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Apesar de polêmicas, programação LGBT da Bienal é mantida

Na tarde de quinta, dia 5, o prefeito determinou que a HQ " Vingadores: A cruzada das crianças " fosse recolhida da feira por ter "conteúdo sexual para menores"

Redação iBahia • 07/09/2019 às 18:00 • Atualizada em 28/08/2022 às 3:20 - há XX semanas

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Mesmo com a fiscalização da Prefeitura do Rio, interessada em retirar livros com temática LGBT de circulação, por considerarem "conteúdo impróprio", a programação LGBT ocorre normalmente neste final de semana (7 e 8 de setembro) na Bienal do Livro. Pedro HMC, autor de “Um livro para ser entendido”, criador do canal “Põe na roda”, e um dos convidados da mesa de debates "Literatura Arco Íris”, afirma que a posição de Marcelo Crivella foi um ato de censura e homofobia.
Foto: Arquivo Pessoal
— Ao mesmo tempo em que a atitude não me surpreendeu, por conta do conservadorismo de quem governa o país, o que me chocou foi o Crivella fazer isso em um ano em que que ficou claro que a LGBTfobia é uma discriminação punida por lei. O prefeito do Rio usou um exército para fiscalizar obras como se ele fosse o dono da lei e decidisse o que pode e o que não pode ser publicado — diz o autor.
Na tarde de quinta, dia 5, o prefeito determinou que a HQ " Vingadores: A cruzada das crianças " fosse recolhida da feira por ter "conteúdo sexual para menores", se referindo a um beijo entre dois personagens do sexo masculino. Na sexta, dia 6, o prefeito enviou à bienal dez funcionários da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) para identificar e lacrar livros considerados "impróprios".
A operação aconteceu até às 14h e não apreendeu nenhuma obra. No mesmo dia, o Tribunal de Justiça concedeu uma liminar para a organização da Bienal do Livro e, segundo essa decisão, o município não poderá retirar os livros de circulação em "função do seu conteúdo, notadamente aquelas que tratam do homotransexualismo".
Vinicius Grossos, outro autor que compõe a mesa ao lado de Pedro, reflete sobre o sentimento causado pela fiscalização da prefeitura.
— Eu me senti impotente, derrotado, porque eu enfrentei esse tipo de preconceito na pele dentro de casa — lembra Vinícius — Quando você está se descobrindo e lê um livro com temática LGBT, serve como um espelho para você. Quando você se vê num livro e é fantástico porque é como se a gente legitimar que nós fazemos parte do mundo.
O ator Tarso Brant, que participou da novela “A força do querer” e foi um dos consultores de Gloria Perez na construção do personagem Ivan (Carol Duarte), compartilha desse sentimento de impotência.
— A resistência a coisas novas é normal, mas essa quebra de preceitos está sendo feita de forma gradativa e cada um está contribuindo com o que pode e de forma bem pacífica. Eu acredito que ainda vão haver tempos melhores, mas agora precisamos ter resiliência e não deixar situações como essa nos abalar - esclarece Tarso, que reforça a importância de pessoas LGBT na literatura — A gente está falando sobre experiências de vida e, querendo ou não, sobre evolução, pessoas como nós são pessoas que passam por uma história de uma forma que inspira outras pessoas a serem melhores e isso não deveria ser proibido.
A mesa “Literatura Arco Íris” está marcada para hoje, 07, às 19h e vai ser mediada pelo diretor de cinema Felipe Cabral. Além de Vinicius Grossos e Pedro HMC, a discussão ainda conta com a participação dos autores Lucas Rocha, Vitor Martins, Igor Pires e Thati Machado.
Felipe também mediará a conversa “Literatura Trans”, que acontece no domingo às 19h, e conta com Luísa Marilac, Nana Queiroz, Natalia Travassos, Amora Moira e Tarso Brant.

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