A Operação Descobrimento, que foi deflagrada na terça-feira (19) no Brasil e em Portugal contra o tráfico internacional de drogas, prendeu a doleira Nelma Kodama, em Lisboa. Ela é suspeita de atuar para o narcotráfico e chegou a ser condenada na Operação Lava Jato.
Segundo informações passadas pela Polícia Federal para o g1 Bahia, Nelma será extraditada, mas ainda não tem data definida para chegar no Brasil. O processo de extradição já foi iniciado. Ainda segundo a políciam, não há uma definição sobre o local que Nelma ficará presa após sua chegada no Brasil.
Ao g1, o advogado de Nelma, Adib Abdouni disse que "a princípio não há elementos para manutenção da prisão". Segundo ele, "pelo que está nos autos a prisão preventiva se baseia na necessidade de que os investigados se mantenham em cárcere porque os mesmos viajam frequentemente ao exterior". O advogado também representa Rowles Magalhães, também preso na operação desta terça.
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Outras cinco pessoas foram presas no Brasil, entre elas o ex-secretário estadual de ciência e tecnologia de MT, Nilton Borgato, que se licenciou do cargo para disputar uma vaga de deputado federal.
O advogado de Nilton Borgato, Luiz Derze, disse que ainda não teve acesso ao processo e que o mandado não faz menção ao que está sendo investigado. Ele afirmou que Nilton está a disposição da Justiça e que a defesa está em busca de ter acesso aos autos.
A operação, batizada de Descobrimento, cumpriu nove mandados de prisão na Bahia – onde a operação foi iniciada –, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco e dois mandados de prisão em Portugal.
No Brasil, também foram decretadas medidas de apreensão, sequestro de imóveis e bloqueios de valores em contas bancárias dos investigados. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Federal de Salvador e pela Justiça portuguesa.
Nas investigações, a PF contou com a colaboração da Drug Enforcement Administration (DEA), uma agência norte-americana de combate às drogas), da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária Portuguesa e do Ministério Público Federal.
Nelma Kodama
Nelma Kodama era ex-mulher do doleiro Alberto Youssef. Em outubro de 2014, ela foi condenada em primeira instância a 18 anos de prisão por corrupção, evasão de divisas e organização criminosa.
A prisão ocorreu em março de 2014 no Aeroporto Internacional de Guarulhos. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a doleira tentou fugir para Itália com 200 mil euros escondidos na calcinha ao saber que estaria sendo investigada pela Polícia Federal.
Em agosto de 2019, a Justiça Federal autorizou que a doleira Nelma Kodama retirasse a tornozeleira eletrônica e fosse solta. A autorização se deu com base no indulto natalino editado pelo ex-presidente Michel Temer em dezembro de 2017.
Um dos episódios marcantes com a doleira aconteceu em 2015, quando cantou a música "Amada Amante" durante um depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. Na ocasião, ela disse que os euros apreendidos com ela no Aeroporto de Guarulhos não estavam na calcinha.
Nelma Kodama voltou à mídia em 2018, quando se tornou algo de investigação por receptação de joias roubadas. Na época, a polícia informou que ela apareceu em uma foto nas redes sociais utilizando um conjunto de par de brincos, um anel e pingente de rubis, avaliado em R$ 150 mil.
Investigações
As investigações começaram em fevereiro de 2021, quando meia tonelada de cocaína foi apreendida no táxi aéreo de uma empresa portuguesa, no Aeroporto Internacional de Salvador. A droga foi encontrada enquanto a aeronave era abastecida. Na ocasião, cinco pessoas foram conduzidas para Polícia Federal. Na época, no entanto, a PF e a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) não informaram se o grupo ficou preso.
Com a apreensão, a polícia conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa, que atuava no Brasil e em Portugal. Segundo a PF, os investigados são fornecedores da cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares, que abriam a aeronave para guardar a droga. Além disso, transportadores dos voos e doleiros eram os responsáveis pela movimentação financeira do grupo criminoso.
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Redação iBahia
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