Barragens de rejeito que rompem são literalmente montanhas que explodem. Elas nada mais são do que vales de antigos riachos fechados por entulho, ou rejeito, tirado da própria mina. Um gramadinho cobre a parede e dá à barragem vista debaixo a impressão de ser parte da montanha. Somente de cima é possível ver o rejeito e "as praias" que ele forma. O rejeito é empilhado até fechar completamente o vale. Quando, por algum motivo, a barragem se rompe, o material contido lá é lançado como na explosão de uma bomba.
A nuvem de poeira que se levanta da onda é resultado do convulsionamento do minério, da areia e da água. As pessoas são atingidas por um rolo compressor de pedras e lama, capaz de estraçalhar trens, construções e, evidentemente, corpos.
O professor de geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Carlos Seoane explica que uma pequena fissura, um buraquinho, pode funcionar como gatilho para um rompimento explosivo. A barragem 1 de Córrego do Feijão rompeu no meio e despejou enorme volume de rochas, sílica e, sobretudo, água. Especialista em sensoriamento remoto em mineração, ele disse que chama atenção há dias o grande volume de água mostrado na barragem. Uma barragem inativa desde 2015 não deveria conter tanta água.
Uma possibilidade é que a mineradora estivesse injetando água no processo de reaproveitamento do minério ainda contido no rejeito. A Vale tinha obtido licença para reaproveitar o rejeito. Descomissionamento não é o mesmo que esvaziamento da barragem. Significa que ela não receberá mais rejeito, mas que não necessariamente será esvaziada. Outra possibilidade é o alagamento por córregos represados pela mina.Outra coisa que chama atenção no vídeo é evidenciar o quão perto estavam da barragem as instalações administrativas. Ficavam situadas diretamente à frente da barragem, a cerca de um quilômetro, distância quase que instantaneamente percorrida pela tsunami de rejeito, não dando às pessoas nenhuma chance de fuga.
O fato de a barragem ser antiga não significa que não esse erro não deveria ter sido corrigido, diz Seoane. Há práticas seguras, que foram completamente ignoradas na operação da Mina de Córrego do Feijão.
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Redação iBahia
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