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Secretario participa do Agenda Bahia nesta terça |
Palestrante no evento Agenda Bahia hoje, no auditório da Fieb, o secretário de Turismo Domingos Leonelli procura conter o entusiasmo e o exagero quando fala das potencialidades do setor na Bahia “Sou um velho socialista”, brinca. Evita polêmica com a prefeitura ao falar sobre a situação das praias, do Pelourinho e do Elevador Lacerda, mas se entusiasma ao falar da reforma da Feira de São Joaquim e da revitalização da área voltada para a Baía de Todos os Santos. A seguir, os principais trechos da conversa com o diretor de Redação Sergio Costa e a editora executiva do Agenda Bahia, Rachel Vita.
A Copa está chegando e tem muita atração turística em Salvador, como o Elevador Lacerda, as praias, o Pelourinho, com a situação indefinida. Vai dar tempo de resolver?O governo do estado tem uma atuação limitada em relação a essas intervenções.
Sabemos que é área de atuação da prefeitura...Do ponto de vista do Turismo, investimos em infraestrutura, de 2007 a 2011, cerca de R$ 158 milhões, distribuídos principalmente em reurbanização de áreas turísticas, como é o caso de Morro de São Paulo, Imbassaí, estrada Itacaré-Camamu. Em Salvador, temos investido na recuperação de prédios históricos, cerca de R$ 20 milhões, como o Palácio Rio Branco e a Igreja do Rosário dos Pretos, no Pelourinho. Em curso, investimentos para recuperação da Feira de São Joaquim, de mais R$ 50 milhões.
Embora responsabilidade da prefeitura, não preocupa a situação desses cartões-postais como atrativos para Salvador?Preocupa. Nos ícones da cidade, o que temos (governo) algum acesso nós procuramos apoiar e investir. Outros temos maior dificuldade, pois são coisas específicas da prefeitura, como o Elevador Lacerda. Embora o governo do estado tenha sempre se colocado à disposição da prefeitura de Salvador, como fizemos no Carnaval da Bahia. Tenho observado alguns esforços por parte da prefeitura, mas ainda é pouco para a promoção que o destino Salvador precisa.
Mas tem havido conversas com a prefeitura?Tem havido as conversas necessárias. Agora, cumprimento de acordo às vezes é mais complicado. Só trato tudo por escrito. Mas são coisas pequenas, não há dificuldade com a prefeitura.
O senhor acredita que esses símbolos citados terão uma imagem positiva em 2014? As praias vão poder oferecer mais do que isopor, o Elevador Lacerda estará funcionando e o Pelourinho, recuperado até a Copa?Quero deixar bem claro que diálogo com a prefeitura não é exercido pela nossa secretaria, mas sim pelo governador, através de relações institucionais. Sou um cumpridor de decisões. Tenho receio que algum registro que eu faça possa se chocar com outras iniciativas em curso. Por exemplo, o governador designou o chefe de gabinete dele para acompanhar de perto o Pelourinho.
E em relação à sua secretaria?Já destinamos R$ 10 milhões para a orla de Salvador. Há um trecho entre o Largo de Amaralina até o ex-clube Português. São recursos do Turismo em obras executadas pela Conder. Mas, como essas obras dependem da prefeitura, tivemos que esperar um ano para retirar uma barraca para o passeio se completar. Temos recurso semelhante para seguir até perto de Patamares. Não sou eu que executo, mas eu consigo os recursos. A única intervenção que está sob minha coordenação direta é a Feira de São Joaquim.
E quando essa obra estará pronta?Ah, se Deus e todos os santos e orixás nos ajudarem até o início de 2014. Vamos melhorar muito a vida dos feirantes e dos baianos. Dividimos a obra em quatro grandes etapas. Nessa primeira etapa, saem quase 400 feirantes. Nós conseguimos um galpão da Codeba, que fica ao lado, e mais um estacionamento. Iremos ampliar a feira. Parte dos feirantes vai funcionar ali no galpão bem organizado. A feira vai ser um novo ponto turístico de Salvador.
Quando será a transferência?Em outubro, os feirantes da primeira etapa da obra serão transferidos. Derrubamos o muro e integramos a feira ao galpão. Os que vendem peixes, mariscos, animais vivos, frutas e verduras serão os primeiros.
Pelo projeto, além de reurbanizar a feira, haverá também restaurantes...Vamos abrir o espaço para o mar. Hoje, nem os feirantes aproveitam isso. O que é fundo do mar vai virar de frente para o mar. Vamos dragar também aquele canal para melhor aproveitar para o turismo náutico. Teremos mais saveiros operando ali, uma marina para receber escunas e turistas que queiram chegar por mar.
Além da Feira de São Joaquim, quais são os projetos prioritários para a secretaria? Cidade da Música, Terminal Náutico...Essa é minha batalha praticamente perdida. Lamentavelmente... Tínhamos um sonho de transformar o Parque de Exposições na Cidade da Música, compreendendo a vocação principal da cidade de Salvador e potencializando essa vocação para incluir Salvador nos grandes shows internacionais e ter um espaço para nossas atrações que têm peso internacional.
Qual o principal obstáculo?A ideia de transferirmos o Parque de Exposições para Feira de Santana, transformando Feira em grande polo agropecuário também. Mas parece que há muita resistência nessa área.
