O volume de recursos que as instituições financeiras deixam reservado para cobrir uma eventual inadimplência - as chamadas provisões - bate recorde, segundo dados do Banco Central (BC). Em junho, esse volume estava em R$ 102,765 bilhões, o maior da série histórica, iniciada em 2000. Em relação ao saldo das operações de crédito do sistema financeiro (R$ 1,834 trilhão), as provisões representaram 5,6%, um ligeiro aumento em relação a dezembro de 2010, quando esse percentual estava em 5,5%. Para o economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, um indicador importante a ser observado é quanto há de provisão em relação ao crédito total vencido. Em junho, as provisões foram quase o dobro do volume de crédito vencido há mais de 90 dias (R$ 61,497 bilhões), o que é considerado pelo BC como inadimplência. “Os bancos estão confortavelmente provisionados”, avalia Salles. Segundo o economista, devido às incertezas do cenário econômico internacional, a tendência é que os bancos aumentem ainda mais as provisões neste terceiro trimestre, com acomodação no final do ano. Os dados do BC também mostram os níveis de provisão de instituições financeiras públicas e privadas. As provisões dos bancos privados nacionais ficaram em R$ 49,775 bilhões em junho, ante R$ 45,598 bilhões registrados em dezembro de 2010. Essa reserva é mais do que suficiente para cobrir o saldo do crédito em situação de inadimplência, que ficou em R$ 31,396 bilhões em junho deste ano. O percentual de inadimplência em relação ao volume de crédito desse segmento ficou em 4,2% em junho, ante 4% em dezembro. Já os bancos privados estrangeiros tiveram aumento da inadimplência de 4,1% em dezembro, para 4,8% em junho. As provisões, nesses mesmos períodos, subiram de R$ 15,780 bilhões para R$ 18,190 bilhões. O volume de inadimplência ficou em R$ 15,041 bilhões ao final do primeiro semestre deste ano. Os bancos públicos mantiveram o percentual de inadimplência em 2% em relação ao volume de crédito e aumentaram a provisão de R$ 33,293 bilhões em dezembro, para R$ 34,801 bilhões em junho. O saldo de crédito em situação de inadimplência chegou a R$ 15,060 bilhões. Entretanto, a participação das provisões no volume de crédito dos bancos públicos (4,5% de R$ 768,636 bilhões) é menor do que em instituições privadas nacionais (6,6% do total de R$ 749,396 bilhões) e estrangeiras (5,8% de R$ 315, 984 bilhões). Para o professor de economia dos cursos de Master of Business Administration (MBA) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Robson Gonçalves, o nível de inadimplência no país é baixo. Ele também destacou que a provisão cresce em linha com o aumento do volume de crédito do sistema financeiro. O analista da empresa Austin Rating, Rodrigo Indiani, destaca que o nível de provisão dos bancos é importante para ter “uma proteção adicional caso venha a ocorrer aumento de inadimplência”. Ele lembrou que os bancos iniciaram o processo de aumento de provisões a partir da crise financeira internacional de 2008 e 2009 com o objetivo de se anteciparem a um possível aumento da inadimplência. O BC obriga os bancos a manterem provisões, classificadas por níveis de risco de inadimplência, mas geralmente os bancos mantém valores acima do que é determinado pelo BC. As informações são da Agência Brasil.
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