Durante os protestos realizados no domingo (15), Dilma reuniu um grupo de ministros para acompanhar a situação no Palácio da Alvorada, em Brasília. No final da tarde, os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto fizeram pronunciamento oficial sobre as manifestações e classificaram os atos como "democráticos" e "longe de golpismos". Durante o pronunciamento, os chefes de pasta revelaram que Dilma irá anunciar, nos próximos dias, um conjunto de ações contra a corrupção. "É por isso que o governo, que tem uma clara postura de combate à corrupção, irá anunciar algo que já era uma promessa eleitoral da presidente Dilma Rousseff, que é um conjunto de medidas de combate à corrupção e à impunidade", informou Cardozo. Ainda de acordo com Cardozo, essas medidas ainda não tinham sido enviadas ao Congresso porque necessitavam de ampla análise técnica e jurídica, inclusive porque algumas delas não podem ser de iniciativa do Poder Executivo. No entanto, o ministro da Justiça disse que a formulação delas já está em ponto avançado e, por isso, será possível divulgá-las em breve. Tanto ele como Rossetto avaliaram, em nome do governo, as manifestações como “democráticas” e “longe de golpismos”. Durante o pronunciamento dos ministros, mais uma vez, foram registrados os chamados panelaços em diversas cidades do país. Em Brasília, a presidente montou um "gabinete de crise"para acompanhar as manifestações, do qual participaram os ministros Cardozo e Rossetto, horas antes. Do encontro no Palácio da Alvorada também participaram os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, das Relações Institucionais, Pepe Vargas, e da Defesa, ex-governador da Bahia Jaques Wagner. Um dos pontos discutidos no encontro, e que será colocado no pacote anti-corrupção a ser proposto pela presidente, será o fim do financiamento privado de campanhas eleitorais. A proposta não tem consenso no Congresso e deve enfrentar resistências, como por exemplo, do PMDB. Já o PT é o partido que defende com mais ênfase a medida. Os ministros afirmaram na coletiva que o governo está aberto ao diálogo e quer negociar com os partidos da base aliada, mas também com a oposição e a sociedade, as próximas ações para a reforma política.2 milhões nas ruasAs manifestações contra a corrupção e contra o governo da presidenta Dilma Rousseff ocorreram em todas as regiões do país e reuniram milhares de pessoas. Não houve registro de confrontos e os protestos foram pacíficos. Em Goiânia, 60 mil pessoas caminharam entre a Praça Tamandaré e o Parque do Areião, num percurso de cerca de 4 quilômetros. Segundo a Polícia Militar de Goiás, não foram registradas ocorrências de violência e os manifestantes se dispersaram por volta das 16h. Em Campinas (SP), 5 mil pessoas se reuniram pela manhã e mais de 10 mil na parte da tarde para os protestos. Os manifestantes também já se dispersaram sem que episódios de violência ou enfrentamento fossem registrados pela polícia. Na capital paulista, a Polícia Militar informa que pelo menos 1 milhão de pessoas se reuniram na Avenida Paulista. Segundo o Datafolha – instituto de pesquisa e opinião do Grupo Folha –, a manifestação reuniu 210 mil pessoas. Na Região Norte manifestantes também foram para as ruasEm Manaus, 22 mil pessoas se juntaram aos protestos, de acordo com a PM estadual. A passeata começou na Praça do Congresso e seguiu pelas principais avenidas do centro da capital amazonense. Em Belém, os manifestantes caminharam pelo centro da cidade até o Theatro da Paz, um dos símbolos da capital paraense, também vestidos de verde e amarelo e levando faixas com críticas ao governo Dilma e pedidos de impeachment da presidenta. Em Porto Alegre, houve dois pontos principais de concentração de manifestantes, o Parcão, no bairro Moinhos de Vento, e o Parque da Redenção. De acordo com a Brigada Militar do Rio Grande do Sul, até as 17h, cerca de 100 mil pessoas haviam participado dos protestos na capital gaúcha. A polícia não registrou incidentes. Ainda na Região Sul, 80 mil pessoas se reuniram na Praça Santa Andrade, em Curitiba, e seguiram para o Centro Cívico, onde o protesto deve se encerrar. Assim como nas outras cidades, a manifestação não tem registro de violência. No Nordeste, protestos no Recife, em Salvador, em Aracaju e em outras capitais Em Fortaleza, a manifestação se concentrou na Praça Portugal, na Aldeota, bairro nobre da capital. A PM contabilizou 15 mil pessoas no protesto. Já a organização do ato estimou em 20 mil pessoas. Assim como em outros locais do país, a maioria dos participantes vestia roupas com as cores da bandeira brasileira e levantavam faixas com frases de rejeição ao PT e à presidenta Dilma. O ato seguiu pela Avenida Beira Mar, na Praia de Iracema, e terminou no Jardim Japonês, na Avenida Beira-Mar, onde os participantes cantaram o Hino Nacional e trechos da música Pra dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré, considerada símbolo da resistência contra a ditadura militar. No Rio de Janeiro, a primeira grande manifestação do dia ocorreu na orla da Praia de Copacabana. A polícia não informou os números oficiais, mas, segundo estimativa de organizadores, 15 mil pessoas participaram do ato. As duas pistas da Avenida Atlântica chegaram a ser fechadas no meio da manhã e a passeata recebeu apoio de moradores dos prédios da orla. À tarde, o local escolhido para a concentração do protesto foi a Igreja da Candelária, no centro do Rio. Duas pistas centrais da Avenida Presidente Vargas e a confluência com a Avenida Rio Branco foram fechadas. Acompanhados por carros de som, os manifestantes criticavam o governo e a corrupção. Também havia grupos que defendem a volta dos militares ao poder e marchavam cantando hinos do Exército Brasileiro. Em parte do país, as manifestações ocorreram pela manhã, como em Brasília, onde o protesto juntou 45 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, segundo estimativa oficial. Com faixas pedindo desde o fim da corrupção ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff, os manifestantes caminharam pela avenida e se posicionaram em frente ao Congresso Nacional. Uma enorme bandeira do Brasil foi estendida e os manifestantes cantaram o Hino Nacional. Algumas pessoas chegaram a entrar no espelho d'água do prédio. Em Belo Horizonte cerca de 24 mil pessoas se reuniram na Praça da Liberdade. A manifestação seguiu até por volta das 13h, quando os manifestantes se dispersaram sem ocorrências que merecessem registro da Polícia Militar.
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