquérito para apurar as causas e apontar os responsáveis pela tragédia. Ambos afirmaram que não é possível ainda apontar causas ou culpados pelo naufrágio. Segundo o delegado Geovanni Iran, diretor-adjunto do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), a polícia vai ouvir todos os envolvidos. “Todos que forem necessários serão ouvidos: empresas que fazem a fiscalização, proprietários, vítimas, para verificar responsabilidade criminal que possa ter ocorrido no caso”, disse ele. Os culpados pelo naufrágio poderão responder por homicídio culposo ou doloso, a depender das investigações.

Segundo os órgãos oficiais, 89 pessoas passaram por triagem e atendimento após o acidente

De quem é a responsabilidade pela fiscalização da travessia?
A fiscalização da segurança fica a critério da Capitania dos Portos, que analisa condições de navegabilidade, documentação necessária e se está inscrita para a atividade de transporte de passageiros. À Agerba cabe a inspeção da qualidade na prestação e conforto dos usuários, segundo aponta a Lei estadual 12.044/ 2011, que regulamenta o serviço de transporte hídrico intermunicipal. A legislação também determina que cabe à empresa concessionária “responder por todos os prejuízos causados ao Poder Público Estadual, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pela Agerba exclua ou atenue essa responsabilidade”, informa o texto.

A empresa CL Transporte Marítimo e a Agerba (agência que regula o serviço de transporte na Bahia), órgão ligado ao governo do estado, poderão ser responsabilizadas criminalmente, segundo o Ministério Público (MP-BA), pelo naufrágio. A CL Transporte Marítimo, cujo nome fantasia é CL Empreendimentos, tem a concessão da travessia desde 2012, em licitação.

Já havia reclamações sobre a prestação do serviço?
O Ministério Público estadual (MP) informou que já alertava, há mais de dez anos, sobre a precariedade do serviço de transporte hidroviário realizado pelas embarcações que fazem a travessia Salvador/Mar Grande. O órgão propôs, inclusive, duas ações civis públicas sobre a questão. A última, em 2014, a promotora de Justiça Joseane Suzart solicitou a reforma dos terminais e das embarcações, a renovação dos coletes salva-vidas e outras medidas que assegurassem a saúde e segurança dos usuários.

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