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Desde que surgiu no Brasil, em 1808, o jornal impresso vem sofrendo transformações. Na sua primeira versão, o informativo era apenas uma forma de divulgação das notícias, sem um formato editorial. Com o passar dos anos, novos jornais foram surgindo, e com isso, o progresso do veículo de comunicação foi acontecendo. O que antes era o maior meio de comunicação e de reconhecimento da profissão, hoje em dia, resiste bravamente à tecnologia, principalmente com a circulação de notícias em sites e redes sociais. Mas será que há perigo do jornal impresso acabar? O mais antigo jornal brasileiro, o Jornal do Brasil, circulou sua versão em papel pela última vez em 31 de agosto deste ano, e agora funciona somente na versão online, e para assinantes. Reconhecido internacionalmente, o New York Times também já anunciou que em breve deixará de circular na sua versão impressa, e ganhará apenas a versão digital. Sabe-se que outros periódicos também já estão prevendo o fim de suas edições impressas para investir nas informações digitais.
Prazer da leitura - A jornalista Matilde Schnitman não acredita que jornal impresso possa ser extinto. "Existe um modismo. Sempre que surge um novo veículo de comunicação, o fim do impresso é mencionado, mas nunca aconteceu. O público do jornal não é o adolescente, o conforto que ele proporciona ao leitor, de sentir a informação, não pode ser transmitido pela internet". Para a jornalista, o jornalismo impresso precisa se reinventar, procurar uma nova linguagem que se adapte às novas tendências "É preciso que o jornal impresso ache uma nova linguagem, aprimore seus conteúdos. O jornalista também deve se apropriar da tecnologia para fazer um trabalho bem feito e com mais conteúdo". Matilde acredita também que as redes sociais tenham um lado positivo para o periódico. "Eu acho que agora sim o jornalismo impresso vai ganhar uma contextualizada, a hard news ficará por conta da internet e o jornal ganha a função de aprofundar as informações para os leitores". Para o coordenador da Associação Baiana de Imprensa (ABI), Agostinho Muniz, há mais ou menos 10 anos, o jornal impresso vem diminuindo o número de tiragem, mas não significa que ele esteja em extinção. "Há uma tendência natural dos jornais diminuírem o número da tiragem. O impresso tem uma característica histórica, é impossível que ele deixe de existir". Sobre o fechamento do Jornal do Brasil, Muniz acredita que tenha sido resultado de uma má administração. "O jornal já passou por uma série de mudanças na sua administração, e acabou não suportando mais uma crise". E o leitor, o que acha? O aposentado Cyro Borges, 70 anos, compra jornal diário, há mais de 30 anos, no mesmo lugar e acredita que o informativo não irá perder seu papel para a internet. “Eu sempre acompanho as notícias pela internet, mais não deixo de comprar meu jornal todos os dias, é um costume que nenhuma tecnologia pode tirar”, comenta.O editor de multimídia do jornal Correio*, Gustavo Acioli também não acredita em um possível fim do impresso. “Os jornais vão se tornar cada vez mais ancorados no conceito da multiplataforma. O jornal vai continuar existindo no site e impresso e também vai se desdobrar em outros produtos, seja no telefone mobile ou no iPad, mas o papel vai conseguir resistir porque talvez seja a plataforma mais confortável para o leitor". Acioli defende que para se sustentar no mercado, o jornal impresso precisa repensar suas rotinas, por isso, alguns periódicos mais tradicionais estão deixando de existir. "Esses jornais não tem mais o poder de influência e relevância como antigamente, eles estão tentando se reinventar. A marca sobrevive, porque ela é conhecida, mas precisa de fôlego para poder se reposicionar no mercado. Eu acredito que esses veículos estão fadados ao passado, às notas de rodapé do livro de história". Ao contrário desses antigos jornais, somente no mês de setembro, o jornal Correio* circulou uma tiragem de mais um milhão de exemplares, e está entre os 25 melhores do país. Acioli diz que os crescimentos do jornal e do seu projeto em web se completam e funcionam juntos. “O crescimento do jornal Correio e do site se completam, enquanto o jornal tem tempo de reunir informações para dar a notícia mais completa, o site tem a necessidade de não perder o que está acontecendo no momento", ressalta.