icone de busca
iBahia Portal de notícias
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
BRASIL

Entenda como funcionava o esquema denunciado pela Lava Jato

Dos 27 mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal do Paraná, foram cumpridos 18 até a noite de sexta

foto autor

15/11/2014 às 14:54 • Atualizada em 01/09/2022 às 18:55 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News
Em uma ação sem paralelo na história do combate à corrupção no país, a Polícia Federal prendeu, nesta sexta-feira (14), presidentes, altos executivos e lobistas de nove dos maiores grupos empresariais brasileiros, além do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Todos são investigados por suspeita de envolvimento no esquema de fraudes, desvios de verbas públicas, suborno e lavagem de dinheiro desbaratado pela Operação Lava Jato e alimentado, sobretudo, por meio de contratos superfaturados com a estatal. Dos 27 mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal do Paraná na sétima fase da Lava Jato, batizada de Juízo Final, foram cumpridos 18 até a noite de sexta, sendo quatro de forma preventiva e 14, temporária. A lista dos alvos da PF inclui os presidentes de cinco companhias: OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, UTC e Iesa, todas grandes financiadores de campanhas . Entre os que já foram presos e levados para Curitiba em avião da PF, há dois baianos. Um deles é Léo Pinheiro, presidente da OAS, detido no Hotel Pestana, em Salvador. O outro é o executivo Ricardo Pessoa, que comanda a UTC. Ele recebeu a ordem de prisão em São Paulo. Os presidentes da Queiroz Galvão, Idelfonso Colares Filho, e da Galvão Engenharia, Erton Medeiros, também estão presos. Já o presidente da Camargo Correa, Dalton dos Santos Avancini, não havia sido preso até o fechamento desta edição, assim como empresário Valdir Lima Carreiro, que comanda a Iesa. Na relação dos seis mandados de prisão preventiva, 21 temporária, nove de condução coercitiva e 49 de busca e apreensão, constam ainda executivos da Mendes Júnior, Engevix e Odebrecht. Investigado por realizar trabalhos ilícitos para o doleiro Alberto Youssef, mentor do esquema, o agente da PF Jayme Alves de Oliveira Filho foi preso no Rio de Janeiro. Outro integrante da equipe de Youssef é o irmão do ex-ministro das Cidades Mario Negromonte, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Suspeito de formação de quadrilha e corrupção, Adarico Negromonte Filho foi procurado em seu apartamento em São Paulo, mas não foi localizado. O que levou a PF a acionar a Interpol, já que há suspeitas de que ele esteja no exterior. Apontado como lobista do PMDB junto às empreiteiras investigadas, Fernando Soares, o Fernando Baiano, também não havia sido localizado em sua casa no Rio. Ele é acusado de distribuir US$ 8 milhões em propinas à diretoria Internacional da Petrobras. Em depoimento do seu acordo de delação premiada, Julio Camargo, executivo do grupo Toyo, descreveu “em detalhes a forma de pagamento utilizada por Fernando Soares para recebimento de oito milhões de dólares em propina”, informou a Justiça em despacho. Ao longo do dia, agentes da PF vasculharam residências de executivos e sedes de empresas situadas em edifícios luxuosos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em Recife, detiveram o empresário Rogério Cunha de Oliveira, ligado à Engevix. Levado para prestar depoimento, ele foi localizado no aeroporto da capital pernambucana quando tentava embarcar para São Paulo. Vigilância Pesou na decisão judicial de mandar prender os principais executivos de grandes empresas do país o fato de muitos deles realizarem frequentes viagens ao exterior. Entre os alvos citados está o próprio Fernando Baiano, que estava fora do país, retornou no dia 24 de outubro e viajou outra vez no dia 27. O despacho judicial destaca noticiário recente indicando que “parte dos investigados teria se refugiado no exterior, temerosa de prisões cautelares” devido à operação. “Embora esse tipo de notícia deva ser visto com reservas, o fato é que a autoridade (da PF) aponta, mediante consulta aos registros de controle de fronteiras da Polícia Federal, que vários dos investigados têm feito frequentes viagens para fora do país desde agosto deste ano e que alguns, inclusive, não teriam voltado”, alertou a Justiça Federal. Os investigadores da Lava Jato anotaram que no fluxo migratório dos alvos “há diversos deles que têm empreendido viagens constantes ao exterior, como, por exemplo, Léo Pinheiro, da OAS Engenharia, que tem passado longos períodos no exterior”. “Da mesma forma, os executivos da Camargo Corrêa (João Ricardo Auler), Agenor Franklin Magalhães Medeiros e Pedro Morollo Junior (OAS Engenharia), bem como Sérgio Cunha Mendes, da Mendes Junior, que se encontra fora do país desde 14 de outubro”, apontou a decisão judicial. Para a Justiça, “é curioso ainda o fato de que muitos dos investigados estiveram fora do país no mês de agosto, em períodos coincidentes”. Provas A base da ofensiva contra a cúpula dos gigantes empresariais veio através de movimentações financeiras. A Justiça Federal do Paraná identificou pagamentos de R$ 90 milhões das empreiteiras investigadas às empresas controladas por Alberto Youssef. O doleiro seria o responsável por repassar os recursos desviados da Petrobras a partidos políticos e empresários. Os pagamentos eram justificados como remuneração por serviços de consultoria. Mas, de acordo com as investigações, as empresas controladas por Youssef não exerciam atividade e funcionavam apenas como fachada para a lavagem do dinheiro. Entre as movimentações suspeitas aparecem depósitos de US$ 4,8 milhões feitos pela OAS entre maio e agosto de 2013. Os recursos foram parar em uma conta do PBK Bank, na Suíça, em nome da empresa off-shore Santa Thereza, controlada por Youssef. Além do depósito, foram localizadas transferências de R$ 5,5 milhões feitas pela Mendes Junior. Também há depósitos da Investminas (R$ 4,3 milhões), da construtora OAS (R$ 1,6 milhão) e da Engevix (R$ 3,2 milhões), entre outros. De acordo com o relatório, que embasou as prisões, as investigações indicaram que “as maiores empreiteiras do país formariam uma espécie de cartel, definindo previamente as vencedoras das licitações da Petrobras, o que lhes permitia cobrar o preço máximo da empresa estatal, e que pagavam um percentual, de 3% ou 2%, sobre o valor dos contratos a agentes públicos”. As empresas envolvidas têm contratos de cerca de R$ 59 bilhões com a Petrobras. A Justiça Federal do Paraná também decretou o bloqueio de R$ 720 milhões que pertencem a 36 executivos. Ao todo, 300 policiais participaram da ação, que aconteceu em São Paulo, Paraná, Rio, Pernambuco, Bahia, Minas e Distrito Federal. Na coletiva da operação, realizada em Curitiba, o procurador da República Carlos Fernando afirmou que “hoje (ontem) é dia republicano, porque mostra que os alvos da Lava Jato não têm rosto e que, independente do posto que ocupam, havendo provas, estão sendo responsabilizados”. Empresas garantem colaborar; defesa critica prisões Todas as nove empresas alvo da Operação Lava Jato informaram, ontem, que estão colaborando com as investigações sobre desvios em contratos com a Petrobras. Advogados de duas delas, no entanto, questionaram as motivações das prisões. Em comunicado, a Odebrecht afirmou que a equipe de policiais obteve “todo auxílio” para acessar qualquer documento ou informação buscada ontem. “A Odebrecht reafirma que está inteiramente à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos sempre que necessário”, ressaltou a empreiteira. A OAS informou, por meio de nota, que foram prestados todos os esclarecimentos solicitados e dado acesso a informações e documentos requeridos na blitz. A Construtora Camargo Corrêa ressaltou, também em nota, que repudia as ações coercitivas, justificando que a empresa e seus executivos “desde o início se colocaram à disposição das autoridades e vêm colaborando com os esclarecimento dos fatos”. Na mesma linha, a Mendes Júnior explicou, por escrito, que está colaborando com as investigações da PF e “contribuindo para o acesso às informações solicitadas”. Em nota, a Queiroz Galvão informou que suas atividades e seus contratos seguem rigorosamente a legislação em vigor e que a empresa está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos. A Galvão Engenharia mencionou, em nota à imprensa, que tem colaborado com as investigações e está sempre à disposição das autoridades. Na mesma linha, a UTC disse que colabora desde o início das investigações e continuará à disposição das autoridades. O criminalista Fábio Semantob Tofic, que representa a Engevix, adotou um tom mais crítico sobre as prisões e chamou de “presunções absurdas e genéricas” os motivos da ordem de prisão dos executivos. “Coloca-se todos os investigados na mesma vala comum, sem especificar a situação de cada qual”, afirmou. Para Tofic, se as empresas quisessem obstruir as investigações, elas já teriam feito isso nos últimos seis ou sete meses. Também crítico das motivações das prisões, o criminalista Mário de Oliveira Filho, que defende a Iesa, declarou que há meses a empresa entregou cópias de contratos firmados com a Costa Global, controlada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, acusado de participar do esquema de propinas.Matéria original: Correio 24h Entenda como funcionava o esquema denunciado pela Operação Lava Jato

Leia também:

Foto do autor
AUTOR

AUTOR

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Brasil