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BIENAL DO LIVRO BAHIA

‘Não esperava vender mais de 10 mil exemplares’, diz Clara Alves sobre sucesso do livro ‘Conectadas’

Literata figurou a lista de mais vendidos da Amazon e da revista Veja

Bruna Carvalho • 04/11/2022 às 18:00 - há XX semanas

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					‘Não esperava vender mais de 10 mil exemplares’, diz Clara Alves sobre sucesso do livro ‘Conectadas’

A autora dos livros “Conectada” e “Romance Real”, Clara Alves, nem sempre esteve no topo da lista de exemplares mais vendidos. Em entrevista ao iBahia, ela contou que começou a escrever na internet em 2008, quando tinha apenas 14 anos. Suas primeiras histórias foram publicadas no Orkut.

“Eu não tinha muitas pretensões, não sabia nem como entrar no mercado, eu meio que só fui seguindo o fluxo. Postei no Orkut por um tempo até acabar tudo e depois fiquei meio órfão de plataforma”, revelou Alves.

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Anos depois, em 2015, Clara começou a publicar as obras na plataforma literária Wattpad. Na época, ela cursava jornalismo e diz que foi nesse momento que começou a entender mais sobre o processo de uma carreira de escritora no mercado.

A publicação dos livros em formato físico surgiu a partir da demanda dos leitores da própria plataforma. Foi assim que a autora começou a entrar no mercado e se profissionalizar. Ao longo do tempo, ela ganhou a fama e hoje, acumula mais de 100 mil livros vendidos.

Sobre esse processo de construção profissional, Clara relembrou: “Eu comecei a conhecer outros autores que publicaram livros independentes. Eu tinha alguns amigos do Orkut, que começaram comigo e que também estavam seguindo essa mesma trajetória. Daí eu decidi publicar esse meu livro físico através da ferramenta do Print Space, que era uma gráfica atrelada com a Amazon”, contou.


				
					‘Não esperava vender mais de 10 mil exemplares’, diz Clara Alves sobre sucesso do livro ‘Conectadas’

Conectadas viralizou em redes sociais como TikTok e Instagram com perfis voltados para conteúdo literário. Sobre isso, Clara diz acreditar que o ‘booktok’ influenciou diretamente no mercado editorial de livros jovens contemporâneos.A principal abordagem da escritora é focada no público LGBTQIAPN+.

“Até então ‘Conectadas’ estava vendendo bem muito entre aspas. Ele tava vendendo o que se esperava de um livro nacional, mas obviamente ele não estava atingindo metade do sucesso que eu gostaria. Então até o primeiro ano de publicação dele eu tinha vendido 2/3 mil exemplares. Era muito pouco”, confessou Clara.

Ela diz que quando o ‘booktok’ teve a primeira explosão em 2020 as coisas começaram a melhorar para as vendas do seu livro. Clara chegou a vender 20 mil cópias em meados de 2020 a 2021. No primeiro trimestre deste ano, a marca chegou a 60 mil e até hoje não para de crescer.

“Eu não imaginava isso, mas o ‘booktok’ continua a crescer e ele continua a influenciar muito. Sempre falo quando me perguntam sobre o TikTok que ele transformou o público leitor brasileiro jovem porque muitas dessas pessoas nunca tinham lido nada ou liam coisas muito muito específicas. E de repente, a gente teve um crescimento muito grande de pessoas lendo, de jovens lendo lendo livros com diversidade LGBT”, comentou a escritora.

Construção profissional

Ainda na entrevista com o iBahia, Clara também falou sobre a oportunidade que o curso de jornalismo proporcionou para ela. Ela chegou a brincar com o fato de ter entrado no mundo jornalístico por não saber que profissão seguir.

Entretanto, ela ressaltou que foi por conta desta graduação, que ela começou a trabalhar com o mercado editorial. Em 2016, a escritora atuava na parte de imprensa do Grupo Editorial Record.

“Eu fazia todos os selos do Grupo Record. Inclusive a Galera Record que é um dos maiores selos para livros jovem. Então, eu comecei a ficar um pouco mais atenta para entender como é que funcionava (o mercado), como os autores nacionais chegavam na (editora) Galera. E uma das coisas que eu percebi, era que a maioria deles tinha chegado através de gerenciamento literário. Então eu comecei a pesquisar”.


				
					‘Não esperava vender mais de 10 mil exemplares’, diz Clara Alves sobre sucesso do livro ‘Conectadas’

A Bienal está na vida da literata desde o princípio. Foi na Bienal do Rio de Janeiro que a autora, com seu estande independente, participou de um pitting da sua atual empresa de agenciamento, a Increasy.

Apesar de ter conseguido esse acompanhamento, Clara falou da dificuldade de ter chegado a uma editora já que todas as suas obras estavam publicadas de forma on-line.

“Eu sabia que era mais difícil uma editora se interessar por livros que já eram publicados e ainda tinha o adicional de que como eu trabalhava na editora Record eu não podia ser publicada por eles. Então, eu precisava de um livro inédito e foi quando surgiu Conectadas”.

Nesse momento, a agente de Clara apresentou a proposta da obra à Editora Seguinte. O livro tinha apenas 15 páginas quando foi apresentado e já trazia bastante representatividade: “Eles gostaram e pediram para ler o livro completo”.

Representatividade

Clara é uma mulher bisexual e conta que quando começou a escrever ‘Conectadas’ estava em um relacionamento com um homem. Ele também era bi e a relação já não estava indo muito bem.

Ela comenta que colocou tudo isso em uma gaveta até chegar o momento que foi necessário falar sobre as próprias escolhas para o mundo.

“Conectadas veio nesse meu processo de autoterapia, de me entender. Sempre que as pessoas perguntam se eu me identifico com alguma personagem, eu falo muito da Raíssa e da Ayla porque elas são meio que duas metades de mim. Elas duas têm muitas questões minhas tanto a Ayla com a descoberta da bissexualidade e algumas questões que ela passa dentro de casa; quanto a Raíssa, com as questões da origem indígena e de não saber como se identificar. Essas coisas eu vivi também quando eu tava crescendo”, confessou.


				
					‘Não esperava vender mais de 10 mil exemplares’, diz Clara Alves sobre sucesso do livro ‘Conectadas’

Clara também relata que, como profissional do mercado, enxergava claramente que o período de publicação do livro era bem propício para o sucesso.

“Eu podia ter escrito isso cinco anos atrás e talvez eu não fosse ter oportunidade nenhuma no mercado porque ele ainda não estava aberto para isso. Eu já tinha trazido uma personagem com representatividade em outro livro meu, mas ela era personagem secundária. Eu não tive tanta oportunidade de explorar ela como eu gostaria”, pontuou.

Bienal do Livro Bahia

No dia 14 de novembro, Clara vai estar na Bienal do Livro Bahia, no Centro de Convenções, em Salvador. Ela integrará uma mesa com Pedro Rhuas e Elayne Beta. O trio irá discutir assuntos como redes sociais e representatividade. Sobre isso, a escritora diz acreditar ser um tema muito relevante já que a literatura nacional contemporânea nasceu dentro das redes sociais.

“Eu mesma comecei a escrever on-line já desde os 14 anos, eu vim das redes sociais, uso o Instagram, Twitter, todas as plataformas para me divulgar e o TikTok é realmente a ferramenta que mais potencializou esse tipo de divulgação. Acho que vai ser uma conversa muito legal. Acredito eu que boa parte das pessoas, que estão indo nos assistir, estão no TikTok e conhecem os nossos livros através dele. Então eu acho que vai ser uma conversa muito muito engajada”, finalizou.

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