Após 131 anos da fundação da Faculdade de Direito da UFBA, a universidade elegeu o primeiro professor titular negro na última sexta-feira (05).
O promotor de Justiça do Ministério Público da Bahia (MP-BA) e professor de Direito ambiental da instituição, Heron Gordilho, tomou posse do cargo após ser aprovado por uma comissão julgadora depois de apresentar um memorial.
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Gordilho agradeceu pela conquista, mas afirmou não se sentir honrado pelo fato de ser o primeiro professor titular negro da instituição.
“Queria ser o centésimo. Tenho orgulho, sim, de alcançar esse cargo. O último membro do Ministério Público que ocupou esse cargo foi professor Calmon de Passos, como professor catedrático [...] A nossa sociedade, mesmo sendo composta por 80% de pessoas negras, precisou de 131 anos para um professor negro ocupar esse cargo. Precisou professor Edvaldo ir para a USP para ocupar esse lugar”, iniciou.
“É essa desigualdade socio-racial que eu luto para que tenha algum tipo de compensação porque uma sociedade menos desigual, menos estratificada significa menos violência, mais desenvolvimento”, completou.
O presidente da AMPEB – Associação do Ministério Público da Bahia, Adriano Assis, comemorou o fato como uma conquista que extrapola o individual.
“O colega Heron, que é um professor muito reconhecido na Bahia, no Brasil e no exterior, onde já participou de atividades acadêmicas em vários países, como Estados Unidos e França, traz uma conquista para a própria sociedade baiana, pois se trata do primeiro professor negro a alçar à condição de titular na Faculdade de Direito da UFBA. A nossa satisfação é dupla, por se tratar de um colega do MP e por ele ter atingido um dos maiores níveis de ascensão na academia, sendo um docente com uma trajetória brilhante”, disse.
A filha de Heron Gordilho, Mariana Gordilho, é estudante de direito e também homenageou o pai após a conquista.
“É uma honra muito grande e foi muito merecido. Ele estuda continuamente e tenta combater através de ações, mais do que com discursos, problemas relacionados ao preconceito e a questões raciais. Espero que sirva de inspiração para outras pessoas, como serve para mim, vê-lo abordando a quebra de sistemas pré-concebidos”, comemorou, por fim.
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Redação iBahia
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