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BAHIA

Pesquisa revela que baianos veem erros alheios, mas não os seus

Este foi o resultado de uma pesquisa feita pelo Instituto Futura para o CORREIO, cujos números revelam o apego dos soteropolitanos ao velho dito popular do “faça o que digo, mas não o que faço”

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06/11/2011 às 11:51 • Atualizada em 07/09/2022 às 13:16 - há XX semanas
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Fazer xixi ou jogar lixo na rua, ficar com a grana de alguém achada no chão e furar filas são deslizes de civilidade admitidos pela maioria dos moradores de Salvador. Mas, desde que o autor da “infração” seja sempre o outro. Foi este o resultado de uma pesquisa feita pelo Instituto Futura para o CORREIO, cujos números revelam o apego dos soteropolitanos ao velho dito popular do “faça o que digo, mas não o que faço”. Para chegar à constatação, a Futura foi a campo entre 30 de agosto e 3 de setembro em 16 regiões da capital baiana. Ouviu 601 homens e mulheres, de todas as faixas etárias, graus de escolaridade e classes sociais. Em todos os cruzamentos, os dados indicaram a mesma direção. “O resultado é que, de uma forma geral, percebe-se que os responsáveis por comportamentos sociais inadequados e, consequentemente por alguns problemas da cidade, estão sempre o mais longe possível do ‘eu’”, afirma o pesquisador Tyago Hoffmann, diretor técnico do instituto. Maus Hábitos - É o caso das respostas a um antigo comportamento dos baianos, criticado por dez entre dez turistas: espalhar urina em paredes, ruas e calçadas, muitas vezes sem se importar se a testemunha for uma criança de 7 anos ou uma senhora de 60. Quando indagados se acham que as pessoas urinam na rua, 95,8% dos entrevistados disseram que sim, e apenas 3,8% juraram de pés colados que os soteropolitanos procuram um banheiro ao sentir a bexiga apertada. Outros 72,4% garantiram ter alguém próximo chegado ao xixi de rua, mas 27% afirmaram que ninguém de suas cotas é ou já foi capaz de dar uma de cachorro em poste. No entanto, o mesmo contingente que reconhece a existência do mau hábito joga para o outro a culpa pelo cheiro de xixi que, volta e meia, é sentido nas esquinas de Salvador. É tanto que 65,6% dos entrevistados disseram nunca ter urinado na rua, contra 34,4% de mijões assumidos. Neste caso, o único desvio de padrão entre os diversos grupos pesquisados ocorre por gênero: 58% dos homens admitiram que já urinaram na rua; só 14,7% das mulheres confessaram o mesmo comportamento. Em relação a outro comportamento típico das grandes cidades – jogar lixo na rua -, 95% admitiram aos pesquisadores da Futura que os soteropolitanos, de uma forma geral, são incapazes de procurar uma lixeira quando querem descartar algo. Outros 5% asseguraram que os moradores da cidade não são os responsáveis pela montanha de detritos atirados ao léu, que desafiam diariamente os profissionais encarregados da limpeza. O percentual cai para 86% de respostas positivas quando a pergunta é se o entrevistado tem alguém próximo que joga lixo no chão, contra 17,6% de negativas. Contudo, somente 34,1% reconheceram a própria culpa, contra 65,6% de pessoas que não sujam ou, o que é uma probabilidade, não admitem sujar as ruas. Neste caso, os mais sinceros - ou menos educados - foram os moradores da Liberdade, Boca do Rio, Cabula e Pau Lima, os quatro bairros, entre 16, com índice acima de 40%. Problema dos outros - Mais uma vez, a “síndrome do erro alheio” foi constatada em duas outras questões aplicadas aos moradores de Salvador: furar filas e devolver dinheiro encontrado na rua. No primeiro caso, enquanto 86% dos entrevistados acham que é costume local enganar alguém para ser atendido mais rápido pelo caixa do banco, 69,6% dizem que jamais fizeram ou fariam tamanha indignidade. Outros 86,2% estão convictos de que, em Salvador, devolver dinheiro achado é um bom comportamento inexistente. E mesmo que 72,5% admitam conhecer ao menos um desonesto de ocasião, só 40,1% admitem não ter a menor preocupação de encontrar o dono do dinheiro perdido. Em seu relatório, Hoffmann aponta que esse padrão de jogar a culpa no outro “praticamente não tem nenhuma diferenciação entre pessoas de diferentes idades, classes sociais, escolaridade e sexo, o que aponta para um comportamento similar entre todos os moradores da cidade”. Para o pesquisador, se todos os soteropolitanos fossem iguais ao que dizem ser, a cidade seria um ambiente mais agradável e honesto para se viver. Lei mais dura não impede maus hábitos - Dois dos itens de mau comportamento pesquisado pela Futura em Salvador não são apenas resquícios ou repetição de incivilidades: são crimes previstos em lei. Em agosto de 2010, o prefeito da capital baiana, João Henrique (PP), conseguiu aprovar uma lei que determina multas ou até prisão para quem for flagrado fazendo xixi ou jogando lixo nas ruas da cidade. Segundo a prefeitura, apenas em 2009 foram gastos cerca de R$ 1 milhão com reformas em espaços públicos devido à acidez da urina, que provoca danos em construções e calçamentos. A lei, que atende também aos apelos de turistas e moradores, foi inspirada em iniciativas semelhantes no Rio, que chegou a mandar mijões para a cadeia, e em São Paulo, metrópole com graves problemas provocados pelo lixo. Mas, apesar da lei,os flagrantes de desrespeito continuam comuns em Salvador.

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