Deputados federais, lideranças religiosas e quilombolas participaram, nesta quarta-feira (23), de um cortejo na Câmara dos Deputados, em Brasília, em homenagem a ialorixá Mãe Bernadete, assassina a tiros no último dia 17, Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.
Segundo informações do g1, o ator foi convocado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). A manifestação teve início no Hall da Taquigrafia e encerrou no Salão Verde da Câmara.
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Participaram do cortejo os deputados Tarcísio Motta (PSOL-RJ), Chico Alencar (PSOL-RJ), Glauber Braga (PSOL-RJ), Erika Hilton (PSOL-SP) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP)
A líder quilombola Bernadete Pacífico, de 72 anos, foi morta a tiros dentro de sua casa, no Quilombo Pitanga dos Palmares. No momento, estavam junto com Mãe Bernadete três netos, que assistiam televisão quando foram surpreendidos com a invasão de dois homens, ainda não identificados.
O filho da ialorixá, Wellington dos Santos, afirma que a quilombola foi alvo de 12 disparos de arma de fogo no rosto. O corpo de M]ae Bernadete foi enterrado no sábado (19), em Salvador.
"O Brasil segue praticando violência política contra aquelas e aqueles que lutam por direitos num país extremamente desigual. Mãe Bernadete, Ialorixá, quilombola e ex-secretária de Igualdade Racial da Bahia foi vítima de um crime brutal em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador. É inadmissível que lideranças quilombolas sigam sendo silenciadas e mortas num país majoritariamente negro", escreveu a Conaq em redes sociais.
Ainda de acordo com informações do g1, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também prestaram homenagem a Mãe Bernadete. A presidente da Corte, ministra Rosa Weber, pediu que os presentes no plenário fizessem um minuto de silêncio.
Rosa se reuniu com a líder quilombola em julho, no Pitanga dos Palmares. "Fatos como esse mostram que nós temos um longo caminho ainda a percorrer como sociedade no sentido de um avanço civilizatório, no sentido da efetivação dos direitos fundamentais que a nossa Constituição cidadã assegura a todos", declarou a ministra, e pontuou que cobrou apuração do crime.
A Câmara também realizou um minuto de silêncio em homenagem a ialorixá, na noite de terça-feira (22). Gesto foi solicitado pelo deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) e acatado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Investigação
As polícias Federal e Civil da Bahia tem atuado em conjunto para investigar o assassinato de Mãe Bernadete. Os investigadores já tem uma lista de suspeitos, pessoas com as quais a ialorixá vinha tendo desentendimentos: madeireiros ilegais, vizinhos violentos e traficantes suspeitos de agir na região do quilombo.
Levando em consideração a forma como ela foi assassinada, a polícia acredita em execução por vingança. Além disso, a polícia investiga se a morte dela está conectada com a do filho, Flávio Gabriel, assassinado em 2017. Parentes de Mãe Bernadete já deixaram o Quilombo Pitanga dos Palmares.
A comunidade quilombola, que possui 854 hectares, é formada por 290 famílias. No Pitanga dos Palmares, existe uma associação onde mais de 120 agricultores produzem e vendem farinha para vatapá, além de frutas e verduras como abacaxi, banana da terra, inhame e maracujá.
O quilombo liderado por Mãe Bernadete foi certificado em 2004, mas ainda não teve o processo de titulação aprovado.
Redação iBahia
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