Vai dar praia no Verão de Salvador, esse ano, mas quem mora nas áreas afetadas pelas chuvas do ano passado, deve ficar atento. O calor excessivo neste período é sinal que vem muita chuva por aí. Até o final do mês de março as temperaturas permanecerão elevadas, porém, não há como prever a data das chuvas ou o local das áreas que serão afetadas. E para colaborar com o calor intenso, o número de edificações que vem se multiplicando pela cidade também implica na alta temperatura. É com base na coleta de dados dos diferentes pontos da cidade, registros dos anos anteriores e média histórica que os meteorologistas prevem como serão os próximos dias, quando o assunto é clima e tempo. De acordo com Heráclio Alves, meteorologista do Instituto de Gestão das águas e do Clima (Ingá), na previsão climática não dá para identificar quando vai ocorrer chuvas, mas a previsão do tempo, que é feita em até 48 horas antes, dá para identificar eventos que podem afetar determinadas regiões. As projeções climáticas são traçadas por semestres e, segundo Heráclio, no período, que também inclui o Verão, a temperatura estará mais alta do que a média histórica em todo o estado. “Percebemos, com os últimos Verões, que a temperatura máxima de Salvador para fevereiro e março tende a ser de 30°; abril deve ter uma máxima de 28,6°. É possível que tenhamos períodos mais altos com pelo menos um grau acima do esperado”, explica. Em abril do ano passado choveu o dobro da média histórica (322 mm) esperada. Foram 630mm de chuva concentrados durante uma semana em diferentes pontos da cidade. As temperaturas mais aquecidas foram atribuídas ao fenômeno El Niño, porém, segundo a meteorologia, 2011 terá o efeito contrário com o La Niña. Sendo assim, as tempestades que já atingem as outras regiões podem não chegar ao Nordeste. Essa é uma tendência do clima e é necessário trabalhar, também, com possibilidades negativas já que, segundo o meteorologista Heráclio, existem outros mecanismos que fazem a temperatura subir. Verticalização aquecida - Apesar da localização geográfica promover uma ventilação muito boa, em termos de frequência, velocidade e temperatura do ar em movimento, Salvador está se comprometendo com o boom do mercado imobiliário. Prédios e bairros planejados estão sendo construídos na cidade, principalmente, nas áreas que antes eram arborizadas, e, segundo especialistas, uma maior concentração de edificações bloqueia a ventilação e deixa a cidade aquecida. Segundo a professora Márcia Freire, do Laboratório de Conforto Ambiental da Universidade Federal da Bahia, o grande número de edifícios provoca uma série de "sombras de vento". A topografia da cidade também ajuda a trazer essa ventilação para o seu interior através dos vales. “Quando se verticaliza, é necessário aumentar a distância entre os prédios, preservando as áreas abertas que funcionam como canais de ventilação”, afirma Márcia. Segundo ela, o adensamento da cidade, ou seja, a redução do índice de água no solo, provoca um maior acúmulo de calor pela massa construída. Os fatores mais graves relacionados a isso são a diminuição das áreas verdes e permeáveis nas cidades.
Veja também:
Leia também:
AUTOR
AUTOR
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade