Em vigor há quatro meses, a lei que reserva cota de 20% para negros nos concursos públicos para o serviço público federal deve incentivar empresas privadas a adotar ações afirmativas nos processos de contratação de pessoal. A avaliação é da advogada e professora da Universidade de Brasília (UnB), Ana Flauzina, que participou nesta sexta-feira (7), em Brasília, da 5ª edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, promovido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres. Com as cotas para ingresso no serviço público federal, ressaltou Flauzina, o movimento negro fecha um tripé na luta contra o racismo enraizado na cultura brasileira. “Já temos a dimensão da educação, da segurança pública, que começa ainda incipiente e, agora, o mercado de trabalho. É um passo fundamental a gente chegar com as cotas no serviço público que sinaliza para o mercado privado essa necessidade e, a partir dai, a gente começa a ter uma transformação social mais profunda em relação ao racismo no Brasil”, disse à Agência Brasil. Para além da cota para o ingresso no serviço público, acrescentou Ana Flauzina, as ações afirmativas têm que oferecer chances iguais de ascensão a cotistas e não cotistas. “Não apenas entrar, mas ter espaço dentro das empresas, ter espaço efetivo para que as pessoas possam dar a sua contribuição. Porque há uma armadilha colocada ai que a gente pode deixar as pessoas simplesmente lá, sem dar espaço necessário para que elas possam crescer e desenvolver todo o seu potencial”, disse. Para a subprocuradora-geral da República, em Brasília, Ela Wiecko, as cotas não podem servir apenas para “colorir” o serviço público, mas para mudar a visão da sociedade. “Nossa preocupação é mudar de tal forma a estrutura brasileira que você, ao olhar para o outro, não precise distinguir se é negro ou branco. Que a diversidade de cor não faça com que as pessoas se distingam. Que todas as pessoas sejam incluídas sem a questão da raça”.
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