E o Terminal Náutico?Já foi feita licitação pública e acho que este ano o terminal terá suas obras iniciadas. É modesta, mas vai transformar o antigo Cais da Baiana em um ponto melhor para os baianos embarcarem para Mar Grande e uma área específica e ampliada para o turismo náutico. Estará articulada com a abertura para o mar, do Armazém 1, para a estação de passageiros para os cruzeiros. Há investimento de R$ 85 milhões na Baía de Todos os Santos. Será um distrito turístico-cultural. Redescobrir a Baía de Todos os Santos com um turismo moderno. É uma área atualmente pouco trabalhada. Os recursos são para todo o seu conjunto de patrimônio histórico, preservação ambiental, em atracadouros, marinas, na qualificação profissional e na capacitação empresarial. O turismo será reestruturado com a visão que temos hoje do terceiro salto do setor na Bahia: inovação, qualificação e integração econômica, que eram os déficits principais do turismo que encontramos na Bahia. A herança deixada, que proporcionou o segundo salto do turismo, foi positiva. Mas faltam essas questões. Depois do Pelourinho não tivemos outra inovação turística importante, não havia qualificação e também havia desintegração entre parques hoteleiros e economias regionais.
Como fazer isso?Porto Seguro tem 40 mil leitos e não produz nada. Toda a cesta de consumo é importada ou de fora de Porto Seguro ou da Bahia. Na Praia do Forte, 85% do pescado vem de Alagoas, Sergipe e Pernambuco.
O que se pretende é mapear essas regiões para integrar a economia turística com as das cidades?O turismo tem que ser um indutor do desenvolvimento econômico. Em Ilhéus, por exemplo, o governo construiu uma fábrica de chocolate. No Litoral Norte, começamos a implantar o sistema produtivo agrícola e de artesanato para o parque hoteleiro. A estruturação do Turismo Náutico veio acompanhada de estímulo de incentivos fiscais para implantação de fábricas de barcos esportivos e de estruturas esportivas na Bahia. Damos isenção de ICMS para importação de embarcações de recreio ou esportes adquiridas para uso exclusivo para charter de turismo náutico. Turismo náutico não é só a regata, mas o mais importante são as bases fixas, onde a pessoa vem aqui e também faz iatismo com barcos alugados. Estamos dando também isenção na produção de peças e componentes ligados à náutica.
Qual o peso do turismo na economia do estado?O que consideram como turismo, que é alojamento e transporte, chega de 6% a 6,5% no estado. Mas esse é um raciocínio feito de forma precária. Tudo o que o Turismo induz não é agregado ao setor. Por exemplo, o maior comprador de ar-condicionado da Bahia é a rede hoteleira, mas isso não entra na conta do Turismo.
E qual a expectativa em relação a turistas?Nós já superamos a expectativa de 8 milhões de turistas para 2010. Fechamos com 9 milhões. Tenho muita parcimônia em chutar dados. Salvador recebia um milhão de turistas no Carnaval. Fizemos uma pesquisa que apontou que não chegamos a 480 mil turistas, se considerar o turista que está a mais de 100 quilômetros e passa mais de 24 horas em seu destino.
Qual será o legado da Copa?O principal legado da Copa será a qualificação profissional. É o que vai nos permitir atravessar a Copa, deixar saudades nos turistas. Transformar os turistas que vierem pra Copa em fregueses permanentes. Se conseguirmos servir bem, transformar o sorriso do baiano em profissionalismo, isso é o que vai fazer o turista voltar. Vai nos permitir a fidelização da clientela, como dizem os novos técnicos do setor. Eu como um velho socialista digo: fazer bem à freguesia. Trazer freguesia nova, boa e permanente (risos).
Quando começa a qualificação?Entre 2007 e 2011 já investimos em qualificação e atingimos 11.600 pessoas em vários níveis. Em Salvador, tem um projeto especial para qualificação de taxistas. Estamos programando com Desenbahia um estímulo e condicionamento para a renovação de frota e umas vantagens para os taxistas que se dispuserem a dominar mais uma língua, especialmente o inglês.
Quem estiver interessado em se qualificar pode procurar onde?Pode procurar a Superintendência de Serviço Turísticos, com Cássia Magalhães, na Secretaria de Turismo (3116-4000), ou Disque-Bahia-Turismo (3103-3103).
Na questão hoteleira para a Copa, quem quiser transformar o quarto da casa em hotel. Pode? E como?Pode sim. São os chamados homestay. Vai ser muito facilitada pela nova classificação dos hotéis que incluiu também a categoria cama e café. Essas unidades podem ser classificadas em uma, duas e três estrelas. Isso vai possibilitar oferecer para o público externo, com segurança, essa alternativa de hospedagem que é muitíssimo importante. Também para a integração econômica. Estamos desenvolvendo uma linha de crédito para o homestay, que funciona muito bem. Em Pirajá, por exemplo, chegam dezenas de jovens estrangeiros antes do Carnaval e se hospedam lá para tomar o curso de percussão do Cortejo Afro. Cumpre o círculo da cadeia do turismo e mantém o turista pelo máximo de tempo possível. Já estamos cadastrando o pessoal interessado em homestay na Bahia.