O autor dos perfis 'Dilma Bolada' em redes sociais, Jeferson Monteiro, pode estender o mandato de Dilma — ainda que a presidente seja oficialmente impedida de continuar comandando o país — na internet. Em caso de impeachment, o publicitário pode tomar para si o papel de opositor ao governo Temer, e manter no ar o perfil debochado que criou para ela no Facebook, onde reúne mais de 1, 6 milhões de fãs engajados. Apesar de ser contra o afastamento da presidente, o que considera um golpe, o desafio de estar "do outro lado" parece soar, para ele, como um doce problema. Afinal, "é muito mais fácil ser oposição", como ele faz questão de frisar.
"Ainda não parei para pensar, mas a Dilma Bolada sempre foi uma diversão minha e, se tem uma coisa que acho que ninguém pode negar é que ser oposição é muito mais fácil. E ser oposição a um governo ilegítimo, então, é melhor ainda. Então, não vejo motivo para não continuar", diz Jeferson, que pede cautela quanto à liberdade de expressão caso Temer assuma, de fato, a cadeira de presidente: "A Dilma Bolada nem é a minha maior preocupação. Espero que as pessoas possam falar sem ser censuradas, como aconteceu nos governos Lula e Dilma. Democracia não é ouvir apenas o que você gosta", completa.
Foto: Divulgação |
O publicitário diz que a confusão política que se estabeleceu no país impede que planeje postagens nas redes sociais, já que as rápidas mudanças de rumo e de opinião, como aconteceu com o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) — ele anulou a votação do impeachment na Câmara e depois revogou a própria decisão —, tornam o panorama imprevisível.
"Tem que ser “on demand” (sob demanda, em tradução livre). Você vai dormir e, quando acorda, vai descobre o que aconteceu durante a noite", conta o publicitário.
O autor de 'Dilma Bolada' considera certo o afastamento da presidente e, por isso, afirma que já pensa nos próximos passos: cobrar do futuro governo que classes mais pobres e, portanto, mais vulneráveis econômica e socialmente, não sejam impactadas negativamente com possíveis decisões.
"As pessoas mais pobres, as mais trabalhadoras, são as que sofrem mais, e por isso temos que estar de olho nisso e no nosso papel de divulgar a realidade como ela for. O papel de todo aquele que tem compromisso com a democracia é mostrar de forma clara o que acontece", declara.
Perfil no 'The Guardian'
Nesta segunda, às vésperas da votação do impeachment no Senado, o jornal “The Guardian” publicou um perfil sobre a “Dilma Bolada”. No texto O personagem, a que o texto se refere como “diva virtual”, é descrito como “tudo o que a versão real não é, debochada e brilhante na comunicação online”. O veículo chegou a afirmar que a página é mais popular do que a própria presidente.
"Fiquei muito feliz com a publicação, mas fiquei feliz com a matéria. É óbvio que a página não é mais popular que a presidente, mas acho que entendi o que o jornal quis dizer: acho que a personagem ajudou a todo mundo a viver com esse tema tão duro e difícil que é o momento político atual", diz Jeferson.
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Redação iBahia
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